Apoio dos EUA na responsabilização de casos de corrupção
Lusa | ni
17 de fevereiro de 2020
A garantia foi dada pelo secretário de Estado norte-americano que está de visita a Luanda. Mike Pompeo proniticou-se ainda a apoiar a promoção de transações "limpas e transparentes" em Angola.
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Questionado sobre os pedidos de colaboração que Angola tem endereçado a vários países para conseguir repatriar capitais e responsabilizar os envolvidos em escândalos de corrupção, Mike Pompeo respondeu que os Estados Unidos da América (EUA) apoiam estes esforços em todo o mudo e querem que as transações financeiras "sejam limpas e transparentes".
"Quando descobrimos que este não é o caso, os Estados Unidos irão usar todos os seus recursos para corrigir o que está errado. Iremos certamente fazer o mesmo para ajudar Angola", afirmou o secretário de Estado norte-americano, numa conferência de imprensa no Ministério das Relações Exteriores (MIREX), em Luanda, após um encontro com o seu homólogo angolano, Manuel Augusto.
Presença de Pompeo em Luanda entendida como sinal de apoio ao Executivo
Augusto, por dua vez, mostrou-se satisfeito com o apoio da administração Trump ao programa de Governo de João Lourenço. "Ter aqui hoje o secretário de Estado Mike Pompeo é acalentador para o Executivo angolano porque queremos acreditar que a sua presença é também um sinal do apoio da administração do presidente Donald Trump ao programa do Governo do Presidente Joao Lourenço e, sobretudo, às reformas que este tem vindo a levar a cabo", declarou o chefe da diplomacia angolana.
Estas reformas, detalhou, "visam dar a Angola a possibilidade de reassumir o seu papel no Conselho das Nações Unidas e por essa via também atrair a necessária parceira e os investimentos de que precisa para que economia angolana ganhe novo fôlego e possam sejam criadas condições para melhoria da vida das populações".
O ministro assinalou ainda que a visita de Pompeo a Angola já é um sinal do alto nível de relações entre os dois países, destacando a "intensidade das discussões e importância do seu conteúdo". Augusto sublinhou ainda que EUA e Angola são parceiros estratégicos e têm tentado nos últimos tempos "dar corpo a este estatuto especial, com o diálogo a intensificar-se "ao mais alto nível".
No campo dos negócios, acrescentou, os operadores dos dois países têm também tentado "materializar esta relação e traduzir em projetos o potencial de cooperação económica, técnica e científica entre os dois países".
Luanda convida Donald Trump
Mike Pompeo, que chegou no domingo (16.02) à noite a Angola para uma curta visita, encontrou-se esta manhã no Palácio Presidencial da Cidade Alta com o Presidente da República, João Lourenço.
Sobre uma eventual visita do Presidente norte-americano a Angola, Pompeo afirmou ter recebido um convite por parte do chefe de Estado angolano que irá entregar a Donald Trump, mas disse não estar em condições de responder se o encontro se poderá concretizar este ano, um "ano eleitoral" em que o Presidente dos EUA estará "muito ocupado".
A visita de Mike Pompeo a Angola acontece um mês depois de o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação ter revelado 715 mil ficheiros, sob o nome de "Luanda Leaks", que detalham esquemas financeiros da empresária Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, e do marido desta, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.
Eleições em Angola: Do combate à corrupção ao "Dubai africano"
A DW África analisou os principais factos que marcaram a campanha eleitoral angolana e as promessas mais faladas de cada partido concorrente às eleições gerais de 23 de agosto. Um resumo fotográfico.
Foto: privat
Pouco espaço para a oposição
Na pré-campanha, a oposição afirmou que nas ruas de Luanda só se viam cartazes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Segundo a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), as agências publicitárias recusavam-se a divulgar materiais da oposição, sob risco de perderem as licenças e os espaços publicitários atribuídos pelo Governo Provincial de Luanda.
Foto: DW/N. Sul de Angola
Propostas na rádio e televisão
Após a pré-campanha, a Comissão Nacional Eleitoral estabeleceu o período de 23 de julho a 21 de agosto para a campanha eleitoral. Além dos atos de massa, os partidos puderam apresentar as suas propostas nos meios de comunicação social do país. A oposição voltou a dizer que não teve o mesmo espaço que o partido no poder.
Foto: DW/B.Ndomba
Combate à corrupção
Combater a corrupção foi uma das metas apresentadas pelo MPLA. O partido no poder, que tem João Lourenço (foto) como cabeça-de-lista, reconheceu durante a campanha que o país "não pode mais sofrer com a corrupção". A ausência do candidato à vice-presidência, Bornito de Sousa, e do Presidente cessante José Eduardo dos Santos, que supostamente estavam doentes, também marcou a campanha eleitoral.
Foto: DW/ A. Cascais
"Interesse nacional"
Entre as propostas da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) está a gratuidade da educação até o ensino secundário. O maior partido da oposição também prometeu um Governo em que o "interesse nacional" esteja acima de "interesses partidários, setoriais ou pessoais". O partido liderado por Isaías Samakuva encerrou sua campanha eleitoral no Cazenga (foto), em Luanda.
Foto: DW/A. Cascais
Mudança depois de 42 anos
A CASA-CE, segundo maior partido da oposição, reuniu ao longo da campanha milhares de apoiantes em diferentes atos de massa nas províncias (foto em Benguela, a 29 de julho). No ato de encerramento, em Luanda, o candidato Abel Chivukuvuku pediu confiança dos angolanos para pôr fim aos "42 anos de sofrimento e má governação".
Foto: DW/N. S. D´Angola
Estados federados
A campanha do Partido de Renovação Social (PRS) foi marcada pela proposta de implantar um sistema federalista no país. O cabeça-de-lista Benedito Daniel (ao centro da foto) defendeu que só através dessa reforma as províncias angolanas – convertidas em estados – teriam autonomia para governar.
Foto: DW/M. Luamba
Angolano no "centro da governação"
A campanha da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) deu especial atenção à pobreza, saúde, educação e emprego. Liderado por Lucas Ngonda, o partido diz que é a "única formação partidária que tem o angolano como centro da sua governação". A abertura da campanha eleitoral aconteceu no Bié (foto), berço do antigo braço armado do partido, a União Para a Libertação de Angola (UPA).
Foto: DW/J. Adalberto
"Dubai africano"
A Aliança Patriótica Nacional (APN) é o partido com o candidato à Presidência mais jovem. Durante a sua campanha eleitoral, o ex-deputado Quintino Moreira (à esquerda na foto) prometeu criar um milhão de empregos – o dobro do que o MPLA prometeu nestas eleições. Além disso, disse que transformaria a província do Namibe num "Dubai africano".