Famílias atingidas pelo mau tempo em Tete pedem mais apoio
Jovenaldo Ngovene (Tete)
1 de fevereiro de 2022
Em Tete, centro de Moçambique, a população afetada pela tempestade tropical Ana diz que o apoio nos centros de acomodação não tem sido suficiente. Governo diz que já está a preparar um centro definitivo para os acolher.
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Cerca de 2.450 famílias foram diretamente afetadas pela subida das águas do rio Rovubwe, que transbordaram na sequência do mau tempo. Além de afetar a zona norte de Moçambique, a tempestade também fustigou a província de Tete, no centro do país.
Para fazer face à situação, o Governo, através do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD), montou dois centros na escola industrial de Matundo e na escola Joaquim Chissano, na cidade de Tete.
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Mas o apoio não tem sido suficiente para suprir as necessidades das vítimas, queixam-se alguns dos afetados. "Ainda não tive nada, comida recebe-se em fila, parece que estamos a voltar aos anos oitenta ou setenta e tal", disse à DW África um dos reassentados.
"Queremos mais apoio. Por exemplo, lá onde eu estava, não sei até quando vou conseguir construir", queixa-se outro dos afetados pelo mau tempo em Tete.
Assistência até quando?
A delegada provincial do INGD, Teresa Jeque, não sabe até quando os reassentados serão assistidos. "Neste momento não podemos precisar, porque acompanhando a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia, estando na época chuvosa que ainda não terminou, temos de nos precaver", afirma.
A secretária de Estado na província de Tete, Elisa Zacarias, de visita ao centro de acomodação na escola industrial de Matundo, esclareceu que os dois centros não são definitivos. "Os desafios são grandes, este centro aqui é transitório e não definitivo. O Governo já está a preparar um centro definitivo e lá sabem muito bem que a nossa população perdeu tudo, então para além de dar comida estamos a pedir utensílios também", disse.
Nestes dois centros na cidade de Tete já foram montadas brigadas da saúde para a assistência de doentes. Foram também distribuídas tendas e redes mosquiteiras, mas até ao momento apenas uma minoria as recebeu.
Nos últimos anos, Moçambique foi várias vezes assolado por tempestades e ciclones que causaram mortes, graves danos materiais e forçaram a deslocação de um grande número de pessoas.
Em janeiro deste ano, a tempestade tropical Ana fez, pelo menos, 20 mortos no país, seis dos quais em Tete, num balanço ainda preliminar das autoridades moçambicanas.
Chuva intensa causa estragos em Maputo
Depois de um fim-de-semana de chuvas intensas, os velhos problemas de saneamento voltaram a afetar os bairros periféricos da capital de Moçambique, como Hulene, Ferroviário, Laulane, Maxaquene e Polana Caniço.
Foto: Romeu da Silva/DW
A força das águas
Depois de um fim de semana de chuvas intensas, os velhos problemas de saneamento voltaram a afetar os bairros periféricos da capital de Moçambique, como Hulene, Ferroviário, Laulane, Maxaquene e Polana Caniço. Habitantes tentam agora reparar os estragos em casas e ruas inundadas.
Foto: Romeu da Silva/DW
Silo não resistiu
No bairro da Maxaquene, o município de Maputo está a construir um silo para armazenar as águas de uma rua que fica inundada sempre que chove. O empreendimento não aguentou a intensidade das chuvas do fim de semana e a própria estrutura ficou inundada.
Foto: Romeu da Silva/DW
Novo desabamento na lixeira de Hulene
Foi neste local, há três anos, que um monte de lixo deslizou e matou 16 pessoas, destruindo várias residências. Um novo desabamento na sequência das últimas chuvas em Maputo não causou danos. Com crónicos problemas de erosão, o bairro de Hulene não foi tão afetado pela intempérie. Desta vez, os residentes colocaram vários detritos, sobretudo plástico, para travar o avanço da areia.
Foto: Romeu da Silva/DW
Reparar os estragos
Em vários bairros, o cenário repete-se: residentes com ferramentas nas mãos tentam reparar os danos causados pelas chuvas intensas. A água invadiu muitas residências como esta, no bairro Ferroviário, e os moradores apressam-se a tapar as aberturas criadas pela queda da chuva.
Foto: Romeu da Silva/DW
Ruas alagadas
Dentro e fora de casa, a água estagnada após a chuva intensa é um enorme problema para os moradores.
Foto: Romeu da Silva/DW
Vias intransitáveis
Sempre que chove, as vias de acesso ficam neste estado. É praticamente impossível a circulação de viaturas.
Foto: Romeu da Silva/DW
Andar a pé também é um problema
O município está a tentar várias técnicas de bombeamento para retirar as águas estagnadas das ruas. Enquanto isso, os peões vêem-se forçados a recorrer a botas de cano alto para andar nas tuas alagadas. Há mesmo quem alugue as suas botas para a travessia dos charcos.
Foto: Romeu da Silva/DW
Nem os muros travam a chuva
Nesta e em muitas residências no bairro da Maxaquene, as águas destruíram a vedação, que não foi capaz de impedir as inundações. Ao fundo da rua, trabalhadores municipais tentam bombear as águas para reduzir o impacto da enchente.
Foto: Romeu da Silva/DW
Muito trabalho pela frente
As imagens impressionam: bastaram alguns dias de chuvas fortes para muitas casas como esta, no bairro de Polana Caniço, sofrerem com os problemas de saneamento.
Foto: Romeu da Silva/DW
Conduzir pelas águas
Nas ruas e avenidas da periferia só mesmo quem tem uma viatura com suspensão alta é que pode arriscar entrar nestas "lagoas" para circular.
Foto: Romeu da Silva/DW
Obstáculos à rotina
Muitas famílias passaram noites em claro para enfrentar a tempestade. Mal a chuva passou, puseram mãos à obra para limpar casas e pertences. Nos dias seguintes, o dia-a-dia foi dificultado pelas águas estagnadas.
Foto: Romeu da Silva/DW
Água, água e mais água
As ruas assemelham-se a cursos de água nos bairros periféricos. Os residentes fazem muita ginástica para encontrarem as principais vias que dão acesso ao centro da cidade.