Ex-deputado da RENAMO detido no centro de Moçambique
Lusa
19 de janeiro de 2020
Sandura Ambrósio foi detido pela polícia por indícios de envolvimento no apoio a guerrilheiros dissidentes do partido, acusados pelas autoridades de ataques armados.
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Um ex-deputado da Resistência Nacional Moçambicano (RENAMO), principal partido da oposição, foi detido pela polícia por indícios de envolvimento no apoio a guerrilheiros dissidentes do partido, acusados pelas autoridades de ataques armados.
"O cidadão Sandura Ambrósio está detido por mandado judicial, é indiciado num crime de conspiração", afirmou o chefe do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) da província de Sofala, Centro de Moçambique, Mário Tamele.
Sandura Ambrósio foi preso com base em dados recolhidos no âmbito da investigação que o SERNIC está a levar a cabo aos ataques armados que afetam alguns troços de estradas do centro de Moçambique.
"É um crime de conspiração que inclui atos preparatórios e recrutamento", declarou Mário Tamele, escusando-se depois de entrar em pormenores sobre o caso.
Da RENAMO para o MDM
Sandura Ambrósio foi deputado da RENAMO no mandato que terminou na segunda-feira, mas abandonou o partido em 2019 para se filiar ao Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido com representação parlamentar.
Concorreu a mais um mandato nas eleições legislativas de 15 de outubro do ano passado pelo MDM no círculo eleitoral de Sofala, mas não conseguiu a reeleição.
No dia 8 deste mês, a Procuradoria-Geral da República interrogou a chefe da bancada da RENAMO, Ivone Soares, o porta-voz do partido, José Manteigas, e o deputado António Muchanga no âmbito dos ataques no centro do país.
Os três e o antigo secretário-geral da RENAMO António Bissopo foram apontados por um alegado grupo de seis homens detidos pela polícia como estando envolvidos no apoio à Junta Militar da RENAMO - algo que desmentiram.
Em causa estão os ataques que se têm registado nas estradas nacionais 01 e 06, nas províncias de Manica e Sofala, incursões que já provocaram 21 mortos e têm sido atribuídos à autoproclamada Junta Militar da RENAMO, um grupo de guerrilheiros dissidentes do partido que exige a renegociação do acordo de paz assinado a 6 de agosto e a demissão do atual líder Ossufo Momade.
Em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, formalizaram na quinta-feira (01.08) o fim das hostilidades militares no país. O acordo, já considerado histórico, é o terceiro em 25 anos.
Foto: DW/A. Sebastião
Acordo histórico
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, erguem o acordo de paz e fim das hostilidades, que foi assinado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país. O local é conhecido como bastião da RENAMO. O acordo tem como objetivo acabar com os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
Foto: DW/A. Sebastião
Anos de hostilidade
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível", declarou Filipe Nyusi, referindo-se ao acordo assinado com a RENAMO. É o terceiro documento após anos de hostilidades. O primeiro foi assinado em 1992, em Itália - o chamado Acordo Geral de Paz de Roma.
Foto: DW/A. Sebastião
Virar a página
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças", afirmou o líder da RENAMO, Ossufo Momade, ressaltando que "a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos".
Foto: DW/A. Sebastião
Silenciar das armas
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
Foto: DW/A. Sebastião
Abraço da paz
Na cerimónia de assinatura do acordo, o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi mostrou-se otimista em relação aos próximos anos, dizendo que "a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor".
Foto: DW/A. Sebastião
"Paz vai ser testada nas eleições"
Este novo acordo é um passo muito importante para Moçambique e também para todos os partidos. Daviz Simango, líder do MDM, esteve na cerimónia e alertou: "Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha. Portanto, se o STAE nos proporcionar o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares".
Foto: DW/A. Sebastião
Unidos pelo acordo
Horas depois da assinatura do acordo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na Beira que o Governo e a RENAMO vão unir-se para debelar qualquer tentativa de prejudicar o acordo de cessação definitiva de hostilidades militares.