EUA: Crianças separadas dos pais na fronteira com o México
rl | Lusa | AP | Reuters
20 de junho de 2018
No Dia Mundial dos Refugiados, lembramos as crianças que estão a ser separadas dos pais na fronteira dos Estados Unidos da América com o México, em consequência das políticas anti-imigração do Governo de Donald Trump.
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O Governo dos Estados Unidos da América (EUA) levou avante o seu plano de "tolerância zero" para com os imigrantes, anunciado o mês passado pelo procurador-geral norte-americano, e começou a separar crianças dos pais na fronteira com o México.
Esta política, integrada na visão da administração de Donald Trump sobre a imigração, acabou por ganhar repercussão internacional, depois de, no início desta semana, a organização não-governamental ProPublica ter divulgado na internet um vídeo em que se ouvem várias crianças – que são, alegadamente, filhos de imigrantes, que tentavam entrar nos EUA - a chorar e a chamar pelos pais.
Segundo os serviços alfandegários dos EUA, foram já separadas dos pais cerca de 2000 crianças, nas últimas seis semanas.
Esta terça-feira (19.06), a secretária da Segurança Interna norte-americana, Kirstjen Nielsen, afirmou que ainda não tinha ouvido a gravação em questão, mas negou que exista no país aquilo a que chamou uma "política de separação de famílias". Para Kirstjen Nielsen, em causa está uma política que tem como objetivo "proteger o povo americano". "Separaremos aqueles que alegam serem pais e filhos se não pudermos determinar uma relação familiar ou de custódia", explica esta responsável. Ou seja, existirá separação "se não houver documentação para confirmar a relação de pai e filho", diz.
Kirstjen Nielsen explica ainda que em causa estão "pais criminosos", uma vez que "entrar ilegalmente [no país] é um crime determinado pelo Congresso". Para a secretária da Segurança Interna norte-americana, o que o seu Governo está a fazer é proteger estas crianças. "Muitas vezes estes pais entram ilegalmente no nosso país, colocando os seus filhos em risco", acrescenta.
No centro do debate têm estado também as condições em que se encontram estas crianças. Têm surgido nos "media" internacionais relatos de que os menores se encontram em armazéns convertidos em centros de detenção temporários e, em alguns casos, confinads a espaços que são descritos como gaiolas. Uma realidade negada por Kirstjen Nielsen que afirma que "os funcionários estão devidamente preparados para cuidar de crianças" e que estas estão a ser "bem cuidadas".
Americanos "horrorizados"
EUA: Crianças separadas dos pais na fronteira com o México
Nos últimos dias têm sido realizadas nos EUA manifestações que reprimem a separação de pais e filhos. "Deixem as crianças ficar com as famílias", gritam os manifestantes.
A oposição de Donald Trump também não tem sido branda. Os democratas descrevem esta política como "desumana" e acusam a administração do presidente norte-americano de estar a usar estas crianças como "peões" para alcançar "fins políticos". O senador do estado do Texas, Ted Cruz, por exemplo, já anunciou esta segunda-feira (18.06) estar a preparar legislação destinada a manter as famílias de imigrantes juntas. "Todos os americanos estão, com razão, horrorizados com as imagens que estamos a ver nas notícias (...) crianças em lágrimas a serem afastadas dos pais e das mães", disse o republicano ultraconservador. "Isto tem de parar", concluiu.
Também a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu o "fim imediato" desta ação, alegando que a "separação dos pais pode fazer com que estas crianças fiquem traumatizadas".
Esta terça-feira (19.06) foi a vez do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) se insurgir contra a situação. O porta-voz Christophe Boulierac deixou claro que "não importa de onde venham ou qual a condição migratória destas crianças. São as crianças primeiro que tudo. Não têm opção se não fugir das suas casas, têm o direito de ser protegidas e de estar com as suas famílias, assim como todas as crianças".
A primeira-dama dos EUA, Melania Trump, e também a ex-primeira dama, Laura Bush, são vozes que também já se fizeram ouvir. A esposa de George W. Bush considera que esta é uma "política imoral". Já Melania Trump afirma que "um país deve seguir a lei mas não deve esquecer-se de governar com o coração".
"Criminalidade aumentou devido à imigração", diz Trump
Esta terça-feira (19.06), o Presidente norte-americano, Donald Trump, voltou a afirmar que a criminalidade na Alemanha aumentou devido à imigração e que as estatísticas oficiais não o mostram porque os dirigentes não o querem admitir.
Na sua página do Twitter, o Presidente norte-americano escreveu: "A criminalidade na Alemanha aumentou mais de 10% (os responsáveis não querem anunciar estes números) desde que os migrantes foram aceites". O tweet sobre a Alemanha foi seguido de uma série de outros sobre o tema: "Se não há fronteiras, não há país", disse.
Donald Trump: Populista, empreendedor, Presidente
Donald Trump é empreendedor imobiliário e estrela de televisão. Muitos não o levavam a sério. Mas ele venceu as eleições e, a partir de 20 de janeiro de 2017, será o 45º Presidente dos Estados Unidos da América (EUA).
