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Exército líbio estaria a usar bombas de fragmentação

18 de abril de 2011

Apesar dos ataques aéreos da Nato, as forças fiéis a Mouammar Kadhafi continuam a bombardear as cidades ocupadas pelos rebeldes, como Misrata e Brega, provocando muitas baixas entre os civis

Esta foto, tirada no dia 15 de Abril e distribuída pela Human Rights Watch, mostra uma bomba de fragmentação que é probibida pelas convenções internacionaisFoto: AP/Human Rights Watch

Na Líbia, as tropas de Mouammar Kadhafi continuaram a bombardear com mísseis nos últimos dias a cidade de Misrata, ocupada pelos rebeldes, apesar da Nato afirmar que prosseguem os seus ataques aéreos contra as posições das tropas fiéis ao regime. Segundo uma fonte médica, a guerra já fez cerca de mil vítimas, só naquela cidade.

No porto de Misrata foram mortas neste domingo pelo menos 16 pessoas, alegadamente vítimas das bombas de fragmentação usadas pelas tropas fiéis a Mouammar Kadhafi. Mas Tripoli nega o recurso a tais armas que são proibidas pelas convenções internacionais.

Outra bomba de fragmentação que, segundo a Human Rights Watch, foi encontrada na cidade de MisrataFoto: AP/Human Rights Watch

A imprensa estrangeira denuncia as bombas de fragmentação

Mas há provas. Um repórter do New York Times fotografou nas zonas de combate, 200 Km a leste da capital Tripoli, restos destas munições a que também se chama “Mini-killers”. Na manhã de domingo, um médico contou ao repórter da estação de televisão árabe Al-Jazira que vira pessoas com ferimentos provocados por aquelas armas:

“Sim, os meus colegas e eu, vimos os ferimentos provocados por essas bombas de fragmentação. Um operador de câmara da televisão francesa também foi ferido por uma delas. As vítimas eram na sua maioria crianças que têm ferimentos no peito, na barriga e nos olhos”.

Human Rights Watch confirma as suspeitas

Emma Daly, porta-voz para a imprensa da organização humanitária Human Rights Watch, confirma esse testemunho:

“Falámos com diversas testemunhas oculares que confirmaram o emprego de bombas de fragmentação. Encontrámos destroços e fragmentos dessas bombas e dos pequenos explosivos que são usados nelas”.

As bombas de fragmentação são proibidas pelas convenções internacionais. Elas atingem muitas vítimas e numa grande área, uma vez que contêm pequenos explosivos que matam e ferem ao acaso.

O porta-voz do governo líbio Mussa Ibrahim, negou naturalmente que as forças fiéis a Kadhafi as tenham utilizado: “O emprego de tais bombas pode ser provado, mesmo passados alguns dias ou semanas. Ora nós sabemos que a comunidade internacional está atualmente presente no nosso país com muitas pessoas. E já por isso, não empregaríamos tais bombas”.

Os combates continuam

Um mês depois do Conselho de Segurança das Nações Unidas ter autorizado a intervenção militar, os combates continuam. Neste domingo os rebeldes tentaram conquistar a cidade petrolífera de Brega, importante do ponto de vista estratégico. Segundo diversos repórteres, os rebeldes começaram a usar coletes de proteção contra as munições de fragmentação. Mas Tripoli desmente. Novamente Mussa Ibrahim:

“Sentimo-nos ofendidos por essas organizações que não aceitaram os nossos convites para virem para Tripoli e estabelecerem aqui os seus escritórios, ou para irem a Misrata e fazerem reportagens da frente – em vez de telefonarem aos rebeldes e acreditarem em tudo o que eles lhes contam. Sentimo-nos ofendidos por esta desinformação”.

Uma esquadrilhe da RAF, Força Aérea Britânica, integrada nas forças da Nato, regressando à sua base em Chipre depois dum raid na LíbiaFoto: dapd

Autor: Carlos Martins

Revisão: António Rocha

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