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SociedadePortugal

Portugal vigilante face ao surto do Mpox

João Carlos
22 de agosto de 2024

Depois de detetado um caso de variante contagiosa na Suécia, Portugal redobrou vigilância no controlo ao surto do vírus do Mpox, pela sua ligação à África. Investigador diz à DW que não há razões para drama.

Portugal Mpox - IHMT
Instituto de Higiene e Medicina Tropical segue com atenção o surto do vírus de Mpox em África.Foto: IHMT

Na Europa, à exceção da Suécia, não há motivos para alarme, apesar da  Organização Mundial da Saúde (OMS) ter considerado que o surto do Mpox representa "uma emergência de saúde pública de interesse internacional". Na semana passada, depois de a Suécia ter registado o primeiro caso de uma variante mais contagiosa e perigosa da doença com origem em África, a OMS alertou para a possibilidade de serem detetados na Europa outros casos importados de Mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos.

Desde maio de 2022 que Portugal, pela sua relação com África, tem lidado com a doença, aplicando medidas de precaução, controlo e prevenção. Numa nota endereçada à DW, a Direção-Geral da Saúde (DGS) informa que até 31 de julho passado foram confirmados 1.197 casos, referindo, para a tranquilidade dos portugueses, que não foi identificado nenhum caso pela clade I, considerada a variante mais perigosa para a vida humana.

De maio a julho deste ano foram registados apenas três casos de Mpox. Tais números de pessoas com infeção de Mpox têm diminuído ao longo dos dois anos, segundo dá conta o médico infecciologista Kamal Mansinho.

"Estamos numa situação com um nível de preocupação diferente daquele em que já existam referências em termos de vírus Mpox do clade 1, que é aquela que começa a falar-se com maior frequência”, afirma o médico. Kamal Mansinho reconhece que "a situação é muito preocupante efetivamente em alguns países da África Ocidental e da África Central, mas disse que nos países europeus, à exceção da Suécia, não tem havido notificações de casos confirmados de Mpox do clade 1.

Hamal Mansinho: “Nos países europeus, à excecao da Suécia, não temos notificações de casos confirmados de Mpox do clade 1.”Foto: IHMT

Drama em África

O professor auxiliar convidado do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) assegurou não haver motivos para drama e apela, no entanto, à vigilância continuada. Motivo para drama é a situação nos países da África Central e da África Ocidental, adiantou, por se estar a registar um crescimento da infeção por vírus Mpox bem como a sua propagação para países vizinhos para além da República Democrática do Congo.

Na nota enviada à DW, a Direção-Geral da Saúde (DGS) portuguesa alerta para a importância da deteção precoce de casos, do diagnóstico e dos mecanismos e prevenção e controlo, visando a redução de cadeias de transmissão. A instituição recomenda a vacinação preventiva da população com maior risco de infeção e reforça a necessidade de vacinação pós-exposição de todos os contactos de casos suspeitos ou confirmados.

Mas Hamal Mansinho está preocupado com a situação em África, tendo em conta que a produção e a distribuição da vacina disponível para combater o Mpox nos países africanos é limitada. "Mais uma vez, os dispositivos de prevenção que são verdadeiramente eficazes, como é o caso da vacina, não estão a chegar em tempo útil para as comunidades que mais precisam”, lamenta.

A vacinação está a ser cumprida de acordo com as recomendações da OMS.Foto: IHMT

Formar profissionais

O também diretor de Serviço de Doenças Infecciosas da Unidade Local de Saúde de Lisboa Ocidental no Hospital Egas Moniz diz que, no caso de Portugal, a vacinação "está a ser cumprida, de acordo com os critérios estabelecidos pela DGS", e que estão em consonância com as recomendações da OMS. O médico é de opinião que "é preciso definir muito bem quem são os grupos em maior risco e com maiores necessidades para acautelar que, pelo menos, esses sejam protegidos."

O investigador adianta que, entre outras ações, o Instituto de Higiene e Medicina Tropical tem contribuído na formação dos profissionais de saúde, quer portugueses quer dos países africanos de expressão portuguesa. Refere que, consoante as solicitações, o IHMT tem procurado, em colaboração com outras entidades, partilhar a discussão e o aconselhamento técnico sobre o vírus. 

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