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PolíticaÁfrica do Sul

Jacob Zuma recebe perdão especial e fica em liberdade

Lusa
11 de agosto de 2023

O Governo sul-africano anunciou que Ex-Presidente Zuma recebeu um "perdão especial" do Presidente Cyril Ramaphosa e não regressará à prisão. Oposição diz que medida é "um insulto monumental para todos os sul-africanos".

Südafrika | Jacob Zuma im Gericht der Stadt Pietermaritzburg
Foto: Kim Ludbrook/AFP/Getty Images

O ex-Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, recebeu um "perdão especial" presidencial e não será reencarcerado para cumprir uma pena de prisão de 15 meses.

O anúncio foi feito, esta sexta-feira (11.08), em conferência de imprensa, em Pretória, a capital do país, pelo ministro da Justiça e serviços Correcionais, Ronald Lamola, e pelo comissário nacional de Serviços Correcionais, Makgothi Thobakgale.

O governante sul-africano indicou que o Presidente da República, Cyril Ramaphosa, aprovou um "perdão especial" a infratores "não violentos" para "resolver a superlotação nas prisões" no país.

De acordo com o Departamento de Serviços Correcionais, o ex-Presidente Jacob Zuma compareceu, esta sexta-feira, no estabelecimento prisional - de onde saiu em liberdade condicional médica em setembro de 2021 - para que fosse dado seguimento ao processo.

Presidente Cyril Ramaphosa aprovou um "perdão especial" a infratores "não violentos", no qual se inclui o ex-Presidente Jacob ZumaFoto: Emmanuel Durand/AP Photo/picture alliance

Zuma esteve continuamente sob a supervisão dos serviços correcionais cumprindo a sua sentença em comunidade.  Makgothi Thobakgale afirmou que, desde 08 de julho de 2021, Zuma não era um homem livre e acrescentou que o antigo chefe de Estado não cumprirá o restante da pena de prisão de 15 meses devido ao processo de perdão anunciado.

Oposição critica

"É um insulto monumental para todos os sul-africanos", salientou o Aliança Democrática, o maior partido da oposição no parlamento do país, em comunicado.

Para este partido da oposição sul-africana, o "perdão especial" concedido pelo Presidente destaca a "falta de responsabilidade" no seio da liderança política do ANC, no poder.

"O que ocorreu esta manhã foi uma ultrajante libertação antecipada de Jacob Zuma pelo Presidente Cyril Ramaphosa sob o falso pretexto de 'perdões especiais'", referiu.

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"Este esquema elaborado, concebido para deixar um único homem fora da prisão, significa que mais de 9.400 criminosos condenados serão libertados da prisão, simplesmente para evitar o reencarceramento do senhor Zuma", sublinhou o Aliança Democrática.

Um "insulto"

A oposição na África do Sul considerou que "é ainda mais insultante que Zuma nem seja mantido em liberdade condicional, o que evidencia ainda mais a completa falta de responsabilidade que agora existe entre os políticos seniores do ANC".

"Com efeito, o ministro [Ronald Lamola] admitiu muito publicamente que os dois ministérios que tutela -- Justiça e Serviços Correcionais -- já não funcionam e requerem malandragem escandalosa para dar aparência de legitimidade", salientou a oposição sul-africana.

No mês passado, o Tribunal Constitucional da África do Sul, a mais alta instância da justiça do país, indeferiu um pedido de recurso do Governo sul-africano contra o reencarceramento de Zuma, ordenado pelo Supremo Tribunal de Recurso sobre a liberdade condicional médica concedida a Zuma. Um dia depois, o ex-Presidente viajou para a Rússia por "motivos de saúde", segundo o seu porta-voz.

Jacob Zuma, 81 anos, estava em liberdade condicional médica desde 06 de agosto de 2021 fora da prisão, onde cumpria uma pena de 15 meses por se recusar a comparecer perante uma comissão de inquérito sobre corrupção pública no período em que foi Presidente, entre 2009 e 2018.

Em julho de 2021, a África do Sul viveu uma onda de violência durante mais de uma semana no seguimento da detenção do ex-presidente Jacob Zuma, que causou mais de 300 mortos e originou mais de 2.500 detenções, segundo a Presidência sul-africana.

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