A falta de profissionais especialistas nos hospitais da província moçambicana de Inhambane tem feito doentes percorrer mais de 250 quilómetros à procura de médicos.
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Muitos doentes acabam perdendo a vida pelo caminho. Outros têm recorrido aos hospitais privados. O médico-chefe na Direção Provincial de Saúde na região, Stelio Tembe, confirma, em entrevistaà DW África, a insuficiência de pessoal nos hospitais na província moçambicana de Inhambane e diz que está a ser feito um esforço para minimizar a situação.
Faltam profissionais para tratar doenças de fígado, febre tifóide, tuberculoses. Além de doenças relacionadas com o vírus HIV/SIDA e até mesmo tratamento para mulheres que sofreram lesões durante o parto.
Na região de Inhambane, há médicos especialistas apenas nos Hospitais Provincial e Rurais de Vilanculo, Massinga, Chicuque e Quissico. Ainda assim, em número reduzido.
Mortes
Segundo disse em entrevista à DW África Abel Pedro, membro do Observatório do Fórum da Sociedade Civil (FOPROI) em Inhambane, o problema é muito sério, pois, diante desta situação, nem todos conseguem ser atendidos e por isso acabam perdendo a vida.
Ele conta ter assistido pacientes que percorreram cerca de 300 quilómetros em viaturas privadas desde a Cidade de Maxixe até chegar ao Hospital Rural de Vilanculo.
Ainda segundo Abel Pedro, a tensão político-militar em Moçambique e a crise económica podem ter feito com que muitos médicos regressassem às suas regiões de origem. "Isso é um problema muito sério. Já assisti alguns doentes que tinham de sair daqui [daCidade da Maxixe] e ir a outros distritos. Além de irem ao Hospital Provincial de Inhambane, também têm ido ao Hospital Rural de Vilanculo para se submeterem a operações”, diz Abel Pedro.
Dívidas ocultas
Sobre a falta de médicos, ele acredita que especialistas podem ter regressado às suas terras por causa da crise e "das dívidas ocultas que o Governoefetuou”, acrescenta o membro do FOPROI.
Stelio Tembe, médico-chefe na Direção Provincial de Saúde em Inhambane, afirma que a falta de médicos especialistas nos hospitais públicos afeta, sobretudo, as zonas rurais e alguns distritos. "Já temos médicos nas sedes distritais. O nosso foco é continuar a colocar médicos nos postos administrativos”, conclui.
Carências do principal hospital de Bissau
O Hospital Nacional Simão Mendes é considerado a unidade hospitalar de referência na Guiné-Bissau. Mas falta quase tudo: pessoal especializado, medicamentos básicos, aparelhos de diagnóstico.
Foto: Gilberto Fontes
Crise política deixa hospital a meio gás
Com a instabilidade política agravaram-se as necessidades no principal hospital da Guiné-Bissau e caíram por terra as expectativas da equipa hospitalar que esperava mais atenção por parte das autoridades. A Cruz Vermelha e os Médicos Sem Fronteiras prestam apoio. Mas, mesmo assim, perdem-se muitas vidas por falta de condições básicas de assistência.
Foto: Gilberto Fontes
À espera da hemodiálise...
O país ainda não consegue tratar doentes com insuficiência renal. O hospital tem estas instalações novas para iniciar tratamentos. Só falta a máquina da hemodiálise. Curioso é que o equipamento está no hospital, fechado há anos numa sala, cuja chave está com o Ministério da Saúde, segundo fonte hospitalar. Um nefrologista e vários técnicos fizeram formação em diálise, que ainda não podem aplicar.
Foto: Gilberto Fontes
Enquanto isso a população sofre
Doentes, como esta senhora, só podem receber tratamentos de hemodiálise no Senegal. No entanto, cada sessão chega a custar 150 euros. O que é insustentável para muitos doentes que, normalmente, necessitam de várias sessões semanais. Quando a doença é detetada numa fase inicial, aciona-se a evacuação para Portugal. Mas o processo é moroso. Muitos doentes acabam por falecer por falta de tratamento.
Foto: Gilberto Fontes
Há equipamentos novos parados...
O técnico de radiologia Hécio Norberto Araújo lamenta que este aparelho novo de radiografias esteja praticamente parado. Só faz alguns exames, em casos de urgência. Também o equipamento de mamografia nunca funcionou devido à falta de acessórios, como o chassi e o aparelho de revelação. O hospital militar continua a ser o único no país a fazer mamografias e tomografias, que podem custar 100 euros.
Foto: Gilberto Fontes
E máquinas obsoletas em uso
Na falta de opções, este velho aparelho de raio x continua a ser muito requisitado. Ninguém sabe quantos anos tem o equipamento que funciona com arranjos improvisados de fita-cola. A pequena sala de diagnóstico está desprovida de qualquer proteção contra as radiações. O único avental de proteção está estragado. Os técnicos de radiologia estão diariamente expostos a radiações eletromagnéticas.
Foto: Gilberto Fontes
Sem mãos a medir na pediatria
Esta unidade costuma estar cheia, principalmente na época das chuvas, com o aumento de casos de malária ou paludismo e diarreia nas crianças. Neste serviço com 158 camas, há apenas nove médicos efetivos e quase 40 enfermeiros. Entre o pessoal médico, conta-se um único especializado em pediatria. A falta de um eletrocardiograma é responsável pelo diagnóstico tardio de cardiopatias entre os menores.
Foto: Gilberto Fontes
Nem medicamentos para emergências
Nos cuidados intensivos há apenas um cardiologista. A maioria do pessoal médico são clínicos gerais. Por vezes, em plena situação de paragem cardíaca, falta medicação de urgência que os familiares do doente têm de se apressar em providenciar. A equipa hospitalar quer mais investimento em formação e em condições de trabalho. Só assim pode salvar mais vidas e diminuir a evacuação para o exterior.
Foto: Gilberto Fontes
Faltam lençóis e comida
O Hospital Nacional Simão Mendes tem mais de 500 camas. Mas não tem lençóis que cheguem para fazer a cobertura de todas elas. Devido à falta de pijamas, muitos doentes ficam hospitalizados com a roupa que trazem no corpo. Além disso, não há como providenciar alimentação aos pacientes que, na maior parte das vezes, ficam dependentes da comida que os familiares conseguem fazer chegar.