Segundo resultados preliminares, o atual Presidente venceu na primeira volta com maioria absoluta, num total de 72,36% dos votos. O candidato da oposição Agbéyomé Kodjo alega fraude e reivindica vitória.
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O Presidente do Togo, Faure Gnassingbé, foi reeleito para um quarto mandato com 72,36% dos votos, segundo os resultados preliminares apurados pela Comissão Eleitoral Nacional Independente esta segunda-feira (24.02). O candidato da oposição e antigo primeiro-ministro Agbéyomé Kodjo denunciou uma suposta fraude eleitoral e também reivindicou vitória.
Um total de sete candidatos disputavam as eleições presidenciais. O chefe de Estado cessante venceu na primeira volta com maioria absoluta. O seu principal rival, Agbéyomé Kodjo, obteve apenas 18,37% dos votos, enquanto que o terceiro candidato, Jean-Pierre Fabre, recolheu 4,35% dos votos.
A taxa de participação nas urnas foi de 76,63%, muito superior à de 2015 (60,99%). É a primeira vez que os resultados são anunciados tão rapidamente no Togo, pouco mais de 24 horas após a votação presidencial, realizada no sábado (22.02), num ambiente calmo.
Se confirmada a vitória, Faure Gnassingbé vai garantir o domínio de meio século de sua família na única nação de África Ocidental ainda comandada por uma ditadura familiar.
O atual Presidente já tinha sido reeleito outras duas vezes, em 2010 e 2015. Uma emenda constitucional aprovada em 2019 limitou o cargo de Presidente a dois mandatos, mas vai ter efeitos apenas nas eleições subsequentes. Assim, Faure Gnassingbé pode concorrer nesta e nas próximas eleições, com chances de manter-se no poder até 2030.
Oposição contesta resultados
Faure Gnassingbé, que chegou ao poder em 2005 após a morte de seu pai, o general Gnassigbé Eyadéma, que governou o Togo por 38 anos, foi reeleito em eleições muito contestadas pela oposição.
Poucas horas antes do anúncio dos resultados oficiais, Agbéyomé Kodjo, que é presidente da Assembleia Nacional, proclamou-se "presidente democraticamente eleito". "Tendo contado os resultados que compilamos através da ata à nossa disposição, nosso candidato venceu a eleição presidencial (...) na primeira volta, com uma pontuação que varia entre 57 e 61%", afirmou aos jornalistas a partir de sua casa em Lomé.
"Sou o Presidente democraticamente eleito e prometo formar um governo inclusivo nos próximos dias", acrescentou, convidando o chefe de Estado cessante a "um sobressalto patriótico para uma transferência pacífica de poder".
A oposição fragmentada do Togo não conseguiu escolher um candidato comum e alguns partidos chegaram a pedir um boicote às eleições de sábado. Jean-Pierre Fabre, o terceiro colocado na disputa eleitoral, disse que não confia na contagem dos votos.
"Antes desta eleição, fizemos várias demandas, todas rejeitadas pelo regime, como, por exemplo, a autenticação dos boletins de voto e a publicação dos resultados para cada assembleia de voto. Isto nos deixa muito desconfiados, por isso estamos muito vigilantes. Pessoalmente, não acredito que o Togo tenha eleições transparentes", sublinhou.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.