Familiares dos angolanos muçulmanos indignados com a justiça
Lusa | ar
19 de outubro de 2017
Os familiares dos seis angolanos muçulmanos acusados de organização terrorista e de jurarem fidelidade ao grupo Estado Islâmico manifestam-se hoje indignados com um julgamento em que, alegam, "não existem provas".
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O julgamento, que decorre na sétima secção do Tribunal Provincial de Luanda, arrancou na segunda-feira (126.10.), e prosseguiu esta quinta-feira com os familiares dos acusados, cinco dos quais em prisão preventiva há quase um ano, a questionaram a veracidade dos crimes de que são acusados.
"Esperamos para breve um esclarecimento, porque sabemos que são todos inocentes, esperamos que pela acusação que foi feita que mostrem as provas", exortou Nsimba Madalena Panzo, irmã de um dos acusados neste processo, Lando Panzo.
De acordo com a acusação, datada de 26 de abril, os suspeitos criaram em 2015, em Angola, o "grupo muçulmano radical denominado "Street Da Was".
Julgamento decorre à porta fechada
Para a irmã do acusado, a detenção e o julgamento têm-se traduzido numa "intensa perturbação" da família, sobretudo desde o período em que desconheciam o paradeiro de Lando Panzo. "Estamos muito indignados com isto, muito tristes, ficámos um mês em intensa perturbação porque não sabíamos o paradeiro do nosso irmão, ele foi apanhado na rua sem mandado de captura", disse, afirmando que o Islão "é uma simples religião"."É uma religião como outra, agora que tem a ver com terrorismo? isso não é verdade", disse, em declarações à agência de notícias Lusa no arranque de mais uma sessão do julgamento, que decorre à porta fechada, em Luanda.
"A minha mãe já não goza de boa saúde devido essas acusações, que são muito graves. É triste porque sinto que apenas querem atingir os muçulmanos", disse. Por isso, Nsimba Madalena Panzo só pede que se faça justiça: "Que o Ministério Público levante estas acusações".
"Queremos apenas justiça"
O apelo para justiça foi também deixado por Assany Salvador, irmão de Joel Saidy Salvador, de 21 anos, por considerar este é inocente, já que, afirma, nem sequer sabe manusear uma arma: "Ato de terrorismo se ele nunca saiu fora do país? E não há provas concretas, por isso queremos apenas justiça".
Para o irmão de Assany, "professar o islão não deve ser confundido com terrorismo", uma vez que "não existe" orientação nesse sentido no Alcorão, o livro sagrado para os muçulmanos.
"Já o li do princípio ao fim e não vi nenhum sítio onde Alá ou o nosso profeta Mohamed decreta que temos de matar pessoas. Eu sou contra o terrorismo, sou angolano e se eu vir alguém com esse ato de terrorismo seria o primeiro a denunciar", concluiu.No arranque do julgamento a coarguida Ana Júlia Kieto, de 36 anos, que aguarda julgamento em liberdade, disse aos jornalistas que está a ser julgada "simplesmente por ser muçulmana".
Os acusados incorrem num crime previsto na Lei de Combate ao Branqueamento de Capitais e Financiamento do Terrorismo, de 2011, que prevê uma moldura penal de cinco a 15 anos de prisão efetiva para quem participar na constituição de grupo, organização ou associação terrorista.
Têm entre 23 e 39 anos, são residentes em Luanda e, de acordo com a acusação, criaram o grupo 'Street Da Was', "formado por cidadãos nacionais convertidos ao Islão", tendo como objetivo "a divulgação do islamismo nas ruas, usando a sigla 'ISLAMYA ANGOLA'", que "publicava e disseminava entre os seus elementos, através das redes sociais, matérias e temas de cariz radical".
Um lenço para todas as ocasiões
Coloridos ou simples, no casamento ou no enterrro - as mulheres africanas têm um lenço de cabeça para cada ocasião. Para muitas ele é parte integrante da roupagem. Veja aqui exemplos de toda a África.
