Muitos moçambicanos estão a enfrentar problemas – e longas filas – para levantar dinheiro nas caixas automáticas dos bancos comerciais, em Maputo. Os gestores da rede interbancária trabalham para resolver o apagão.
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Uma falha no sistema tecnológico de unificação do sistema eletrónico dos bancos comerciais de Moçambique está a prejudicar cidadãos na capital Maputo. Logo pela manhã, nesta sexta-feira (16.11), eram notórias longas filas nas caixas automáticas, vulgos ATM, em quase todos os bancos, exceto o Milenium BIM, Banco Internacional de Moçambique.
Uma fonte do Santandard Bank, que pediu para não ser identificada, disse não saber quando o problema deverá ser resolvido, mas garantiu que os técnicos estão a trabalhar no caso.
Também a Sociedade Interbancária de Moçambique (Simo), gestora da rede única de pagamentos, não avançou detalhes sobre o problema que originou a paralisação dos serviços nem o período necessário para a sua resolução, mas garantiu que "ações com vista ao restabelecimento dos serviços com a maior brevidade possível".
Falha na rede interbancária prejudica cidadãos em Maputo
Problemas
Devido ao problema, alguns cidadãos tiveram de percorrer longas distâncias à procura de dinheiro em todos os bancos comerciais, foi o caso de Jeremias Mandlate. "Passei de Marracuene, não estava a pagar; do Albasine, também não estava a pagar e agora estou aqui no Zimpeto. Passei por quatro ATM. Vou aturando esta fila, e acho que vou conseguir levantar um valor", desabafou o cidadão enquanto esperava para levantar dinheiro.
Neto Soto estava com urgência em comprar medicamentos. Disse ter procurado todas as ATM, mas nenhuma estava a pagar, mesmo nos locais onde isso é raro de acontecer.
"Precisava de um valor para comprar medicamentos para fazer tratamentos, mas não foi possível. Não consegui entrar no banco porque estava fechado e acabo de sair do serviço agora", disse.
A agitação era tal que deixou desesperados milhares de cidadãos. Encontramos João Tomé numa enorme fila a aguardar pela sua vez para entrar na ATM do Milenium BIM.
"Estou a achegar agora e encontro esta bicha que está enorme. Fui a duas ATMs, mas também não há sistema. Só dizem que não há sistema. Não tive uma explicação satisfatória, nem dizem o que houve, mas só dizem que não há sistema".
"Única opção"
A única opção que as pessoas tiveram para levantar o seu dinheiro era deslocar-se aos balcões que também estavam repletos de pessoas. Foi o caso de Rosalina Alfredo. Ela afirmou que faria o sacrifício de ficar na fila, por causa do fim de semana. "Preciso de dinheiro e não tenho como passar o fim de semana sem dinheiro. É Algo espantoso porque é a primeira vez que isso acontece.”
O problema não tem fim à vista, por isso que neste sábado (17.11) todos os bancos estarão abertos das oito até às treze horas, segundo uma fonte bancária.
A maior ponte suspensa de África liga Maputo a Katembe
Ponte que liga Maputo a Katembe foi inaugurada no sábado, 10 de novembro de 2018. Tem cerca de três quilómetros de extensão. Muitas famílias foram realojadas para dar espaço a este projeto no sul de Moçambique.
Foto: DW/R. da Silva
Do lado de Maputo
Esta parte da ponte passa por cima da zona onde se localizam muitas fábricas na baixa da capital, mais descaído para a parte ocidental. Ao fundo, vê-se o porto de Maputo. A ponte que liga Maputo a Katembe foi inaugurada no sábado, 10 de novembro de 2018. Tem cerca de três quilómetros de extensão e será a maior ponte suspensa de África.
Foto: DW/R. da Silva
Até 1.200 meticais para circular na ponte
Esta é a entrada da ponte do lado da Katembe. Com a conclusão das obras, as viaturas deixarão de pagar entre quatro e doze euros pela travessia da baía de Maputo. Já a portagem da ponte custa entre 40 meticais (57 cêntimos) e 1.200 meticais (17,30 euros), anunciou a Maputo-Sul, empresa que gere a infraestrutura.
Foto: DW/R. da Silva
Portagem na Katembe
Esta é a inevitável portagem do lado da Katembe. Quem sai de Maputo, encontra esta barreira para pagar pela circulação na ponte e na estrada. Os automobilistas já se queixam dos preços das portagens. A Maputo-Sul, citada pelo jornal O País, desvaloriza as queixas. Fala em falta de informação e desconhecimento do real valor da obra.
Foto: DW/R. da Silva
Obras demoradas
Deste lado da Katembe, veem-se camiões que transportam materiais para o acabamento das obras. A construção da ponte teve início em 2014 e a conclusão do empreendimento sofreu vários adiamentos desde dezembro. Segundo o Governo, os atrasos resultaram de dificuldades na retirada de famílias que viviam nas proximidades da infraestrutura.
Foto: DW/R. da Silva
O pomo da discórdia
A zona que interceta com a Avenida 24 de Julho foi um dos pontos em que as obras sofreram atrasos. Foi aqui, onde passa uma rampa que dá acesso à ponte, que ocorreu uma das principais discórdias, entre os vendedores do mercado Nwakakana, a empresa Maputo-Sul e o município de Maputo.
Foto: DW/R. da Silva
Famílias indemnizadas facilitam construção atempada
As famílias que viviam neste local, maioritariamente refugiadas da guerra civil em Moçambique, foram transferidas para dar lugar à construção desta secção da ponte. Aqui, as obras não atrasaram porque as famílias rapidamente foram indemnizadas e realocadas para a região de Pessene, na Moamba, ocidente da província de Maputo.
Foto: DW/R. da Silva
Transporte precário
Esta embarcação transporta as viaturas que atravessam a baía de Maputo. Tem sido tortuoso para os automobilistas que vivem ou fazem negócios do lado da Katembe, pois quando esta embarcação avaria, a alternativa é um percurso de quase 100 km.
Foto: DW/R. da Silva
Cais de Maputo
O cais de acesso às embarcações que fazem a travessia da baía é um local que não oferece muita segurança, pois não existem barreias de segurança ou limites para as movimentações. O mesmo para viaturas, devido à precariedade da sua estrutura.
Foto: DW/R. da Silva
Cais da Katembe
Do outro lado, na Katembe, os problemas são os mesmos. A estrutura é precária, por isso, o Governo interditou a travessia na embarcação de camiões de grande tonelagem.
Foto: DW/R. da Silva
Vista da Katembe para Maputo
Esta é a parte da Katembe onde a ponte atravessa. Também nesta zona (no lado esquerdo da imagem), algumas famílias tiveram de ser retiradas para dar lugar à construção da gigantesca ponte. O desenho e a construção foram responsabilidade da China Road and Bridge Corporation (CRBC), uma das maiores empresas de construção da China. O controlo de qualidade foi feito pela empresa alemã Gauff.
Foto: DW/R. da Silva
A maior de África
Esta é a parte da ponte que nos leva à cidade de Maputo, concretamente na EN-1 e na avenida 24 de Julho. Na imagem, veem-se as obras para fazer alguns acertos neste troço. Daqui pode contemplar-se a extensão da ponte.
Foto: DW/R. da Silva
Ponte que desagua do lado da Katembe
Uma obra de grande engenharia que custou aos cofres do estado cerca de 600 milhões de euros. Veem-se na imagem as curvas as subidas e as descidas que dão outra beleza a esta mega estrutura.