Empresas alemãs, algumas lideradas por moçambicanos residentes na Alemanha, tentam fazer negócios com as multinacionais que operam no setor de gás e carvão. Trata-se de empresas que participam na FACIM, em Moçambique.
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A indústria de carvão e gás em Moçambique tem atraído as empresas alemãs. Algumas das empresas que participam na FACIM dizem que já estão em marcha contactos com a petrolífera Anadarko, a empresa de alumínio MOZAL e a mineradora Vale Moçambique, entre outras, para a prestação de serviços.
Por exemplo, a empresa Secureman, que se dedica à produção de pictogramas luminosos para garantir a segurança no trabalho, referiu que as parcerias estão em fase avançada.
O diretor Custódio Tamele, que reside na Alemanha, diz também que contactou empresas nacionais de produção de energia elétrica: "Principalmente a Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB) e a Anadarko, já contactámos, e eles ficaram de nos dar resposta, e fizemos contactos com algumas empresas japonesas, que mostraram interesse no nosso material, que estão na construção do porto de Nacala e de uma escola na província de Nampula."
FACIM atrai empresariado da Alemanha
Custódio Tamele diz ainda que há uma aposta na produção local. "É a nossa intenção e a intenção da empresa-mãe na Alemanha de fazermos parcerias e que, localmente, sejam feitos alguns trabalhos e que não seja imperioso que sejam feitos a partir da Alemanha."
Formação é essencial
O empresário Leonardo Cumbe, também residente na Alemanha, está igualmente na FACIM à procura de parcerias. A sua empresa, a Higel Kältetechnik, produz gelo em escama recorrendo a máquinas amigas do ambiente, que poupam energia.
Cumbe também está interessado em fazer contactos com empresas no setor do gás e carvão, mas faz um apelo às autoridades moçambicanas.
"É necessário que formemos quadros com capacidades para saber o que estão a vender e como vender. É bom vender, é um passo, mas, se não tivermos gente formada, teremos gente que vai determinar sobre sobre nós, e este é o maior perigo", alerta o empresário.
Procurando contactos
A empresa de encomendas e de logística DHL, uma subsidiária da Deutsche Post, também está presente na FACIM. Segundo o seu representante, Carlos Vaz, as parcerias com as empresas mineradoras em Moçambique já existem e são para continuar.
"Fazemos muitos envios de fora para as províncias no norte, onde estão as empresas que operam no setor de carvão e gás. Nós temos contratos com essas empresas para enviarmos os documentos."
A Alemanha participa nesta edição 54ª da Feira Agropecuária, Comercial e Industrial de Moçambique (FACIM) com dez empresas, que atuam em diferentes ramos de produção. A feira fecha as portas no domingo, 2 de setembro.
Um olhar lusófono sobre "a cidade" em exposição na Alemanha
Exposição "O Estado das Coisas" apresenta obras de artistas lusófonos no Instituto Camões, em Berlim. Em foco, a relação entre aspetos económicos e artísticos urbanos.
Foto: DW/C. Vieira Teixeira
Ironia moçambicana
Esta é uma das obras na exposição "O Estado das Coisas". É do moçambicano Jorge Dias e consiste numa montagem de cartões de telemóvel e insetos em arame, "feitos segundo uma técnica quase popular de Moçambique", diz o curador João Silvério. "A peça tem uma ironia muito especial. 'Bem vindo' a este mundo do consumo. Mas, ao mesmo tempo, há dois insetos que parecem estar ali a roer alguma coisa."
Foto: DW/C. Vieira Teixeira
Espírito revolucionário
A fotografia "Hotel da Praia Grande (O Estado das Coisas)", de Ângela Ferreira, cujo subtítulo dá nome à exposição, refere-se ao filme do diretor alemão Wim Wenders, de 1982. A foto, de 2003, é uma metáfora do mais representativo ícone da Revolução dos Cravos, "numa altura em que o espírito revolucionário do 25 de Abril está a começar a dissipar-se e a ser esquecido na sociedade portuguesa."
Foto: Ângela Ferreira
Crítica ao pós-revolução
Nascida em Moçambique, Ângela Ferreira é portuguesa e sul-africana. "Estou a fazer um comentário irónico, porque se anunciava já um desgaste do processo revolucionário em Portugal", diz. De lá para cá, o desgaste "veio a agravar-se". "Com a entrada de Portugal na UE, transforma-se num país neoliberal, com um capitalismo furioso e que se tem vindo a agravar mais nos últimos cinco anos", considera.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Sem Nome
Um corpo caído na galeria. A escultura "Sr. Central", do artista português Noé Sendas faz parte da série intitulada "Nameless" ("Sem Nome", em português). Sendas considera "natural" a exposição conjunta de obras de artistas lusófonos, porque tem "uma relação pessoal e temporal com os autores que estão aqui. Vivemos todos na mesma época. Vivemos coisas em comum. Expusemos muito em comum".
Foto: DW/C. V. Teixeira
Desconforto e inquietação
Para Noé Sendas, a cena que a presença de sua escultura cria "não é automaticamente entendida como obra" pelo público. "Quando entra aqui, não sabe se é uma escultura, se é uma pessoa, o que é. Essa inquietação interessa-me. Mais do que criar uma peça, é criar uma relação com o expetador," revela.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Espaços urbanos, espaços de transição
A série de gravuras do artista Julião Sarmento "traz consigo, não só, a figura feminina, mas uma série de relações espaciais em que a própria noção de casa, de corpo e de transcrição estão presentes", relata o curador da exposição. As obras reunidas na exposição têm como língua comum "os espaços habitados, que são espaços de transição, que são espaços urbanos. Sejam grandes ou pequenas cidades".
Foto: DW/C. Vieira Teixeira
Arte e economia
A ideia da exposição é abordar aspetos económicos e artísticos urbanos a partir de obras de artistas lusófonos do acervo da Fundação portuguesa PMLJ. "Simbolicamente, o contexto económico é uma imagem não só do mundo da arte, como do mundo da economia e das trocas sociais", avalia o curador João Silvério. Assim, tentou-se "dar um 'ar do tempo' em que vivemos e tentar abrir um campo de reflexão".
Foto: DW/C. Vieira Teixeira
Sociedade em foco
A exposição apresenta ainda obras de Ana Rito, Cecília Costa, Isabel Carvalho, Pedro Barateiro e Filipa César, autora da foto "Marlboro Triumph" ("O Triunfo da Malboro", em português), feita em Berlim, em que se vê uma propaganda dos cigarros Marlboro ao lado de uma propaganda de soutiens da marca Triumph. "Faço uma relação com os cowboys [e uma sociedade] machista e colonizadora", relata Filipa.
Foto: DW/C. Vieira Teixeira
O olhar do público
Visitantes interagem durante a abertura da exposição "O Estado das Coisas", em Berlim. A visitante espanhola Amparo Rapela diz que gostou das fotografias e "mais especialmente das gravuras" de Julião Sarmento. "Vou para casa com uma impressão positiva," finaliza. A exposição está patente no Instituto Camões, em Berlim, até 14 de setembro de 2018 e tem entrada livre.