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FAO apela à mobilização do mundo para combater a fome no Corno de África

25 de julho de 2011

Reunida esta segunda-feira em Roma, para discutir a fome que atinge a região do Corno de África, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) decidiu implementar imediatamente dois programas.

Fome no Corno de África atinge doze milhões de pessoas. A FAO necessita urgentemente de 1,6 mil milhões de dólares para socorrer as populaçõesFoto: AP

Apesar do atual panorama parecer irreversível, os altos representantes dos 191 países da FAO que participaram na reunião extraordinária em Roma concordaram que ainda há tempo para ajudar a população afetada no Corno de África, que soma doze milhões de pessoas.

Ficou decidido que devem ser implementados imediatamente dois programas: um para evitar a iminente catástrofe humanitária e outro para construir um plano de longo prazo para a segurança alimentar na região.

O objetivo agora não pode ser financeiro e sim humanitário, reiterou o ministro da Agricultura francês, Bruno Le Maire, que antecipou a reunião dos doadores e anunciou uma verba extra da França para colocar em prática os programas de urgência.

“O principal objetivo é salvar vidas e assim reunir os meios financeiros necessários”, sublinhou. A reunião permitiu saber em que ponto está a crise e preparar a Conferência dos doadores, que acontecerá dentro de dois dias, em Nairóbi, capital do Quénia. Bruno Le Maire, confirmou ainda que a França decidiu duplicar a ajuda para dez milhões de euros, que se vão assim somar à contribuição total da Europa, que chega a cem milhões de euros.

A Alemanha também anunciou uma ajuda de urgência num montante trinta milhões de euros, revelou Dirk Niebel, ministro da Cooperação Económica e Desenvolvimento.

Europa vai ajudar no combate à fome com cem milhões de euros. A Alemanha anunciou uma ajuda de urgência de 30 milhões de eurosFoto: picture-alliance/dpa

Assistência humanitária enfrenta dificuldades

Os refugiados precisam de assistência humanitária, mas esta nem sempre pode chegar por causa dos perigos de um país comandado pela força da violência, a exemplo da Somália, como relatou a diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentação (PAM), Josette Sheeran. ”Na verdade, desde 2008, nós perdemos catorze voluntários na Somália. Entretanto, nem todo o território do país é inacessível. Hoje nós conseguimos levar todos os dias a um milhão e quinhentas mil pessoas um kit de sobrevivência”, salientou.

Durante a conferência de imprensa em Roma, foi questionada a morosidade das autoridades internacionais, que teriam esperado o agravamento da crise no Corno de África para marcar uma reunião. A resposta também veio da diretora-executiva do PAM. Josette Sheeran disse que a seca foi prevista há um ano, juntamente com a FAO, e que desde então o trabalho já havia sido iniciado.

Josette Sheeran, diretora-executiva do Programa Mundial de AlimentaçãoFoto: dapd

“Nos últimos oito meses, o PAM arrecadou quinhentos mil milhões de dólares com ajuda dos doadores para criar estoques de abastecimento e outras ações no Corno de África. O problema é que toda a vez que a chuva não vem a situação fica cada vez mais crítica e as maiores perdas de vida humana estão em áreas inacessíveis”, explicou.

Josette Sheeran disse também estar-se perante “uma tripla ameaça para cerca de dois milhões e duzentas mil pessoas que é a combinação de uma seca histórica, que cada vez mais se intensifica, e afeta uma população já vulnerável.”

A tudo isto junta-se à subida do preço dos alimentos, porque não há comida suficiente na região. “É isso que a seca representa. Não há uma colheita normal. Somando isso com os conflitos na região e a inacessibilidade de algumas áreas, o resultado é a vulnerabilidade. É preciso urgentemente promover ações de alcance global e local”, concluiu.

Autores: Rafael Belincanta (Roma)/Madalena Sampaio

Edição: António Rocha

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