Moçambique desconhece operação com nitrato de amónio
5 de agosto de 2020"Normalmente, antes de receber um navio, nós somos notificados. Neste caso, nunca recebemos nenhuma notificação de um navio que vinha ao porto da Beira com essas caraterísticas e carga", disse à agência Lusa António Libombo, diretor-executivo adjunto da Cornelder, a empresa que gere o Porto da Beira desde 1998.
Com base nos cadastros dos navios e nos calendários portuários, a agência Associated Press especulou que o navio que transportava nitrato de amónio, carga que terá provocado explosões no porto de Beirute, tinha como destino Moçambique, tendo atracado no porto da capital do Líbano, Beirute, devido a problemas mecânicos, em 2013.
Um artigo escrito em outubro 2015 na publicação especializada em navegação shiparrested.com também indicava que o navio tinha como destino o porto da Beira, mas terá atracado no porto de Beirute devido a problemas mecânicos, tendo a carga sido confiscada e armazenada por vários anos na capital libanesa.
A informação de que o referido navio teria como destino final Moçambique circulou esta manhã nas redes sociais. "No dia 23 de setembro de 2013, o navio m/v Rhosus, com bandeira moldova, partiu do porto de Batumi, na República da Geórgia, com 2.200 toneladas de nitrato de amónia a bordo, com destino ao porto da Beira", lia-se na notícia, citada pelo pesquisador moçambicano Miguel de Brito.
"O navio permaneceu em Beirute e a carga foi colocada num armazém portuário na capital libanesa, à espera de serem leiloados", era ainda adiantado na mesma notícia, segundo a qual a tripulação, "depois de várias manobras legais", terá sido autorizada "a abandonar o navio e regressar aos seus países de origem."
Ministério dos Transportes também desconhece operação
A Lusa contactou o também o Ministério dos Transportes e Comunicações de Moçambique, que disse igualmente não ter sido informado sobre um navio com estas características naquele ano.
Duas fortes explosões sucessivas sacudiram Beirute na terça-feira (04.08), causando mais de uma centena de mortos e mais de 4.000 feridos, segundo o último balanço feito pela Cruz Vermelha.
Teme-se que o número de vítimas aumente durante o dia, numa altura em que os serviços de salvamento continuam à procura de sobreviventes e mortos no meio dos escombros.
Até 300.000 pessoas terão ficado sem casa devido às explosões, segundo o governador da capital do Líbano, Marwan Abboud.
As violentas explosões deverão ter tido origem em materiais explosivos confiscados e armazenados há vários anos no porto da capital libanesa. Segundo o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, estavam guardadas no depósito cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio.