Simões Pereira poderá ser novo chefe da diplomacia
21 de setembro de 2015Em Bissau, aguarda-se pela formação do novo Governo que será liderado por Carlos Correia. De acordo com várias fontes do Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) ouvidas pela DW África, Carlos Correia sugere que o primeiro-ministro demitido a 12 de agosto, Domingos Simões Pereira, ocupe a pasta do ministério dos Negócios Estrangeiros. Por várias vezes, o também líder do PAIGC tem-se manifestado disponível para integrar o novo elenco governamental desde que o chefe do Governo assim o entender.
O sociólogo guineense Miguel de Barros não vê obstáculos que possam impedir o regresso de Domingos Simões Pereira ao Governo, à frente da diplomacia guineense.
"Essa é uma decisão que cabe, em primeiro lugar, a essas figuras e, em segundo lugar, ao chefe do Governo. Acho que não devemos entrar num periodo de exclusão de partes, porque isso acaba por fazer com que os níveis de tensão, de desconfiança e até de uma certa barricagem política compliquem a situação", afirma o analista. "Neste momento, não é aconselhável transportarmos aquilo que são as lutas partidárias para as estruturas do Estado", avisa.Entretanto, fontes do PAIGC avançam ainda os nomes de Geraldo Martins para o ministério da Economia e Finanças e Cadi Seide de novo para a Defesa. Estes nomes fazem parte da lista a ser enviada ao Presidente da República, José Mário Vaz.
Novas caras no Governo de Carlos Correia
As novidades no Executivo guineense serão Vicente Fernandes, líder do Partido da Convergência Democrática (PCD) - que deverá sair da secretaria do Estado de Turismo para uma pasta ministerial -, bem como Idrissa Djaló, presidente do Partido de Unidade Nacional e uma das vozes críticas à atuação do Presidente da República durante esta crise.
Convidado a prever o futuro imediato do país, Miguel de Barros, sociólogo guineense, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), sobre Estudos Sociais, em Bissau, e investigador do CODESRIA - o Conselho para o desenvolvimento da pesquisa em Ciências Sociais, sedeado em Dacar - traça o perfil de quem deve ser membro deste novo Governo, destacando que "a dimensão tecnocrática é fundamental".
"Quadros nacionais com experiência no país ou no exterior, competências comprovadas que possam ser capazes de uma ação executora do Governo numa lógica que permite garanrtir a confiança da própria população, no sentido de saber que existem capacidades a trabalhar no Governo", explica.Para o sociólogo guineense, a população da Guiné-Bissau deve ser capaz de exigir ao novo Governo que inclua figuras que estejam acima de qualquer suspeita "quer sob o ponto de vista da sua conduta moral ou da sua passagem por outros Governos, nomeadamente no que diz respeito às questões ligadas à transparência da gestão da coisa pública".
Ação governativa
Segundo Miguel de Barros, os ministros e os titulares dos órgãos públicos num contexto de fragilidade do Estado "têm de ser autênticos embaixadores nos seus pelouros. Por outro lado, devem ter também um reconhecimento internacional que lhes permita fazer com que a ação governativa não seja centralizada na figura do primeiro-ministro", conclui.
Sobre um pacto de estabilidade que deverá assinado pelos atores políticos e sociais para garantir a estabilidade governativa, Miguel de Barros considera que vem demasiado tarde. "Do ponto de vista governativo, aspetos como, por exemplo, o respeito pela Constituição, as margens onde cada órgão de soberania deve atuar, deveriam ter sido clarificadas naquela altura".Entretanto, o Partido da Renovação Social promete dizer 'sim' ou 'não' à sua participação no próximo Governo apenas nesta terça-feira (21.09). A segunda maior força política confirmou apenas ter recebido o convite para integrar um novo Governo do PAIGC.