Filipe Nyusi visitou esta quinta-feira (13.04) empresas sob tutela do Ministério dos Transportes e Comunicações, muitas em crise, como a LAM. E o próprio ministro tem o nome "queimado".
Esperam-se atitudes do Presidente?
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Num único dia, o Presidente moçambicano Filipe Nyusi, visitou cinco empresas: o Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique (INCM), o Porto de Maputo, o Instituto Nacional de Transportes Terrestres (INATTER), a Empresa Municipal de Transportes Públicos de Maputo (EMTPM) e as Linhas Aéreas de Moçambique (LAM). Esta última empresa tem sido bastante criticada pelo péssimo serviço prestado.
O analista Silvério Ronguane lembra que a companhia aérea se transformou num cancro e diz que "não restam dúvidas, que estando a LAM na situação em que se encontra neste momento e todo o Ministério dos Transportes e Comunicações envolvido em escândalos e problemas sérios, várias situações anómalas estão a minar o desenvolvimento e funcionamento dessa instituição."
E em simultâneo, o próprio ministro Carlos Mesquita terá violado a Lei de Probidade Pública ao contratar as suas próprias empresas para fornecerem serviços a empresas sob sua tutela. Que significado têm as visitas de Nyusi num momento em que o Ministério dos Transportes e Comunicações está na "berlinda"?
O analista Egídio Vaz distancia as visitas de Nyusi dos escândalos e crises, enquadrando-as no normal processo de visitas que o estadista tem estado a fazer a vários ministérios, mas admite que "é uma questão tática, mas também de disponibilidade, eventualmente. Portanto, a visita ao Ministério dos Transportes e Comunicações não é uma visita em resposta aos últimos desenvolvimentos."
Avaliações, saneamentos e remodelações
Depois da Comissão Central de Ética Pública ter reconhecido que o ministro Carlos Mesquita violou a Lei de Probidade Pública e de se saber que a LAM e outras empresas estão financeiramente debilitadas e a enfrentar problemas operacionais são aguardadas soluções.
Silvério Ronguane espera uma atitude contundente do Presidente Nyusi: "Com essas visitas que o Presidente faz aos ministérios, temos a esperança de que no final haja um saneamento, porque o chefe de Estado vem sendo informado dos vários problemas que as empresas vivem e que passam necessariamente pelos seus gestores. Portanto, é de se esperar que no final dessas visitas se faça uma avaliação e que se tirem as consequências políticas necessárias."
E o analista conclui dizendo que "se o Presidente quer continuar a ter alguma credibilidade terá de fazer alguma coisa para demonstrar que realmente está preocupado com a coisa pública e com a governação."
Mas esse saneamento ou remodelação no Ministério dos Transportes e Comunicaçõesestaria dependente de agendas partidárias da FRELIMO que sustenta o Governo, sugere o analista Egídio Vaz: "Vejo ali uma última remodelação, e a acontecer isso, definitivamente vai contemplar o ministro, seja para transferi-lo para um outro setor ou para dispensá-lo para outras atividades. Não acredito que o ministro Mesquita seja dispensado por isso agora, antes do Congresso."
13.04.17. Min. Transp. Nyusi - MP3-Mono
País pobre com táxis de luxo
Táxis e autocarros da Mercedes-Benz definem o cenário nas ruas de Bissau. Quase todos os taxistas deste país pobre conduzem viaturas da construtora alemã de carros topo da gama, sobretudo modelos a gasóleo dos anos 80.
Foto: DW/B. Darame
Táxis da Mercedes-Benz por todo o lado em Bissau
Nas estradas da Guiné-Bissau, país situado na África Ocidental, prevalecem carros da marca Mercedes-Benz. Apesar deste ser um dos países mais pobres do mundo, ocupando a 12ª posição a contar do fim no índice de desenvolvimento humano das Nações Unidas, quase todos os taxistas conduzem viaturas da Daimler, construtora alemã de carros topo da gama.
Foto: DW/B. Darame
Modelos resistentes a gasóleo
Os modelos mais resistentes são também os mais procurados. Ao contrário dos modelos modernos, os mais antigos podem ser reparados pelos proprietários e condutores sem conhecimentos de informática. Quase a totalidade dos transportes públicos de Bissau, com os seus 400 000 habitantes, é operada com táxis coletivos e mini-autocarros da marca Mercedes-Benz.
Foto: DW/B. Darame
Amado conduz este Mercedes-Benz desde 1999
Um tio que emigrou para a Alemanha em 1997 enviou este Mercedes para Bafatá, no leste do país, para apoiar a família. Em 1999, o carro foi levado para a capital, Bissau. Desde então serve de ganha-pão ao taxista Amado. As receitas chegam para pagar o almoço e o jantar a toda a família.
