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Cereais: Comunidade internacional critica recuo de Moscovo

Lusa | rl
30 de outubro de 2022

A Ucrânia confirmou, este domingo, que a rota de exportação de cereais através do Mar Negro, acordada em julho com a Rússia, está já bloqueada. Turquia confirma novas negociações com a Rússia.

BdTD | Türkei
Foto: Yasin Akgul/AFP

O governo ucraniano afirmou, este domingo (30.10), que a rota de exportação de cereais através do Mar Negro foi bloqueada, após a Rússia ter anunciado, no sábado, que iria suspender o acordo, alcançado em julho sob a égide da ONU e da Turquia, e que permitiu a exportação de vários milhões de toneladas de cereais retidos nos portos ucranianos desde a invasão russa em fevereiro.

O ministro ucraniano das Infraestruturas, Oleksandr Kubrakov, publicou na sua conta do Twitter uma fotografia do cargueiro "Ikaria Angel" que, segundo ele, deveria prosseguir hoje carregado com 40.000 toneladas de cereais, como parte do programa alimentar global da ONU.

"Estes alimentos tinham como destino a Etiópia, que está à beira da fome, mas, devido ao bloqueio da Rússia ao 'corredor de cereais', a exportação é impossível", referiu.

O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, disse que a retirada da Rússia do acordo levou ao bloqueio de 176 navios que já tinham saído dos portos ucranianos no Mar Negro. Segundo Kuleba, a sua carga totaliza dois milhões de toneladas de cereais, o suficiente para alimentar sete milhões de pessoas.

Comunidade internacional pede recuo de Moscovo

Em comunicado, este domingo, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, diz estar "profundamente preocupado" com a situação.

Ucrânia diz que a retirada da Rússia do acordo levou ao bloqueio de 176 navios Foto: Yulii Zozulia/Ukrinform/abaca/picture alliance

Segundo Stéphane Dujarric, António Guterres está empenhado em "consultas intensas" para que a Rússia reverta a decisão de suspender o acordo, que é vital para o aprovisionamento alimentar mundial, pelo que decidiu adiar, por um dia, a partida para participar numa reunião da Liga Árabe, em Argel, na terça-feira.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, conversou, este domingo, com Guterres, para "coordenar ações para garantir a exportação de cereais e fertilizantes da Ucrânia".

Na rede social Twitter, Josep Borrell pediu para que Moscovo regresse ao acordo que permite a exportação de cereais ucranianos. 

"A União Europeia fará a sua parte para conter a crise alimentar global", assegurou o chefe da diplomacia europeia.

Também em declarações à Bloomberg, este domingo, um responsável do Governo de Ancara, que pediu para não ser identificado, confirmou que as negociações para que a Rússia retome o acordo vão continuar na segunda-feira se não houver nenhum progresso ao longo do dia de hoje.

A mesma fonte afirmou que "há razões para otimismo", apesar de a Rússia ter assegurado que a sua retirada do acordo, mediado na altura pela Turquia, teria um alcance indefinido.

Para o Presidente norte-americano, a decisão de Moscovo é "simplesmente escandalosa”. "Não havia nenhuma razão para fazerem isso", afirmou.

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