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Falta de centros de saúde preocupa população em Tete

Jovenaldo Ngovene (Tete)
23 de janeiro de 2023

O défice de unidades sanitárias gera preocupação em Tete, centro de Moçambique, numa altura em que aumentam as mortes por malária. Muitos doentes têm de percorrer mais de 14 quilómetros e não há transportes disponíveis.

Foto ilustrativa: Centro de saúde em ManicaFoto: DW/B. Jequete

Segundo dados da direção provincial de Saúde, a província de Tete conta atualmente com 154 unidades sanitárias - metade do número desejado para que o problema de acesso aos cuidados de saúde seja minimizado.

Nos últimos tempos, tem estado a aumentar o número de óbitos devido à malária e doenças diarreicas e as autoridades de saúde apontam como causa principal a chegada tardia aos hospitais. O défice de postos médicos pode estar a contribuir para o problema.

Na cidade de Tete, o reassentamento de Chimbonde, que desde 2019 tem acolhido as vítimas das calamidades naturais, está há três anos sem um centro de saúde. "Apesar de alguns socorros que nos facultaram aqui, daqui para Matundo é muito distante, aliando a isso a falta de transporte", queixa-se um residente.

"A distância é grande, muito mais para as mães e para crianças. Nas noites é um sacrifício, temos de bater à porta do chefe da unidade para ver se pode reunir condições junto com a comunidade para carregarmos o doente", lamenta outro morador.

Foto de arquivo (2016): Ambulâncias no Hospital de TeteFoto: DW/A. Zacarias

Solução "de forma gradual"

O setor da saúde em Tete reconhece que o problema é grave e merece uma resposta prática e urgente. No entanto, devido à falta de fundos, a resposta será gradual consoante as prioridades, explica Alex Bertil, diretor provincial da Saúde.

"Reconhecemos que ainda temos défice de unidades sanitárias, se formos olhar para aquilo que é a distância que a comunidade percorre para ter acesso aos cuidados de saúde. Atualmente, a população percorre uma distância de 14.8 quilómetros, está acima do ideal, a população deve pelo menos percorrer abaixo de 10 quilómetros", admite o responsável. "Mas este défice vai ser resolvido de forma gradual e não de uma vez por todas", acrescenta.

308 unidades sanitárias é o número considerado razoável para minimizar a atual situação dos mais de 14 quilómetros percorridos pela maioria da população, assim como do rácio de 20 mil habitantes por cada unidade hospitalar.

Atualmente, seis centros de saúde estão em construção na província para fazer face ao défice, sendo que as comunidades residentes nas linhas fronteiriças constituem prioridade por optarem pelos serviços dos outros países onde também passam por situações lamentáveis, segundo o governador da província, Domingos Viola.

"Muitas das vezes, quando nós visitamos as comunidades fronteiriças, elas sempre lamentam que quando recorrem a alguns serviços de saúde nos países vizinhos passam por algumas humilhações. Para eliminarmos esse fenómeno que não é abonatório, estamos a construir unidades sanitárias nas zonas fronteiriças", explica.

Passam com frequência por estas situações algumas comunidades do distrito de Angónia, Moatize, Mutarara e Macanga que dividem fronteira com o Malawi, assim como as comunidades dos distritos da Marávia e Zumbu, na linha limítrofe com a República da Zâmbia.

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