Foto: DW/B. Darame
Todos os táxis são táxis coletivos
Tal como todos os taxistas em Bissau, também Amado recolhe sempre vários passageiros que querem ir mais ou menos para o mesmo lado. Os táxis de Bissau estão quase sempre em movimento. Se ainda há um lugar livre, pode-se mandar parar o táxi. Mas o destino deve ser próximo daquele dos restantes passageiros. Também é possível ter o uso exclusivo do táxi, mas é mais caro.
Foto: DW/B. Darame
Painéis dos anos 80
Uma apreciação do interior da viatura revela instrumentos clássicos dos anos 80. Este é o interior de um modelo 190D da série Mercedes-Benz W201. Entre 1982 e 1993 foram produzidos cerca de 1,8 milhões de exemplares deste predecessor da atual classe C. Olhando com atenção deteta-se no lado direito da imagem uma bandeira alemã. Este género de símbolos é muito popular entre os taxistas.
Foto: DW/B. Darame
Oficina da rua
Muitos táxis já têm mais de um milhão de quilómetros de rodagem, e, por isso, sofrem de numerosos defeitos. A reparação torna-se assim num negócio rentável, no qual se especializaram várias oficinas da rua. Sobretudo os jovens aprendem aqui como reparar os modelos da Mercedes-Benz, ocupação que lhes garante o sustento.
Foto: DW/B. Darame
Carros canibalizados
Hoje em dia é fácil obter em Bissau todas as peças sobressalentes dos modelos mais comuns da Mercedes-Benz. Elas não são importadas da Alemanha, mas extraídas dos numerosos táxis cujas carroçarias já não resistem ao uso. As viaturas são canibalizadas e usadas como depósito de peças de reposição. Neste caso foi extraído o bloco completo do motor para ser inserido noutro táxi.
Foto: DW/B. Darame
Investimento conjunto
Sete guineenses juntaram-se para comprar este táxi Mercedes-Benz. Com a matrícula, 42-11-CD, é um dos táxis mais conhecidos da cidade. No fim do mês, o condutor paga o aluguer aos proprietários. Quando o negócio anda de vento em popa, sobra o equivalente a 75 euros para cada um. O que na Guiné-Bissau é uma pequena fortuna. O rendimento médio per capita no país é inferior a 50 euros mensais.
Foto: DW/B. Darame
O modelo para carreiras de longo curso
O modelo 240TD da série 123 foi construído de 1975 a 1986, e é conhecido pelo nome de "sete plass" (sete lugares) na Guiné-Bissau. Este carro é considerado muito resistente e usado, sobretudo, para carreiras de longo curso. Este táxi coletivo faz a carreira de Bissau para Ziguinchor, na Casamansa (Casamance), no vizinho Senegal. A publicidade no para-brisas revela a sua origem.
Foto: DW/B. Darame
Furgonetas da Mercedes para rotas fixas
Enquanto os pequenos táxis coletivos têm rotas flexíveis, as grandes furgonetas da Mercedes-Benz cumprem carreiras fixas. É o caso deste mini-autocarro do tipo 210D ("Mercedes Transporter"), chamado de "toca-toca", que faz a ligação entre o centro da cidade o Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira em Bissau, como se pode ler na placa que diz “Aeroporto”.
Foto: DW/B. Darame
Miríade de tipos
Também há vários tipos de mini-autocarros, mas a preferência dos motoristas pelos modelos da Mercedes-Benz é evidente. Os carros desta marca têm a fama de ser resistentes. O furgão do tipo 210D foi construído na fábrica de Bremen, no norte da Alemanha, entre 1977 e 1995. Deste modelo de nome “Bremer Transporter” foram fabricados 970.000 unidades. Hoje ele é construído sob licença na Índia.
Foto: DW/B. Darame
A importação é sempre de segunda mão
Tanto as furgonetas amarelas e azuis que servem de mini-autocarro como os táxis azuis e brancos são geralmente importados em segunda mão. Normalmente os carros oriundos da Europa entram em África via Banjul, cidade portuária na vizinha Gâmbia. Daí seguem via sul do Senegal e norte da Guiné-Bissau para a capital, Bissau. Onde são pintados nas cores típicas.
Foto: DW/B. Darame
Parte integrante do cenário de Bissau
Na imagem, vários táxis pintados em azul e branco seguem numa estrada secundária de terra batida em Bissau. Os táxis da Mercedes-Benz são hoje parte integrante do cenário da capital da Guiné-Bissau. Como as viaturas são muito resistentes e fáceis de reparar, é muito provável que os modelos dos anos 80 e do início da década 90 ainda possam ser admirados por muito tempo nas ruas de Bissau.