EUA: Filhos de imigrantes ilegais temem políticas de Trump
Marcus Pindur | tm
25 de novembro de 2016
São jovens africanos e latinos. Cresceram nos EUA, mas não têm estatuto legal no país. Com Donald Trump no poder, o futuro deles é incerto.
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A vida de Marybeth Onyeukwus poderá começar a desmoronar-se em breve. Marybeth poderá ser deportada se o Presidente eleito dos Estados Unidos da América, Donald Trump, revogar a DACA (Ação Diferida para as Chegadas durante a Infância, numa tradução livre).
A diretiva do Executivo de Barack Obama deu aos filhos de imigrantes, como ela, o direito a residirem no país. Mas, com a vitória de Donald Trump, eles temem agora ser expulsos.
"Ninguém sabe dizer o que acontecerá comigo se a minha autorização de trabalho expirar", diz Marybeth, que vive há 28 anos em Washington D.C. O pai da jovem de 30 anos, nascida na Nigéria, entrou nos EUA com um visto de estudante. Quando o visto expirou, a família permaneceu no país ilegalmente. A jovem cresceu entre norte-americanos e não conhece o país onde nasceu.
"Não tenho lembranças, nem qualquer ligação ao meu país de origem. Mas tenho de me preparar, pois posso ser deportada."
Filhos de imigrantes ilegais nos EUA
Nos EUA, há cerca de 700.000 pessoas a viver numa situação semelhante à de Marybeth. Chegaram com os pais quando ainda eram crianças, mas não têm estatuto legal, embora se sintam norte-americanos e tenham crescido no país.
A Ação Diferida para as Chegadas durante a Infância, DACA, introduzida pela administração Obama, prevê que os filhos menores levados ilegalmente para os EUA possam permanecer no país e trabalhar. Para isso, devem registar-se junto das autoridades competentes.
Para Claudia Qiunonez, a diretiva foi uma bênção. A jovem de 21 anos foi levada aos 11 para os EUA pela mãe boliviana. "Só com a DACA consegui ter carta de condução e estudar - falta apenas um ano para me formar em Ciências Políticas", confessa Claudia.
Mesmo que os pais tenham imigrado ilegalmente, no âmbito do programa DACA, os jovens têm de se mostrar honestos e autorizar o acesso aos seus dados privados pelas autoridades de imigração.
"Eles sabem onde eu moro, onde trabalho, os meus dados bancários e até quem são os meus amigos. Eles têm todas essas informações", diz Marybeth.
Com a vitória de Donald Trump nas presidenciais norte-americanas, a 8 de novembro, Claudia e Marybeth temem que o novo chefe de Estado avance com a política de deportação que prometeu durante a campanha.
Numa entrevista ao canal norte-americano CBS, após as eleições, Trump anunciou que irá deportar imigrantes ilegais "com antecedentes criminais, gangsters, traficantes de drogas - entre dois a três milhões de pessoas". De facto, há cerca de dois milhões de imigrantes nos EUA sem documentação e com passado criminal - a maioria condenada por pequenos delitos, não violentos, como furto ou condução de veículos sem habilitação. Estes imigrantes arriscam-se a ser deportados. Mas isso também já era verdade durante a administração de Obama.
Para casos como os de Marybeth e Claudia, no entanto, o Presidente eleito Donald Trump não tem resposta. Elas cresceram nos EUA e sentem-se norte-americanas.
"Foi difícil viver ilegalmente, sempre me senti norte-americana", diz Claudia Qiunonez. "Fui uma adolescente norte-americana, embora nunca tenha sido uma cidadã [de pleno direito]. Sou alguém que nunca teve número de segurança social."
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Apoio aos imigrantes
Atualmente, cerca de 150 cidades e comunas nos EUA recusam-se a entregar imigrantes sem documentação às autoridades de imigração. Incluindo Austin, no estado do Texas, onde, recentemente, numa manifestação de solidariedade aos imigrantes até mesmo o edil, Steve Adler, esteve presente. "Todos em Austin se devem sentir seguros e bem-vindos", afirmou.
Mas iniciativas como esta podem ter os dias contados. A administração de Donald Trump tenciona parar de subsidiar cidades que acolham imigrantes ilegais.
Michelle Brane, ativista pelos direitos dos refugiados, teme que, com o novo Governo, a situação piore: "Deixaremos de ser ouvidos, pois o debate passará a centrar-se na deportação e detenção destas pessoas", diz Brane.
No programa de Trump, ainda não consta o que acontecerá realmente aos filhos de imigrantes que vivem nos Estados Unidos da América desde a infância - por enquanto, eles terão de viver numa situação de incerteza no país que consideram ser a sua casa.
Donald Trump: Populista, empreendedor, Presidente
Donald Trump é empreendedor imobiliário e estrela de televisão. Muitos não o levavam a sério. Mas ele venceu as eleições e, a partir de 20 de janeiro de 2017, será o 45º Presidente dos Estados Unidos da América (EUA).
Foto: picture-alliance/dpa/K. Lemm
A família, o seu império
Trump com a sua família: a esposa, Melania (de branco), as filhas Ivanka e Tiffany, os filhos Eric e Donald Junior, e os netos Kai e Donald Junior 3º. Os filhos são "vice-presidentes seniores" do conglomerado Trump.
Foto: picture-alliance/dpa
Frederick Junior, o pai
Donald Trump herdou o dinheiro para os seus investimentos do pai, Frederick, que lhe deu um capital inicial de um milhão de dólares. Após a sua morte, em 1999, Donald e os seus três irmãos herdaram uma fortuna de 400 milhões de dólares.
Foto: imago/ZUMA Press
Capitão Trump
Quando tinha 13 anos, o seu pai enviou Trump para um internato militar em Cornwall-on-Hudson, onde deveria aprender a ser disciplinado. No último ano, ele obteve inclusive uma patente militar. Ele diz que, ali, recebeu mais treinamento militar do que nas Forças Armadas americanas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/
"Very good, very smart"
"Muito bom, muito inteligente", é o que Trump diz de si mesmo. E acrescenta que cursou a escola de elite Wharton (foto), da Universidade de Pensilvânia, na Filadélfia, onde se formou em 1968. É uma das oito universidades integrantes da Ivy League, as universidades mais prestigiadas dos EUA. Mesmo assim, sabe-se pouco sobre o percurso de Trump na faculdade.
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Dispensado da Guerra do Vietname
Devido a um problema no calcanhar, Trump foi dispensado e não lutou na Guerra do Vietname. Na guerra, morreram cerca de 58 mil soldados dos Estados Unidos e aproximadamente três a quatro milhões de vietnamitas dos dois lados, além de outros dois milhões de cambojanos e laocianos.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Ivana, a primeira esposa
Em 1977, Trump casou-se com a modelo tcheca Ivana Zelníčková, com quem teve três filhos. O relacionamento foi acompanhado de rumores sobre relacionamentos extraconjugais. Foi Ivana quem apelidou Trump de "The Donald".
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Anos 80: Abertura do Harrah's at Trump Plaza
Esta foto, tirada em 1984, marca a abertura do Harrah's at Trump Plaza, um complexo envolvendo hotel, restaurante e casino em Atlantic City (Nova Jérsia). Este foi um dos primeiros investimentos que tornaram Trump bilionário.
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Família número 2
Em 1990, Trump divorciou-se de Ivana e casou-se com Marla, 17 anos mais jovem que ele. A filha do casal se chama Tiffany.
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As meninas de Trump
Em público, Trump não aparece só ao lado de sua esposa. Ele costuma acompanhar concursos de beleza ao lado de jovens modelos. De 1996 a 2015, ele foi o responsável pelo concurso de Miss Universo ("Miss Universe") nos EUA.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Lemm
Livro muito lido e vendido
Como fazer milhões de forma rápida? O best-seller de Trump "A arte da negociação" é um exemplo. O livro é em parte autobiográfico, em parte um livro de dicas para empresários ambiciosos. A publicação não foi somente uma das mais vendidas nos EUA, como também colocou Trump no centro das atenções no país.
Foto: Getty Images/AFP/M. Schwalm
O nome é a marca
Trump investe de forma agressiva, mas também sofre fracassos. Numa perspectiva de longo prazo, no entanto, obtém sucesso, como por exemplo com a Trump Tower em Nova York. Ele calcula a sua fortuna hoje em 10 bilhões de dólares. Especialistas, entretanto, consideram um terço desse valor mais realista. Portanto, cerca de 3 bilhões de dólares.
Foto: Getty Images/D. Angerer
"The Donald" no ringue
Como poucos, Trump consegue chamar a atenção dos mídia. Seu campo de ação inclui até um ringue de luta livre. No seu programa de TV "O Aprendiz" ("The Apprentice"), os candidatos eram contratados ou demitidos. A primeira edição foi ao ar durante o ano de 2004 na cadeia televisiva NBC. A frase favorita de Trump no programa era "Você está demitido!"
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Ascenção rápida de Trump na política
Em 16 de junho de 2015, Trump anunciou a candidatura para a corrida presidencial pelo Partido Republicano. O seu slogan foi: "Faça a América grande outra vez" ("Make America great again"). A campanha foi feita ao lado da família e com slogans contra imigrantes, muçulmanos, mulheres e adversários políticos. Investiu muito nos mídia sociais como o Twitter onde tem 13,8 milhões de seguidores.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Lane
45º presidente dos Estados Unidos da América
A partir do dia 20 de janeiro de 2017, o populista e showman será o novo Presidente dos Estados Unidos. No início da campanha, poucos pensavam que poderia vencer as eleições do dia 8 de novembro de 2016 contra a candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton. Mas a história de Donald J. Trump também mostra que este homem tem a capacidade de se transformar como um camaleão.