Banco Nacional de Angola anunciou, na semana passada, a falência de dois bancos. Mas um deles diz que não é bem assim. Economista Precioso Domingos diz que esta é uma "trapalhice" que tem de ser estudada.
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O Banco Nacional de Angola (BNA) ordenou na semana passada o encerramento compulsivo de dois bancos privados, o Banco Mais e o Banco Postal, por insuficiência de capital social. Mas um deles, o Banco Postal, já reagiu à decisão, desmentindo o BNA e garantindo que tem o capital exigido em Angola para funcionar.
Num documento divulgado no sábado (05.01), o Banco Postal refere que "não está em situação de falência" e que está "dotado de fundos próprios", "claramente suficientes" para suprir todas as suas responsabilidades.
Ao olhar para esta divergência de posições, o economista Precioso Domingos avisa que é preciso um "árbitro" para regular a banca e que há um grande volume de leis "criadas por juristas", que "mata a economia do país".
"Se olhar para uma série de instrumentos, uma série de normativas do Banco Nacional de Angola, vai ver que aquelas normas não têm nada a ver com as leis económicas. São leis de juristas. E, evidentemente, isso gera o tipo de constrangimentos que tem estado a gerar", diz Domingos em entrevista à DW África.
Uma "trapalhice"
O economista angolano salienta que o facto de o banco central angolano vir a público declarar a falência de bancos comerciais ao mesmo tempo que uma das instituições visadas nega a alegada bancarrota é uma "trapalhice que precisa de ser estudada".
"Não é o regulador que vai decretar a falência, é o banco que vai declarar. Mas o que se está a passar aqui é o BNA que está a dizer que [o banco] faliu e o falido a dizer que não. O mercado não está a funcionar", conclui. "Há aqui coisas estranhas que não têm enquadramento nos manuais."
Falência de bancos? Uma "trapalhice a ser estudada"
No Huambo, dezenas de cidadãos com conta no Banco Postal protestaram em frente do governo provincial, na segunda-feira (07.01), para pedir a devolução do dinheiro que depositaram. O banco está com as agências encerradas. No entanto, garantiu que os interesses dos seus clientes estão salvaguardados.
"Deixar o mercado funcionar"
Para a resolução do problema causado pela decisão do Banco Nacional de Angola, Precioso Domingos espera que se apure, realmente, a situação financeira dos bancos. E deixa um conselho às instituições do país: "Vamos regular um pouco, com base naquilo que são as leis económicas, as leis do mercado, e não fazermos leis que não têm nada a ver com as leis de mercado e depois entram em choque."
O economista nota, por fim, que os bancos angolanos não precisam de um grande capital social e que isso faz com que sejam pouco atrativos aos olhos dos investidores estrangeiros.
"Lá fora, na Europa, os bancos, em termos de capital social, estão logo na casa dos mil milhões e aqui são valores ainda muito pequenos. Entendo que tem que se deixar, para além da regulação, o mercado funcionar. Mas o mercado agora está mais baseado em leis jurídicas", afirma.
Quem são as mulheres mais poderosas de África?
Nove mulheres africanas dão que falar no mundo da política e dos negócios, geralmente dominado por homens. Saiba quem são e como se têm destacado.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Primeira mulher Presidente em África
Ellen Johnson Sirleaf foi a primeira mulher eleita democraticamente num país africano. De 2006 a 2018, governou a Libéria, lutando contra o desemprego, a dívida pública e a epidemia do ébola. Em 2011, ganhou o Prémio Nobel da Paz por lutar pela segurança e direitos das mulheres. Atualmente, lidera o Painel de Alto Nível da ONU sobre Migração em África.
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Um grande passo para as mulheres etíopes
Sahle-Work Zewde foi eleita, em outubro, Presidente da Etiópia. O poder no país é exercido pelo primeiro-ministro e o Conselho de Ministros. Entretanto, a eleição de uma mulher para a cadeira presidencial é considerada um grande avanço na sociedade etíope, onde os homens dominam os negócios e a política. Mas isto está a mudar. Hoje em dia, metade do Governo é formado por mulheres.
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Mulher mais rica de África
Isabel dos Santos tem uma reputação controversa em Angola. É filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que a colocou na administração da Sonangol em 2016. Mas o novo Presidente, João Lourenço, luta contra o nepotismo e despediu Isabel dos Santos. Mesmo assim, dos Santos ainda detém muitas participações empresariais e continua a ser a mulher mais rica de África, segundo a revista Forbes.
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Magnata do petróleo e benfeitora da Nigéria
1,6 mil milhões de dólares norte-americanos é a fortuna da nigeriana Folorunsho Alakija. A produção de petróleo faz com que a dona da empresa Famfa Oil seja a terceira pessoa mais rica da Nigéria. Com a sua fundação, a mulher de 67 anos apoia viúvas e órfãos. Também é a segunda mulher mais rica de África, apenas ultrapassada pela fortuna de Isabel dos Santos de 2,7 mil milhões (segundo a Forbes).
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Oficial da dívida da Namíbia
Na Namíbia, uma mulher lidera o Governo: desde março de 2015, Saara Kuugongelwa-Amadhila é primeira-ministra – e a primeira mulher neste escritório na Namíbia. Anteriormente, foi ministra das Finanças do país e perseguiu uma meta ambiciosa: reduzir a dívida nacional. A economista é membro da Assembleia Nacional da Namíbia desde 1995.
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Discrição e influência
Jaynet Kabila é conhecida pela sua discrição e cuidado. Irmã gémea do ex-Presidente congolês Joseph Kabila, é membro do Parlamento da República Democrática do Congo e também é dona de um grupo de meios de comunicação. Em 2015, a revista francesa Jeune Afrique apontou-a como a pessoa mais influente do Governo na RDC.
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Triunfo diplomático
A ex-secretária de Estado do Ruanda, Louise Mushikiwabo, será secretária-geral da Organização Internacional da Francofonia em 2019. Isto, mesmo depois de o país ter assumido o inglês como língua oficial há mais de 10 anos. A escolha de Mushikiwabo para o cargo é vista como um triunfo diplomático. O Presidente francês, Emmanuel Macron, foi um dos apoiantes da sua candidatura.
Outra mulher influente: a nigeriana Amina Mohammed, vice-secretária-geral das Nações Unidas desde 2017. Entre 2002 e 2005, já tinha trabalhado na ONU no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Mais tarde, foi assessora especial do então secretário-geral, Ban Ki-moon, e, por um ano, foi ministra do Meio Ambiente na Nigéria.
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A ministra dos recordes no Mali
Recente no campo da política externa, Kamissa Camara é a mais jovem na política e primeira ministra do Exterior da história do Mali. Aos 35 anos, foi nomeada para o cargo pelo Presidente Ibrahim Boubacar Keïta e é agora uma das 11 mulheres no Governo. No total, o gabinete maliano tem 32 ministros.