Ficção ou verdade? A checagem de informações em África
Bettina Rühl | gcs
6 de outubro de 2019
Na dúvida, é melhor verificar. Este é o lema da "Africa Check", uma organização sem fins lucrativos que monitoriza os discursos de políticos, instituições e jornalistas à procura de informações ou notícias falsas.
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O ar está pesado por causa do gás lacrimogéneo. Ouvem-se disparos. Manifestantes erguem barricadas com pneus em chamas e atiram pedras contra a polícia queniana. Foi isto que aconteceu durante a campanha eleitoral no Quénia, há dois anos. Um dos motivos que levou à escalada da violência em alguns sítios foi a divulgação de mensagens e vídeos falsos – feitos por profissionais – para instigar conflitos.
"Às vezes, pensas que o que te mandam pela Internet pode ser falso. Mas depois vês que houve muitas pessoas que reencaminharam essas coisas. E acabas por pensar que é verdadeiro", diz Eric Otieno, que vive em Nairobi.
Ficção ou verdade? A checagem de informações em África
Alphonce Shiundu e a sua equipa andam à procura de notícias falsas. Shiundu trabalha na "Africa Check", uma organização sem fins lucrativos em Nairobi.
"A informação é o lubrificante que faz avançar as democracias. Informações corretas podem impulsionar as democracias e garantem que as eleitoras e os eleitores tomam decisões políticas baseadas em factos", afirmou.
A organização "Africa Check" foi fundada em 2012 e tem 30 funcionários espalhados pelos escritórios no Quénia, Nigéria, Senegal e África do Sul. O grande objetivo é informar melhor as pessoas.
"A maioria dos africanos navega na Internet sem saber das armadilhas no espaço digital. E, nas redes sociais, obtêm muitas informações falsas que por lá são distribuídas", acrescentou Alphonce Shiundu.
Desinformação
Mas não é só nas redes sociais que a equipa de Shiundu tem descoberto informações falsas. Jornais de renome ou organizações internacionais também já divulgaram informações erradas.
Africa Check: Distinguir factos de ficção
01:20
A imprensa ocidental noticiou, por exemplo, que Nairobi contribuía para 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do Quénia, mas, na verdade, contribui com 20%, como corrigiu o próprio Banco Mundial.
A organização "Africa Check" descobriu também que o Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, espalhou uma informação falsa, ao dizer uma vez que, desde a independência, tinha havido entre 200 mil e 500 mil créditos hipotecários no Quénia.
"Descobrimos os números corretos no banco central queniano: foram menos de 27 mil. E dissemos: 'sr. Presidente, o número correto é o do banco central'. E, quando o Presidente Kenyatta voltou a falar de créditos hipotecários, referiu-se à estatística do banco central. Para nós, foi uma vitória", conclui Alphonce Shiundu.
10 dicas para tornar o seu Facebook mais seguro
Depois do abuso de dados pela empresa Cambridge Analytica, o Facebook é criticado pela falta de proteção de informações pessoais. Mas todos nós podemos contribuir para tornar esta rede social mais segura. Saiba como!
Foto: picture alliance/NurPhoto/J. Arriens
1. Desativar apps de terceiros
Jogos, calendários, petições - há muitas aplicações de empresas terceiras que usamos no Facebook. Cuidado! Foi uma destas apps que despoletou o escândalo da Cambridge Analytica. Por isso, é melhor remover tudo o que não é de confiança e essencial. Isto faz-se clicando na setinha em cima para abrir o menu "Definições". Na secção "Apps e sites" podemos verificar e eliminar as apps instaladas.
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2. Definir o nosso nível de privacidade
Para definir o nosso nível de privacidade, vamos ao menu "Definições" e à secção "Definições e ferramentas de privacidade". Por exemplo, podemos definir que apenas os nossos amigos têm acesso à nossa lista de amigos, ao nosso e-mail e ao nosso telefone. Isto impede a captação destes dados sensíveis por empresas que se fazem passar como "amigos de amigos" como no caso da Cambridge Analytica.
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3. Controlar quem pode usar o meu nome
Sem mudar as definições originais, todos podem identificar o nosso nome em fotografias, vídeos e posts do Facebook (o chamado "tagging"). Para controlar as publicações, vamos ao menu "Definições" e à secção "Cronologia e identificação". Em "Quem pode publicar na tua cronologia?" escolhemos a opção "Apenas eu" e, em baixo, ativamos as revisões de publicações para um controlo maior.
Foto: facebook.com
4. Eliminar anúncios personalizados
Em "Definições" também podemos definir o tipo de publicidade que vemos na secção "Anúncios". Ao restringir o uso dos nossos dados para anúncios não significa que o Facebook não saiba quais as nossas preferências, pois colocamos likes e shares nos posts que interessam. Mas se os anúncios são menos personalizados, torna-se mais difícil desenvolver um perfil detalhado dos nossos hábitos de consumo.
Foto: facebook.com
5. Não conectar um número telefónico
Usar o Facebook sem registar um número telefónico (apenas com um email), pode impedir que a empresa ligue os dados da plataforma Facebook ao WhatsApp, a outra rede social que pertence à empresa Facebook. Quando comprou o WhatsApp em 2014, o Facebook anunciou que não iria conectar os dados das duas plataformas. Mas desde então tem recuado gradualmente.
Foto: picture alliance/dpa/P.Pleul
6. Instagram também faz parte
Não é somente o WhatsApp que faz parte do grupo Facebook, mas também o Instagram. Curiosamente, uma das redes sociais mais usadas pelas pessoas que abandonaram o Facebook. Mas ao contrário do WhatsApp, o Instagram já está estreitamente ligado ao Facebook em termos de intercâmbio de dados. Para as empresas de publicidade, ambas as plataformas são oferecidas como um pacote pelo Facebook.
Foto: Instagram
7. Desinstalar a app do Facebook
Se quisermos diminuir o acesso do Facebook aos nossos dados privados, uma das medidas mais importantes é remover a app do Facebook do telemóvel e passar a abrir a plataforma através de um browser e do endereço www.facebook.com. A app tem a permissão para registar pormenores de chamadas telefónicas como os números ligados ou a duração das chamadas. Usar o Facebook no browser impede este acesso.
Foto: picture-alliance/J.Büttner
8. Escolher bem o browser
Também vale a pena escolher bem o browser. Sempre que navegamos na net, deixamos muitos rastos de dados. Através de pequenos ficheiros no nosso computador ou telemóvel ("cookies"), empresas como o Facebook conseguem identificar ações como compras online. Em 2009, o Firefox foi o primeiro browser a oferecer a opção "Do Not Track" que diminui a recolha de dados online. Seguiram-se outros browsers.
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9. Respeitar a privacidade dos outros
Uma vez publicada uma fotografia ou um vídeo no Facebook ou em outra página da internet, é muito difícil eliminá-la. Como são digitais, é fácil fazer cópias que podem permanecer muitos anos depois da eliminação do original. Por isso, é bom respeitar a privacidade dos outros e também de menores, mesmo sendo os nossos filhos.
Foto: imago stock&people
10. Não publicar o que deve permanecer privado
Podemos considerar as redes sociais como uma espécie de cartaz público. Se temos dados sensíveis, deveríamos usar meios de comunicação protegidos como e-mails codificados ou até o clássico telefone. Vale sempre a pena lembrar que as "redes sociais" não são "redes privadas" e que empresas como a Cambridge Analytica só podem abusar de dados que nós próprios divulgámos e partilhámos.