Ex-jogador Weah lidera resultados parciais na Libéria
13 de outubro de 2017George Weah, de 51 anos, considerado o melhor jogador do mundo em 1995, está à frente dos 20 candidatos em 11 dos 15 municípios do país, incluindo Montserrado, o mais povoado e do qual o ex-jogador é senador desde 2009, onde conseguiu até agora 50,4% dos votos, de acordo com os dados preliminares divulgados pela Comissão Nacional de Eleições, que representam cerca de um terço dos votos contados.
O atual vice-presidente, Joseph Boakai, principal rival e favorito nas eleições segundo a maioria das sondagens, só vence provisoriamente num município,tal como o ex-guerrilheiro Prince Johnson. O terceiro candidato, Charles Brumskine, antigo sócio do ex-Presidente Charles Taylor, está, para já, vantagem em dois municípios.
Entretanto, a comissão eleitoral da Libéria advertiu que os primeiros resultados das presidenciais, divulgados esta quinta-feira (12.10), representam apenas uma pequena amostra do eleitorado nos 15 municípios do país.
As declarações do órgão eleitoral vêm na sequência de rumores de que Weah, candidato do partido Congresso pela Mudança Democrática, seria o vencedor da votação realizada há três dias e após denúncias de supostas irregularidades no processo.
"A comissão solicita a todas as organizações que se abstenham de anunciar qualquer outra coisa além dos resultados oficiais divulgados. Os candidatos e os partidos políticos também devem ser pacientes e aguardar os resultados oficiais, sem apresentar conclusões prematuras", declarou o presidente da comissão eleitoral, Jerome Korkoya.
Clima de tensão
A demora na divulgação dos resultados provisórios da votação de terça-feira (10.10) criou um clima de tensão na Libéria, com o candidato Charles Brumskine a denunciar irregularidades no processo eleitoral. O Partido da Liberdade de Brumskine já pediu uma suspensão do anúncio dos resultados parciais.
Apesar dos atrasos nos resultados, a missão de observação da União Europeia (UE) avaliou positivamente a forma geral como decorreu a votação. Segundo a chefe da missão da UE, Maria Arena, as primeiras eleições pós-conflito inteiramente geridas pelos liberianos são o ponto culminante do processo de transição para o país.
"As eleições são regidas pelo quadro jurídico, em conformidade com os padrões internacionais com um panorama pluralista político e mediático, forte compromisso da sociedade civil e da população", afirmou Maria Arena.
A ONG norte-americana Carter Center também acompanhou a votaçã e notou dificuldades no gerenciamento de listas de eleitores e longas filas, mas disse que não poderia dar uma avaliação final até a contagem de votos estar completa. A organização também comentou as denúncias de fraude eleitoral levantadas depois da votação.
O presidente da ONG, James Carter, disse que havendo queixas ou problemas, há um processo legal que deve ser seguido. "O Centro Carter estará aqui para observar esses processos2, assegurou.
Weah e Boakai na segunda volta?
Nas ruas da capital Monróvia, alguns eleitores acreditam numa segunda volta entre o partido de George Weah, o Congresso pela Mudança Democrática, e o do vice-presidente Joseph Boakai, Partido da União.
"Tudo pode acontecer. Não posso dizer que um partido ganhou e o outro perdeu porque apenas começaram a divulgar os resultados", afirmou o eleitor Sirius Brundo.
Joseph David Jr. também acredita que os liberianos deverão voltar às urnas. "Algumas pessoas dizem que um partido está a ganhar, enquanto outras dizem que é o outro. Creio que haverá uma segunda volta", arriscou.
Os resultados definitivos só serão divulgados no dia 25 de outubro e os especialistas afirmam que, apesar da grande vantagem provisória do ex-jogador George Weah, o mais provável é que haja um segundo turno entre Weah e o vice-Presidente Joseph Boakai.
Estas eleições também servirão para escolher os integrantes do Parlamento e marcam o final da etapa presidencial de Ellen Johnson Sirleaf, Prémio Nobel da Paz e primeira mulher atornar-se chefe de Estado em África. Johnson venceu as eleições de 2005 e foi reeleita seis anos depois. Além disso, esta será a primeira transferência de poderes entre dois presidentes eleitos democraticamente em 73 anos.