Explosão em Beirute: Dois meses sem respostas
4 de outubro de 2020Dezenas de pessoas assinalaram este domingo (04.10), diante das ruínas do porto de Beirute, os dois meses da explosão que fez 193 mortos e mais de 6 mil feridos.
Hoje, pouco depois das 18:00 (15:00 GMT), no exato momento da explosão, dezenas de balões brancos nos quais estavam inscritos os nomes das vítimas foram lançados ao céu, a partir de uma avenida com vista para as ruínas do porto, relatou a agência de notícias francesa France Presse.
Várias canções libanesas foram transmitidas em altifalantes, incluindo a música "Li Beirut", da libanesa Fairouz, uma das cantoras mais influentes no mundo árabe nos anos 60 e 70.
Alguns dos presentes seguraram retratos das vítimas, bloqueando momentaneamente a estrada, onde a cerimónia acontecia.
Passividade dos líderes
Os cidadãos aproveitaram também o momento para demonstrar a sua raiva contra uma investigação que consideram inquinada e contra a passividade dos líderes libaneses, relatou a agência France Presse.
"É pedir muito saber quem cometeu este crime contra a humanidade?", questionou, indignada, Samia, mãe de gémeos de nove anos, que perdeu o marido que trabalhava no porto.
Salwa, que perdeu o tio, também funcionário do porto, vincou que "toda a gente envolvida e responsável por esta explosão, por este desastre, tem de ser castigada".
Quase 3.000 toneladas de nitrato de amónio armazenadas no porto de Beirute explodiram a 04 de agosto, provocando a morte de 193 pessoas, ferimentos em cerca de 6.500 e causando danos no valor de milhões de euros.
Recusando propostas para uma investigação internacional, as autoridades libanesas iniciaram a sua própria investigação. Cerca de vinte pessoas foram presas, mas as investigações prosseguem, de acordo com a agência France Presse.
Crise política
O Presidente francês, Emmanuel Macron, tem vindo a pressionar os políticos libaneses a negociarem uma solução política estável para, assim, poderem promulgar reformas urgentes.
Mas, apesar de contar com o apoio francês, Adib enfrentou vários obstáculos na cena política nacional, com os principais grupos xiitas do país, Hezbollah e Amal, a exigirem ficar com a pasta das Finanças no novo Governo.
O Hezbollah e o Amal insistem em nomear os ministros xiitas do novo Executivo, tendo condenado a formação do executivo sem a sua consulta.
Além do impasse político, o Líbano está mergulhado numa grave crise económica, dita como a pior da história moderna no país, já que falhou pela primeira vez o pagamento da sua dívida externa, tem uma moeda local em colapso e assiste ao aumento da inflação, da pobreza e do desemprego.