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Ex-guerrilheiros da RENAMO assumem cargos na polícia

5 de julho de 2020

Dez ex-guerrilheiros da RENAMO integram as fileiras da Polícia da República de Moçambique (PRM), no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), a decorrer no país.

Mosambik ehemalige RENAMO-Guerillas
Foto: DW/D. Anacleto

Na cerimónia de integração dos novos membros nas fileiras da PRM, que teve lugar em Pemba, a capital da província nortenha de Cabo Delgado, o comandante-geral da PRM, Bernardino Rafael, considerou de "marco histórico" o patenteamento dos novos colegas resultantes dos Acordos de Cessação das Hostilidades e acordo geral de Maputo celebrados entre o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, em agosto de 2019.

"A partir de agora devem obedecer apenas à lei e às regras fundamentais que regulam a atuação da Polícia da República de Moçambique. Não têm outro comando senão a lei da polícia", disse Bernardino Rafael.

Antes da incorporação, os oficiais oriundos da guerrilha da perdiz beneficiaram de formação básica e estágio pré-profissional com vista a muni-los de ferramentas necessárias para atender aos desafios dentro da força republicana.   

Bernardino Rafael é comandante-geral da PRMFoto: DW/D. Anacleto

Novas funções

"Qualquer comando fora deste [Lei da Polícia] significa violação flagrante dos instrumentos legais da Polícia da República de Moçambique. Portanto, cumpram com zelo e responsabilidade e não se deixam influenciar com mais nada porque somos uma família", advertiu o comandante-geral da polícia em Pemba.

Augusta Marimba é ex-combatente da RENAMO foi patenteada para assumir as funções de reguladora do trânsito na cidade de Maputo. "Estou muito satisfeita. Sempre sonhei ser polícia e hoje já realizei o meu sonho. É um grande desafio que vou enfrentar na nova função que fui atribuída, para garantir a regulação de via pública."

Alguns destes ex-guerrilheiros da RENAMO indicados agora para a Polícia assumem cargos de direção e chefia, o que exige destes responsabilidades acrescidas para levar a bom porto as missões confiadas na Polícia da República de Moçambique.

Lindos José foi empossado chefe das Operações da Quinta esquadra da PRM na cidade da Beira. E promete, em colaboração com outros colegas, trabalhar na redução do índice de criminalidade que marca a capital provincial de Sofala.

"Conheço o sofrimento do povo, por isso, vou lutar para acabar com os malfeitores, ladrões e combater a violência doméstica".

O processo avança

Foram também indicados quadros que vão assumir cargos de chefe de Disciplina da Polícia da Fronteira, Comandante de esquadra, Polícia de Proteção de Recursos Naturais e Meio Ambiente.

Augusta Marimba deixou as matas para afirmar-se com polícia na capital de MoçambiqueFoto: DW/D. Anacleto

O processo de desmilitarização, desarmamento e reintegração, que envolve cerca de 5.000 membros do braço armado do maior partido da oposição, arrancou no dia 04 de junho. Desde então já foram abrangidos 38 ex-guerrilheiros em Savane, 251 ex-guerrilheiros em Chibabava e outros 303 em Dondo, na província de Sofala, centro do país. 

Na última sexta-feira (03.07) seguiu em Chibabava Sofala, o alistamento de cerca de 251 guerrilheiros da RENAMO, no mesmo grupo contam mais de dez que a meses apoiavam a autoproclamada junta militar da RENAMO, que é apontada pelas autoridades como autora dos ataques que continuam a acontecer nas províncias de Sofala e Manica.

A autoproclamada Junta Militar é liderada por Mariano Nhongo, ex-dirigente da guerrilha, e é acusada de protagonizar ataques visando forças de segurança e civis em aldeias e nalguns troços de estrada da região centro, tendo causado, pelo menos, 24 mortos. 
 Entre várias revindicações, Nhongo exige a demissão do atual presidente da Renamo, Ossufo Momade, acusando-o de ter desviado as negociações de paz dos ideais do seu antecessor, Afonso Dhlakama, líder histórico do partido que morreu em maio de 2018.   

Moçambique: Desmobilizados da RENAMO vivem com medo

02:52

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