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EUA: "Quando a África triunfa, o mundo inteiro triunfa"

sq | com agências
15 de dezembro de 2022

Na cimeira EUA-África, a decorrer em Washington, Biden apela a "parceria" com África, chave para o "sucesso" do mundo e defende uma parceria sem obrigações políticas.

USA US-Afrika-Gipfel der Staats- und Regierungschefs
Foto: Evelyn Hockstein/Pool via AP/picture alliance

O Presidente norte-americano, Joe Biden, apelou ontem (14.02), ao estabelecimento de uma grande "parceria" com África, chave para o "sucesso" do mundo, diante de dezenas de líderes africanos reunidos na cimeira EUA-África, em Washington.

 "Quando a África triunfa, os Estados Unidos triunfam. O mundo inteiro triunfa", afirmou o Presidente norte-americano num discurso onde delineou uma série de investimentos dos Estados Unidos no continente africano.

No seu discurso, Biden falou sobre como os EUA ajudariam na modernização da tecnologia em todo o continente, fornecendo energia limpa, promovendo a igualdade das mulheres através de oportunidades de negócios, levando água potável às comunidades e financiando cuidados de saúde. 

O  continente permanece crucial para as potências globais devido ao seu rápido crescimento populacional, recursos naturais significativos e um bloco de votação considerável nos Estados Unidos Nações.

Foto: Evelyn Hockstein/AP/picture alliance

Mais investimentos 

 A administração Biden pretende alocar 55 mil milhões de dólares (51,4 mil milhões de euros) em África dentro de três anos em áreas tão diversas como o digital, infraestruturas, saúde ou a luta contra as alterações climáticas.

"Não podemos resolver os desafios diante de nós sem a liderança de África. Não estou a tentar ser gentil. Isso é um facto", frisou Biden.

Biden anunciou ainda mais 15 mil milhões de dólares (14 mil milhões de euros) em compromissos e parcerias privadas de comércio e investimento.

O gabinete da primeira-dama, Jill Biden, também destinou 300 milhões de dólares (280,5 milhões de euros) para a prevenção, triagem, tratamento e investigação do cancro em África.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, prometeu investimentos para melhorar a infraestrutura comercial dos países africanos e reduzir a sua dependência económica do exterior do continente. 

 "Como temos visto há anos, os países africanos têm mais comércio com países de fora de África do que com países de África. Isso não é normal", disse o chefe da diplomacia norte-americana durante a Cimeira de líderes africanos que decorre em Washington. 

A secretária de Energia dos EUA, Jennifer Granholm, e a subsecretária de Estado para Controlo de Armas e embaixadora de Segurança Internacional, Bonnie D. Jenkins, anunciaram durante a Cimeira o apoio adicional dos EUA à iniciativa "Raios de Esperança" da Agência Internacional de Energia Atómica.

"Um financiamento de até quatro milhões de dólares (3,75 milhões de euros) apoiará a iniciativa Raios de Esperança da Agência, destinada a expandir o acesso a tratamentos de radioterapia contra o cancro que salvam vidas em África", anunciou o executivo norte-americano. 

Reduzir a dependência

Foto: picture-alliance/dpa/F. Ahouadi

Blinken participou na apresentação de um investimento de 504 milhões de dólares (471,8 milhões de euros) do Governo dos Estados Unidos da América (EUA) para melhorar a conectividade entre o porto de Cotonou, no Benin, com o Níger, país vizinho. 

O secretário de Estado garantiu que este tipo de investimento vai ajudar a aumentar o comércio entre os países africanos e a reduzir a sua dependência face ao exterior, algo que apontou como um "pilar central" da política do executivo de Joe Biden para o continente africano. 

"Benin e Níger são duas das economias de mais rápido crescimento na África subsaariana. O seu relacionamento ajudará a impulsionar o crescimento económico, fortalecer o comércio e a infraestrutura de transporte e conectar as suas nações, suas indústrias e seus povos", disse Blinken. 

No evento, o Presidente do Benin, Patrice Talon, agradeceu o gesto do Governo norte-americano, mas pediu que ajude a impulsionar o investimento de empresas privadas nos países africanos. 

Parcerias sem obrigações políticas

 "Esta parceria não pretende criar obrigações políticas, criar dependência, mas sim estimular sucessos partilhados e criar oportunidades", afirmou ainda num breve discurso de cerca de quinze minutos.

Biden prometeu apoio dos EUA para incluir a União Africana no G20 e a nomeação de um representante para implementar os compromissos da cimeira.

"Há muito mais que podemos fazer juntos e que faremos juntos", disse.

A Casa Branca disse que “é responsabilidade da comunidade internacional apoiar o desenvolvimento de África” e defende que, "África não pode ser uma arena para confronto entre as grandes potências ou um alvo de pressão arbitrária por parte de certos países ou indivíduos''.

A corrida contra a China

Foto: picture alliance / Newscom

Os Estados Unidos ficaram bem atrás da China em investimentos na África subsaariana, que se tornou um campo de batalha importante numa competição cada vez mais tensa entre as grandes potências. 

A Casa Branca insiste que a Cimeira desta semana é mais uma sessão para ouvir os líderes africanos do que um esforço para combater a influência de Pequim, mas o princípio central da política externa do Presidente paira sobre o evento: os Estados Unidos estão numa batalha para provar que as democracias podem superar as autocracias.

Biden não fez qualquer menção à China nos seus discursos. A Casa Branca rejeita a ideia propagada de que a cimeira era, em parte, sobre contrariar a influência da China em África.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, disse que a administração não quer “colocar uma arma" na cabeça de África e obriga-la a escolher entre os Estados Unidos e a China.

Por outro lado, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, disse que os Estados Unidos deveriam "respeitar a vontade do povo africano e tomar medidas concretas para ajudar o desenvolvimento de África, em vez de se manchar incessantemente e atacando outros países".

O Presidente ruandês Paul Kagame também deixou clara a sua a posição. "Penso que não precisamos ser intimidados a fazer escolhas entre os EUA e a China", disse. 

Presidente angolano quer estreitar laços com os EUA

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