Foto: DW/T. Amadou
Proteção contra os espíritos maus
A moda do lenço de cabeça em África tem muitas facetas. Há inúmeras formas de atar o pano e muitos tecidos por onde escolher. Muitas mulheres no Burkina Faso dizem que o lenço não protege apenas da chuva, mas também dos espíritos maus. E todas gostam de ser cumprimentadas, porque os lenços são mesmo espectaculares.
Foto: DW/R. Tiene
Dia e noite
"Adoro o meu lenço de cabeça", diz a queniana Winnie Kerubo. "Sinto-me mais respeitada quando o uso. Sem o meu lenço, por vezes não me sinto nada confortável". A jornalista de 21 anos, de Mombasa, tem um lenço para cada ocasião: em casa, no trabalho, para casamentos e até para dormir – para manter o penteado em forma.
Foto: DW/E. Ponda
Identidade muçulmana
"Uso o lenço porque é a expressão da minha identidade muçulmana. Penso que é muito bonito e uso-o sempre que saio de casa", diz Adisa Saaki, da capital ganiana, Accra. A mãe da modista de 23 anos ensinou-lhe a atar os lenços com rapidez e facilidade.
Foto: DW/I. Kaledzi
Tradição africana
"As mulheres senegalesas são famosas pela elegância", diz Aissata Kane. O lenço de cabeça é uma contribuição importante para esta elegância, porque combina muito bem com a roupa africana ou ocidental, afirma. Ela própria é muçulmana, mas salienta: "Usar lenço de cabeça é uma tradição africana – não só das mulheres muçulmanas!"
Foto: DW/M. Alpha Diallo
Nunca sem lenço
Na Nigéria há centenas de maneiras de atar um lenço de cabeça. Para muitas mulheres trata-se de um acessório da moda. "Uso lenço de cabeça para ficar mais bonita", diz Mairo Buba, de 50 anos, do estado federado de Adamawa, no nordeste da Nigéria. Ramatu Shu'abu, de 21 anos, concorda: "Uma mulher que não usa lenço para completar a roupagem não fica bem".
Foto: DW/Abdul-Raheem Hassan
Símbolo de maioridade
Fátima Assimuna tem 38 anos e vive em Pemba, no norte de Moçambique. A empregada doméstica gosta de usar lenços de cabeça, porque está "habituada a que as mulheres os usem, por tradição". Para Fátima Assimuna o lenço faz parte da beleza feminina. "Aprendi a atar e usar lenços durante os ritos de iniciação à idade adulta".
Foto: DW/E. Silvestre
De menina a senhora
"Cada vez mais mulheres usam lenço de cabeça em Accra", diz Junita Sallah do Gana. "Penso que o lenço acentua a beleza da mulher. Com lenço sinto-me como uma senhora". A jornalista multimédia de 27 anos tem um lenço de cabeça à mão em qualquer ocasião.
Foto: DW/I. Kaledzi
Um lenço para mulheres casadas
Bongi Khumalo vende recordações na praia da cidade sul-africana de Durban. O seu lenço de cabeça mostra que é uma mulher zulu casada. "O lenço dá-me dignidade", diz a comerciante de 65 anos. Mas nas grandes cidades como Durban já há muitas mulheres zulus que não usam mais lenço.
Foto: DW/S. Govender
Parte do vestido de noiva
Este lenço de cabeça é muito especial para Nana Ama Akyia Barnieh, porque o vai usar no seu casamento. Na cultura akan do Gana, o lenço de cabeça é um sinal que uma mulher quer casar ou ter filhos. "Gosto do lenço porque salienta esta componente cultural da minha personalidade", diz Nana Ama.
Foto: DW/I. Kaledzi
Nobre e valioso
Azahra Shawurgi tem 18 anos e vive na região de Agadez, no Níger. "Comecei a usar lenço aos 15 anos", lembra-se. "Nesse dia fizemos uma grande festa". As mulheres tuaregues no Níger usam o lenço em ocasiões muito especiais, por exemplo, nas festas islâmicas. "Os lenços são muito caros, um custa 100 euros", conta uma das mulheres.