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Falta de ambulâncias tornou-se problema crónico em Malanje

Nelson Camuto (Malanje)
21 de janeiro de 2023

Faltam ambulâncias na província angolana de Malanje para o transporte de pacientes, principalmente em estado grave. Por vezes, é preciso recorrer a viaturas privadas. Administrador admite que não há soluções imediatas.

Foto: DW/A. Vieira

Continuam a faltar ambulâncias na província angolana de Malanje. Atualmente, nenhuma das unidades de base em torno da sede provincial dispõe de uma viatura para o transporte de passageiros.

Um problema que já dura há vários anos, diz o padre Justino, pároco do município de Kirima. Quando a ambulância do município andou avariada, conta, "foram buscar a ambulância da comuna.

"O administrador comunal no seu próprio carro já trouxe doentes para o município sede, mas é um carro pequeno. E se for uma gestante com dificuldades?", questiona o pároco.

O padre Justino disse ainda à DW que teme que os próximos dias sejam ainda mais difíceis para as centenas de habitantes, porque "o carro do administrador está avariado".

"A população está ao Deus dará, cada um seguindo as suas estratégias" para chegar ao hospital municipal de Kirima, diz. "Fora disso é mesmo sofrimento", acrescenta o religioso.

Drama repete-se em várias localidades

O drama da falta de ambulâncias nos hospitais de Malanje repete-se em mais de 10 dos 14 municípios da província.

"Há mais de 20 anos que não se faz uma intervenção na estrada", lamenta administradorFoto: Nelson Camuto/DW

Para o chefe da Ordem dos Enfermeiros do município de Kalandula, a mais de 150 quilómetros de Malanje, aqui o problema é ainda maior.

"Todas as comunas estão fora, não têm ambulância nesse preciso momento, porque as ambulâncias encontram-se avariadas já há mais de cinco anos", conta Gaspar Firmino.

"Com o novo administrador tentou-se reabilitar a ambulância do Kual e a comuna do Kota, mas nesse preciso momento voltaram a avariar e são avarias que realmente são muito custosas", sublinha.

Sem soluções à vista

Em declarações à DW África, o administrador municipal do Quela, Pedro Dembue, admite que há ambulâncias em serviço há mais de 10 anos.

E fala num mar de dificuldades: "Outros serviços de vacinação só são possíveis com uma mota de duas rodas. Temos lá os postos de saúde, impossível levar lá medicamentos e vacinas, fazer a transferência de medicamentos e principalmente para as mães grávidas é difícil, o acesso não nos permite cumprir esta atividade."

"Há mais de 20 anos que não se faz uma intervenção na estrada. Nas outras duas comunas não entra um carro, não há estrada, como é que vamos evacuar os pacientes? É mesmo um problema sério", conclui.

As autoridades dizem que não há ainda soluções à vista. Em muitos casos, o transporte de pacientes tem contado com a intervenção de familiares, alugando viaturas para o efeito. Um problema antigo, principalmente nas unidades de base.

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