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Ex-guerrilheiros: "Não aceitaríamos Venâncio Mondlane"

Bernardo Jequete (Manica)
19 de abril de 2024

Ex-guerrilheiros em Manica saúdam a possível exclusão de Venâncio Mondlane da corrida à liderança da RENAMO, sublinhando a necessidade de manter as raízes históricas do partido, apesar das vozes a favor de mudanças.

Ex-guerrilheiros da RENAMO
Foto: Marcelino Mueia/DW

Foi com satisfação que vários ex-guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) na província de Manica ouviram a notícia de que Venâncio Mondlane ficará impedido de concorrer à presidência do partido, com base no perfil dos candidatos aprovado pelo Conselho Nacional, no domingo (14.04).

O major-general David Coroa diz que a RENAMO não é uma plataforma para a projeção de pessoas. É um partido histórico do país, constituído em grande parte por ex-guerrilheiros, que não deve ser dirigido por "sangue novo", nem por um civil, argumenta David Coroa.

"Nós os combatentes conhecemos quem é Venâncio Mondlane e sabíamos que não devia concorrer. Nós não íamos aceitar", diz.

O perfil aprovado pelo Conselho Nacional da RENAMO estabelece que os candidatos à presidência do partido devem ter, no mínimo, 35 anos de idade e 15 anos de militância ininterrupta. O deputado Venâncio Mondlane, que nas últimas eleições autárquicas foi o cabeça de lista da RENAMO por Maputo, só entrou no partido em 2018.

Maputo: Venâncio Mondlane denuncia "tentativas" de fraude

01:54

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Os ex-guerrilheiros em Manica ouvidos pela DW dizem que também não gostariam de ver Elias Dhlakama na liderança do partido, por ser familiar do líder histórico da RENAMO, Afonso Dhlakama

"O saudoso dono disse que esse partido não é dos régulos, é do povo moçambicano. Por isso, Elias [Dhlakama] não tem espaço para concorrer", afirma.

Unificar a RENAMO

Esta semana, Elias Dhlakama disse à DW que defende "sangue novo" e uma "maior abertura" da RENAMO às dinâmicas sociais.

Simon Muterwa, membro sénior do partido e fundador da antiga autodenominada "Junta de Salvação" da RENAMO, lembra que não é tarefa dos ex-guerrilheiros definir o perfil dos candidatos: "Quem decide é o Conselho Nacional, com base nos requisitos. Essa posição ajudou a dividir o partido."

As divisões internas preocupam Simon Muterwa, que diz que o candidato que for eleito no congresso do partido, em maio, terá a grande tarefa de unificar a família RENAMO antes das eleições gerais de 9 de outubro, "a partir dos homens que trabalharam na clandestinidade, que hoje em dia estão aflitos, dos guerrilheiros e de todos os membros".

"Essa é única forma de unificar a RENAMO", considera.

Simon Muterwa, membro sénior da RENAMOFoto: Bernardo Jequete/DW

O membro sénior da RENAMO reconhece o potencial de Venâncio Mondlane, mas critica o político por ter ido para as ruas e para os tribunais contestar a direção do partido sem antes tentar resolver o diferendo internamente.

"Eu acho que o Venâncio correu muito. O Venâncio, se é que ele quer dirigir a RENAMO, para ganhar nas eleições, devia ter trabalhado primeiro com a massa política da RENAMO, que é o Conselho Nacional da RENAMO", comenta Simon Muterwa.

Ex-guerrilheiros "têm uma palavra a dizer"

O analista político Abílio Manjate considera, apesar de tudo, que a RENAMO deve regenerar-se: "A RENAMO está num processo de mudanças. Ela está sendo desafiada a adaptar-se às dinâmicas e aos problemas que existem atualmente, que são consequência da transformação do próprio país, do tipo de grupos de indivíduos que apoiam a própria RENAMO."

Mas "é certo que nós não podemos negar que a RENAMO é um partido gerado de um movimento de guerrilha e que os guerrilheiros têm alguma palavra a dizer", considera Abílio Manjate.

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