Último relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura revela que a produção agrícola está a diminuir em Angola, onde 54% da população vive em zonas rurais.
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O relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), sobre o estado mundial da agricultura e alimentação divulgado nesta segunda-feira (15.10), em Roma, destaca a queda da produção agrícola em Angola, país onde 54% da população vive em zonas rurais.
O último levantamento da FAO mostra que a produção total de cereais em 2016, em Angola, foi de 1,6 milhões de toneladas. Porém, vários observadores entendem que ainda é cedo para avaliar as novas medidas do Presidente, João Lourenço, para aumentar a produção.
UE apoia com 3,5 mil milhões de euros
No início deste mês de outubro, foi lançado um novo programa de Segurança Alimentar (FREZAN) financiado pela União Europeia. No total, serão 3,5 mil milhões de euros investidos até 2020.
O embaixador de Angola na FAO, Florêncio de Almeida, afirma que investimentos estrangeiros são bem-vindos para o desenvolvimento da agricultura em Angola.
"A diversificação da economia tem como base fundamentalmente a agricultura porque precisamos trabalhar para garantir a auto-suficiência alimentar para não só satisfazer as necessidades internas do país, bem como exportar o excedente para que o país possa arrecadar divisas", sublinha o embaixador.
Mais investimento para jovens agricultores
Uma boa notícia é que o número de jovens que vivem em zonas agrícolas em Angola cresceu nos últimos 20 anos. As estatísticas mostram que existem 57 jovens para cada mil hectares de terras cultiváveis no país. É, por isso, fundamental, que o investimento do Governo chegue até essas regiões e sejam criadas oportunidades para os jovens, diz o embaixador Florêncio de Almeida.
"Vamos definir políticas para que possamos pôr os jovens no campo, garantir projetos integrados de desenvolvimento rural que permitam que eles possam fixar-se nas zonas de origem", afirma.
A FAO e Angola têm uma aliança estratégica até 2020 para aumentar a capacidade de pequenos agricultores e pescadores na adaptação ao impacto das mudanças climáticas.
O Mecanismo da Sociedade Civil, organismo independente que atua junto da FAO, também publicou um relatório em que afirma que o direito à alimentação é o direito humano mais violado globalmente nos últimos 14 anos. Joana Rocha integra a organização e destaca a atuação dos países africanos de língua portuguesa na luta contra a fome.
"No caso de Angola, concretamente, estamos bastante otimistas com a possível constituição, muito proximamente, de um Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, no qual a sociedade civil tem voz", disse à DW África Joana Rocha.
Angola regista queda na produção agrícola – relatório da FAO
Integrar migrantes
O trabalho dos migrantes rurais é fundamental para o equilíbrio da agricultura mundial, conclui o novo relatório da FAO sobre o Estado Mundial da Produção Agrícola. O número de pessoas que migraram internamente chega a mil milhões.
A FAO insta, portanto, os governos a criarem políticas de integração e investimentos locais para que a migração seja uma escolha, não uma obrigação. O documento indica ainda que em África os deslocamentos internos provocados por conflitos e adversidades climáticas aumentaram consideravelmente.
Artistas da CPLP unidos contra a fome
Mais de 50 artistas doaram as suas obras para a campanha "Juntos contra a Fome". Os trabalhos estão expostos na galeria da UCCLA em Lisboa. O objetivo: angariar fundos para ajudar a erradicar a fome nos países lusófonos.
Foto: DW/João Carlos
Exposição na sede da UCCLA
Por uma causa nobre, mais de 50 artistas dos países de língua portuguesa doaram as suas obras para a campanha "Juntos contra a Fome". Mais de 90 trabalhos estão expostos até ao dia 22 de setembro na Galeria da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), em Lisboa. O objetivo: angariar fundos para ajudar a erradicar a fome nos países que falam português.
Foto: DW/João Carlos
Direitos humanos longe de serem realidade
A exposição, cuja organização contou com a ajuda do artista angolano Carlos Bajouca, foi inaugurada a 5 de setembro pela secretária executiva da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Maria do Carmo Silveira disse que, apesar dos "grandes esforços" no plano nacional e internacional, o direito humano a uma alimentação adequada está longe de ser uma realidade.
