Na província da Zambézia, no centro de Moçambique, os populares estão revoltados porque há farmácias de hospitais que estão sem medicamentos. As autoridades negam que haja falta de medicamentos.
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Tomé Joaquim teve de andar cinco quilómetros para chegar ao hospital rural de Alto Molocue. Na mão, levava uma receita médica onde estavam prescritos três medicamentos. Mas na farmácia do hospital disseram-lhe que os medicamentos estavam esgotados: “Não recebi medicamentos, porque aqui não tem.”, contou à DW África.
O caso de Tomé Joaquim não é o único. Os pacientes queixam-se que várias unidades de saúde na província da Zambézia, no centro de Moçambique, não têm medicamentos essenciais para tratar a malária ou mesmo para curar simples dores de cabeça.
Venda clandestina de medicamentos
Marcelino Mueia-fata de medicamentos nas farmaciaz 17.05.2017 - MP3-Mono
Mulheres com bebés, idosos e jovens voltam para casa de mãos vazias. Foi o que aconteceu também a Anselmo Carlos: “Eu estou aqui há uma hora. E ainda não fui atendido. É frequente a falta de medicamentos e a morosidade. E o atendimento é a partir da 8 ou 9 horas locais. Há problemas aqui no hospital. Nós, o povo, estamos a chorar.”
Como não há medicamentos, quem tem dinheiro recorre aos vendedores ilegais, instalados nos bairros em redor. Aí, há fármacos que são dez vezes mais caros do que na farmácia do hospital.
O Director Distrital de Saúde de Alto Molocue, recusou prestar declarações à DW África, por não ter autorização superior para falar sobre o assunto.
Autoridades mantêm que não há falta de medicamentos
Mas o director provincial da saúde da Zambézia, Hidayate Kassim, desmentiu a falta de medicamentos nas farmácias dos hospitais públicos: “Nós temos medicamentos essenciais e até alternativos para tratar as doenças mais comuns”. Ou seja, explica, mesmo que falte um determinado medicamento, esse pode ser substituído por outros em stock: “O que estamos a fazer agora é trabalhar para uma maior coesão entre o clínico e o farmacêutico” para determinar que medicamentos existem nas farmácias públicas, diz o responsável.
Mas os pacientes não se contentam com a explicação e insistem na denúncia. Francisco António foi outra das pessoas que não conseguiu comprar medicamentos. E queixa-se da morosidade que considera estar pior do eu nunca: “Vinha levantar medicamentos, tenho um abcesso no pé. Mas ainda estou a esperar.” Este popular conta que viveu alguns anos no Zimbabué, onde nunca teve um problema semelhante: “Em Moçambique é assim, já nos acostumámos, o sofrimento é nosso.”
Moçambique: Ultrapassar preconceitos contra pessoas com deficiência fazendo desporto na praia
A equipa de voleibol sentado da AAIPD ruma, uma vez por mês, à Praia da Costa do Sol, em Moçambique, para um jogo ao ar livre. A equipa, que pretende superar preconceitos, conta já com 40 atletas. Número está a crescer.
Foto: Privat
Voleibol sentado de praia
A Associação Aeroclube para Inclusão de Pessoas com Deficiência (AAIPD), criada pelo empresário moçambicano Vaz de Sousa, tem vindo a desenvolver vários projetos na área da inclusão em Moçambique, nomeadamente através da prática de desporto. Recentemente, lançou a modalidade de voleibol sentado de praia.
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Equipa a crescer
A publicidade boca a boca fez com que depressa começassem a chegar atletas. Hoje a equipa é composta por cerca de 40 pessoas portadoras de deficiência, na sua maioria, com membros amputados ou paraplégicas, e com idades compreendidas entre os 27 e os 60 anos, um dado que "surpreendeu pela positiva" o mentor do projeto. O número de interessados tem vindo a crescer.
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Mulheres em maioria
Apesar da prática de desportos em equipa ser muitas vezes associada ao sexo masculino, na equipa de voleibol sentado de praia da AAIPD, a maioria dos jogadores são mulheres.
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Do salão para a praia
A equipa está sob a alçada de Luís, que nasceu em Espanha, mas conta já com nacionalidade moçambicana, e que se interessou pelo projeto. Foi também um dos responsáveis por levar a prática do desporto do salão para a praia.
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Regras semelhantes
Apesar de "específicas" para este desporto adaptado, as regras do voleibol sentado de praia não diferem muito das que conhecemos. O objetivo mantém-se: fazer passar a bola sobre a rede evitando que esta toque no solo. No voleibol sentado de praia, o campo e a altura da rede são menores do que no voleibol convencional.
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Comunidade Mahometana
Graças à ajuda da Comunidade Mahometana, a equipa de voleibol sentado da AAIPD pode, desde o início deste ano, uma vez por mês, rumar à Praia da Costa do Sol para uma partida ao ar livre. À DW África, Vaz de Sousa destaca a "alegria" com que os atletas "vão e voltam" deste dia passado na praia.
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Treinos semanais
Para além das idas à praia, a equipa reúne-se quatro vezes por semana para praticar o voleibol sentado de salão. Os treinos acontecem no campo da Comunidade Mahometana, localizado na baixa da cidade de Maputo.
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Competição
Um dos objetivos da AAIPD é conseguir chegar à competição. Mas, para isso, é necessário que integrem a equipa atletas mais jovens. Algo que não é fácil, explica Vaz de Sousa, pelo facto de, em Moçambique, as pessoas portadoras de deficiência ainda "terem vergonha" de se expor. Para além de outras dificuldades que existem ao nível da locomoção na cidade, por exemplo.
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Mais projetos
A AAIPD pretende juntar às modalidades já existentes - futsal para cegos, atletismo para cadeirantes e voleibol sentado - o futebol para pessoas amputadas. O lançamento de uma campanha para a inclusão de pessoas com necessidades especiais no mercado de trabalho e a organização de um desfile de moda para mulheres com deficiência são outros projetos para o futuro.