Extinção de elefantes em Moçambique poderá acontecer nos próximos 10 anos
8 de outubro de 2013 Mais de mil e quinhentas organizações e cidadãos a título individual subscreveram até ao momento em Moçambique uma petição da organização não-governamental que atua nas áreas de conservação ambiental, WWF, para pressionar o Governo no sentido de adoptar medidas mais duras para a criminalização da caça furtiva.
Alvo Ofumane é o gestor desta campanha que conta com o apoio da WWF da Alemanha e da Holanda.
Com esta petição Ofumane diz querer chamar a atenção do executivo moçambicano para encarar a caça furtiva "não apenas como um problema ambiental, mas também como um problema económico do próprio Estado". Ele espera que esta campanha sirva para "despertar a consciência dos cidadãos" e sublinhar a importância de todos os membros da sociedade se "unirem no combate" ao extermínio indiscriminado de elefantes, afirma Ofumane.
Dados estatísticos avançados pela WWF indicam que Moçambique perdeu mais de metade da sua população de elefantes entre 1980 e 2008. Os números passaram de 35 mil em 1980 para 16 mil em 2008.
Mortos 3 a 4 elefantes por dia
Alvo Ofumane descreveu a situação como alarmante. "Se esta situação continuar neste ritmo podemos chegar a uma altura em que vamos ficar sem população de elefantes", avisa Alvo Ofumane. Conta que há 10 anos atrás, o Niassa tornou-se a referência mundial em termos de população de elefante africano em todo o continente mas "se este cenário continuar nesta progressão corremos o risco de perder este prestígio", diz.
A situação é mais crítica no norte do país, em duas províncias que fazem fronteira com a Tanzânia - Cabo Delgado e Niassa. "Há dados que indicam que por dia são mortos três a quatro elefantes na reserva do Niassa", avança preocupado Ofumane. Calcula-se que a extinção de elefantes em Moçambique possa ocorrer nos próximos 10 anos se não for invertido o atual cenário, afirmou Alvo Ofumane.
O combate à caça furtiva de espécies animais protegidas poderá não se mostrar tarefa fácil. O que atrai muita gente para aquelas operações é o facto de, por exemplo, o quilograma do corno de rinoceronte ser vendido até aos 55 mil euros.
Redes altamente equipadas
Ofumane explica que o que torna difícil impedir o extremínio da espécie, é que os caçadores furtivos estão inseridos em redes altamente equipadas, com meios sofisticados como "helicópteros" e conseguem facilmente invadir as áreas de conservação. "Sabemos que no nosso país temos alguns problemas na desproporcionalidade entre as áreas de conservação e o pessoal que as controla", afirma Ofumane.
Moçambique está de sobreaviso: se não tomar medidas urgentes para inverter a realidade atual poderá ser penalizado internacionalmente. A Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES) pode vir a "aplicar sanções ao país se não forem tomadas medidas" para controlar a caça furtiva.
Recorde-se, que na última reunião em que este organismo internacional esteve presente, foram feitas recomendações a Moçambique, "no sentido de acabar com este problema do país ser usado não só para a matança de elefantes mas como corredor de tráfico de corno de rinoceronte e marfim", conclui Alvo Ofumane.