Foto: DW/João Carlos
Não depender sempre da ajuda externa
A mostra abre com um painel do são-tomense Estanislau Neto, que, tendo recorrido a imagens de vacas, valoriza a importância da agricultura e da pecuária no processo de produção alimentar. A criação de gado, de acordo com o artista, seria uma das vias sustentáveis no combate à fome, para contrariar a dependência de donativos.
Foto: DW/João Carlos
Estratégia para segurança alimentar
O desafio é mobilizar apoio para milhões de pessoas que vivem com falta de uma alimentação adequada. Nos países onde se fala português, mais de 20 milhões de pessoas enfrentam esta realidade. Na imagem, fotografias da portuguesa Maria João Araújo.
Foto: DW/João Carlos
Envolvimento da sociedade civil
A campanha "Juntos contra a Fome", lançada em fevereiro de 2014, tem mobilizado a sociedade civil, incluindo escritores, académicos, jornalistas, desportistas e políticos. O angolano Marco Kabenda, autor desta obra, é um dos artistas que apadrinha a iniciativa. A ele juntam-se vários pintores, escultores e tecelões dos nove países onde se fala português.
Foto: DW/João Carlos
Abrir mentes contra o preconceito
Júlio Quaresma também ofereceu um dos seus quadros, que representa a explosão das convenções na atual dinâmica da modernidade. O artista angolano acredita que só se consegue dinamizar e fazer avançar as sociedades quando abrirmos as nossas mentes sem preconceitos, em defesa de uma causa como esta: a da luta contra a fome e a pobreza.
Foto: DW/João Carlos
O poder e a gestão da água
Entre os quadros de Ismael Sequeira, destaque para a temática da gestão da água. O artista são-tomense expressa assim a sua inquietação perante a carência deste líquido precioso. Lembra que a água é importante para a vida e necessária para a agricultura, embora não seja distribuída com racionalidade.
Foto: DW/João Carlos
Amor ao próximo para acabar com a fome
As esculturas do moçambicano Frank N’Taluma transportam sempre consigo uma mensagem apelativa. Aqui, o artista apela ao amor ao próximo. "Para acabar com a fome temos que amar o próximo", afirma, condenando o facto de muita comida ser desperdiçada e deitada para o lixo quando se sabe que há milhares de pessoas a necessitarem de alimentação.
Foto: DW/João Carlos
Outros contributos moçambicanos
De igual modo, o conceituado artista plástico moçambicano Lívio de Morais não ignorou o sofrimento dos que fazem parte das estatísticas da fome nos países lusófonos. A sua contribuição é tão valiosa quanto a dos seus conterrâneos Roberto Chichorro ou Malenga, Sérgio Santimano e José Pádua, também representados na exposição.
Foto: DW/João Carlos
Cinco projetos já financiados
Até agora, de acordo com a CPLP, a campanha "Juntos contra a Fome" já angariou 175 mil euros na campanha ", que permitiram viabilizar cinco projetos em Cabo Verde, na Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Moçambique. Este quadro do guineense João Carlos Barros é mais um grão no esforço para angariar mais recursos financeiros para apoiar outros países.
Foto: DW/João Carlos
Promover a agricultura familiar
Os projetos são implementados a 100% por organizações não-governamentais locais, visando promover a agricultura familiar sustentável, assim como reduzir o número de famílias afetadas pela fome nos países lusófonos. Abel Júpiter ofereceu este quadro para o acervo de peças doadas pelos mais de 50 artistas.
Foto: DW/João Carlos
Expetativas para o leilão
No final da exposição, no dia 22, será feito um leilão, para o qual os promotores pediram a participação de todos os que querem dar o seu contributo e engrandecer esta causa. Rui Lourido, diretor do Setor Cultural da UCCLA, também abraça a causa. Na foto, alguns dos artistas que apadrinham a campanha "Juntos contra a Fome".