Explosões em Beirute: Porto da Beira reitera desconhecimento
7 de agosto de 2020"No caso concreto do Porto da Beira, é expressamente proibida a descarga a granel e o seu acondicionamento em armazéns do operador portuário", lê-se numa nota de esclarecimento da Cornelder distribuída na quinta-feira (06.08) à comunicação social.
Neste documento, a empresa reitera que não teve conhecimento que o navio que transportava 2.750 toneladas de nitrato de amónio, carga que poderá ter provocado as explosões no porto de Beirute, na terça-feira, tinha como destino Moçambique.
Uma fonte da Agência de Navegação do Ministério da Economia da Geórgia confirmou na quarta-feira à agência de notícias EFE que o navio que transportava nitrato de amónio tinha como destino Moçambique, mas terá atracado no porto de Beirute devido a problemas mecânicos, tendo a carga sido confiscada e armazenada por vários anos na capital libanesa.
"Esta carga mantida em Beirute deixou o porto de Batumi para Moçambique [Porto da Beira] a bordo do cargueiro 'Rhosus', com a bandeira da Moldávia", declarou um representante da Agência de Navegação do Ministério da Economia da Geórgia, acrescentando que "o transporte de carga, seu processamento e armazenamento são prerrogativas do país recetor e não do país exportador".
Na quarta-feira, a agência Lusa contactou também o Ministério dos Transportes e Comunicações moçambicano, que disse igualmente não ter sido informado sobre a operação de um navio com estas características naquele ano.
"Operador portuário observa medidas de segurança"
No comunicado, a empresa gestora do porto da Beira reitera que não foi notificada sobre a operação, acrescentando que a condição para que um navio atraque naquele porto é um anúncio com antecedência de 7 a 15 dias e avançando que a entrada do produto no país carece de autorização das autoridades.
"Nos casos de navios de nitrato de amónio que escalam o Porto da Beira, o operador portuário observa todas as medidas de segurança exigíveis no manuseamento de uma carga considerada perigosa, inclusive a presença do Corpo de Bombeiros, restrição de veículos e pessoas alheias à operação. É igualmente proibida a presença de materiais inflamáveis no perímetro do cais, onde decorre a operação", acrescenta-se na nota da Cornelder, concessionária do Porto da Beira desde 1998.
Duas fortes explosões sucessivas sacudiram Beirute na terça-feira, causando, pelo menos, 137 mortos e mais de 5.000 feridos, segundo o último balanço feito pelas autoridades libanesas.
Até 300.000 pessoas terão ficado sem casa devido às explosões, segundo o governador da capital do Líbano, Marwan Abboud. As violentas explosões deverão ter tido origem em materiais explosivos confiscados e armazenados há vários anos no porto da capital libanesa.