Foto: picture-alliance/dpa/K. Lemm
A família, o seu império
Trump com a sua família: a esposa, Melania (de branco), as filhas Ivanka e Tiffany, os filhos Eric e Donald Junior, e os netos Kai e Donald Junior 3º. Os filhos são "vice-presidentes seniores" do conglomerado Trump.
Foto: picture-alliance/dpa
Frederick Junior, o pai
Donald Trump herdou o dinheiro para os seus investimentos do pai, Frederick, que lhe deu um capital inicial de um milhão de dólares. Após a sua morte, em 1999, Donald e os seus três irmãos herdaram uma fortuna de 400 milhões de dólares.
Foto: imago/ZUMA Press
Capitão Trump
Quando tinha 13 anos, o seu pai enviou Trump para um internato militar em Cornwall-on-Hudson, onde deveria aprender a ser disciplinado. No último ano, ele obteve inclusive uma patente militar. Ele diz que, ali, recebeu mais treinamento militar do que nas Forças Armadas americanas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/
"Very good, very smart"
"Muito bom, muito inteligente", é o que Trump diz de si mesmo. E acrescenta que cursou a escola de elite Wharton (foto), da Universidade de Pensilvânia, na Filadélfia, onde se formou em 1968. É uma das oito universidades integrantes da Ivy League, as universidades mais prestigiadas dos EUA. Mesmo assim, sabe-se pouco sobre o percurso de Trump na faculdade.
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Dispensado da Guerra do Vietname
Devido a um problema no calcanhar, Trump foi dispensado e não lutou na Guerra do Vietname. Na guerra, morreram cerca de 58 mil soldados dos Estados Unidos e aproximadamente três a quatro milhões de vietnamitas dos dois lados, além de outros dois milhões de cambojanos e laocianos.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Ivana, a primeira esposa
Em 1977, Trump casou-se com a modelo tcheca Ivana Zelníčková, com quem teve três filhos. O relacionamento foi acompanhado de rumores sobre relacionamentos extraconjugais. Foi Ivana quem apelidou Trump de "The Donald".
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Anos 80: Abertura do Harrah's at Trump Plaza
Esta foto, tirada em 1984, marca a abertura do Harrah's at Trump Plaza, um complexo envolvendo hotel, restaurante e casino em Atlantic City (Nova Jérsia). Este foi um dos primeiros investimentos que tornaram Trump bilionário.
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Família número 2
Em 1990, Trump divorciou-se de Ivana e casou-se com Marla, 17 anos mais jovem que ele. A filha do casal se chama Tiffany.
Foto: picture alliance/AP Photo/J. Minchillo
As meninas de Trump
Em público, Trump não aparece só ao lado de sua esposa. Ele costuma acompanhar concursos de beleza ao lado de jovens modelos. De 1996 a 2015, ele foi o responsável pelo concurso de Miss Universo ("Miss Universe") nos EUA.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Lemm
Livro muito lido e vendido
Como fazer milhões de forma rápida? O best-seller de Trump "A arte da negociação" é um exemplo. O livro é em parte autobiográfico, em parte um livro de dicas para empresários ambiciosos. A publicação não foi somente uma das mais vendidas nos EUA, como também colocou Trump no centro das atenções no país.
Foto: Getty Images/AFP/M. Schwalm
O nome é a marca
Trump investe de forma agressiva, mas também sofre fracassos. Numa perspectiva de longo prazo, no entanto, obtém sucesso, como por exemplo com a Trump Tower em Nova York. Ele calcula a sua fortuna hoje em 10 bilhões de dólares. Especialistas, entretanto, consideram um terço desse valor mais realista. Portanto, cerca de 3 bilhões de dólares.
Foto: Getty Images/D. Angerer
"The Donald" no ringue
Como poucos, Trump consegue chamar a atenção dos mídia. Seu campo de ação inclui até um ringue de luta livre. No seu programa de TV "O Aprendiz" ("The Apprentice"), os candidatos eram contratados ou demitidos. A primeira edição foi ao ar durante o ano de 2004 na cadeia televisiva NBC. A frase favorita de Trump no programa era "Você está demitido!"
Foto: Getty Images/B. Pugliano
Ascenção rápida de Trump na política
Em 16 de junho de 2015, Trump anunciou a candidatura para a corrida presidencial pelo Partido Republicano. O seu slogan foi: "Faça a América grande outra vez" ("Make America great again"). A campanha foi feita ao lado da família e com slogans contra imigrantes, muçulmanos, mulheres e adversários políticos. Investiu muito nos mídia sociais como o Twitter onde tem 13,8 milhões de seguidores.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Lane
45º presidente dos Estados Unidos da América
A partir do dia 20 de janeiro de 2017, o populista e showman será o novo Presidente dos Estados Unidos. No início da campanha, poucos pensavam que poderia vencer as eleições do dia 8 de novembro de 2016 contra a candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton. Mas a história de Donald J. Trump também mostra que este homem tem a capacidade de se transformar como um camaleão.