FIFA garante que o seu apoio vai chegar a Moçambique dentro em breve, para poder garantir que a bola volte a rolar e alegre o povo, que precisa de algum alento. A Liga, que inicia a 27 deste mês, terá o sistema clássico.
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A FIFA vai apoiar os clubes de futebol que militam na primeira divisão moçambicana cujos recintos desportivos foram destruídos pelo ciclone Idai no centro de Moçambique, em março último, anunciou nesta terça-feira (16.04.) o organismo máximo que gere o futebol mundial.
Uma equipa de técnicos da FIFA está em Moçambique para proceder ao levamento das infraestruturas desportivas danificadas pelo ciclone Idai e constatar o estado em que se encontram as obras financiadas pelo organismo, um mês depois da calamidade natural na zona centro.
Trata-se de campos do Ferroviário da Beira, da Manga, o Estádio Municipal da Beira, em Sofala, e o campo da Soalpo em Manica que acolhem o campeonato nacional de futebol. Refira-se que alguns dos campos mais afetados pertencem ao Ferroviário da Beira, Têxtil do Púnguè e ao Textáfrica de Chimoio, clubes que militam na primeira divisão do futebol nacional.
FIFA vai financiar a reconstrução dos campos
Os clubes desta região deverão apresentar um orçamento com os custos da reabilitação das suas infraestruturas desportivas. Por sua vez, o enviado da FIFA à Moçambique, Véron Mosengo-Omba, deverá apresentar ao presidente da FIFA, Gianni Infantino, um relatório sobre os estragos que o ciclone Idai causou aos recintos desportivos na zona centro do país.
"A Fundação FIFA irá analisar o meu relatório e veremos como se irá apoiar, claro, com a parceria da Federação Moçambicana de Futebol”, afirmou Mosengo-Omba, que assegurou que a Fundação FIFA vai comparticipar para reconstruir onde houve estragos, mas em coordenação com a Federação Moçambicana de Futebol, entidade que gere o futebol moçambicano.
Mosengo-Omba acrescentou que não é responsabilidade da FIFA cobrir todas as despesas dos estragos, mas "vai entrar e ajudar no que pode, como forma de garantir que os estragos sejam minimizados”.
O enviado de Gianni Infantino deixou garantias que o apoio da FIFA chegará muito em breve a Moçambique a fim de garantir que as atividades desportivas, como o Moçambola, a principal prova de futebol moçambicano, regressem aos campos assolados pelo Idai.
Moçambola arranca a 27 de abril
Depois de a Liga Moçambicana de Futebol ter anunciado a disputa do campeonato nacional em regiões chegaram garantias de que o Moçambola, o campeonato nacional, será disputado no sistema clássico de todos contra todos. As 16 equipas do 'Moçambola' vão disputar o campeonato nacional de 2019 divididas em duas regiões: sul e centro/norte.
Os dois grupos vão jogar no formato tradicional de todos contra todos, em duas voltas, apurando-se para a fase final os quatro primeiros classificados, que vão jogar no mesmo sistema, também em duas voltas.
A ideia é que no fim do campeonato os últimos cinco classificados desçam de divisão, subindo três. Assim em 2020 o Moambola será disputado por 14 clubes, para manter o campeonato competitivo e sustentável. O organismo federativo optou por aquele modelo, abandonando o sistema em que as 16 equipas jogavam todas entre si, igualmente em duas voltas.
Tal facto foi possível graças a intervenção do Presidente da República, Filipe Nyusi, amante confesso de futebol. Nyusi aproximou-se à Liga Moçambicana de Futebol (LMF), com os parceiros para a viabilização de um campeonato no sistema de todos contra todos.
Segundo o presidente da Liga Moçambicana de Futebol, Nanias Couana, foi o Chefe do Estado que "interveio junto de empresas do Estado, nomeadamente as Linhas Aéreas e Aeroportos de Moçambique, e outras empresas privadas para suportarem os custos do campeonato.”
Moçambola abre na Beira para homenagear vítimas do Idai
A Liga Moçambicana de Futebol decidiu homenagear as vítimas do ciclone Idai com o jogo entre Têxtil do Púnguè, clube da cidade da Beira e União Desportiva do Songo, da província de Tete.
Para o presidente da LMF, Ananias Couana, a realização da cerimónia de abertura na cidade da Beira "é uma forma de "manifestar solidariedade” para com as vítimas do ciclone Idai”, que já fez mais de 600 mortos e milhares de desalojados.
Moçambola começa no dai 27 de abril, depois de a data incial de 30 de março ter sido alterada, devido o ciclone Idai.
Textáfrica: Ruínas e o legado do seu clube de futebol
A Textáfrica foi a maior fábrica têxtil de Moçambique. Instalada na década de 50, hoje sobram apenas ruínas, e o bom nome de seu clube de futebol.
Foto: DW/J. Bernardo
Ano 2000: Extinta a fábrica Textáfrica
A empresa Textáfrica, instalada em 1951, foi a maior fábrica têxtil de Moçambique. Depois da Independência do país, ela teve apoio de cooperantes alemães da República Democrática da Alemanha (RDA). No ano 2000, paralisou as suas atividades e cerca de quatro mil trabalhadores ficaram desempregados. A economia do país foi afectada - a empresa impulsionava a economia moçambicana.
Foto: DW/J. Bernardo
Só ficaram quinquilharias
Nos pavilhões da extinta fábrica, já não se encontram as maquinarias - tampouco parece que este local um dia foi uma fábrica têxtil. Há apenas bugigangas e máquinas obsoletas. Uma dúvida, porém, permanece: para onde foram as maquinarias da Textáfrica?
Foto: DW/J. Bernardo
"Gigante" têxtil abandonada
À primeira vista, a antiga fábrica da empresa moçambicana parece um ginásio. Mas engana-se quem assim o pensa, pois neste local decorriam as atividades de tecelagem. Antigamente, era bem melhor equipada com sistemas de frio e maquinarias de alta potência, entre outros. Caso apareça um investidor, deverá recomeçar tudo do zero...
Foto: DW/J. Bernardo
De plantação de algodão a mercado
Após a falência da Textáfrica, no ano 2000, foram erguidas bancas de venda de diversos produtos na zona onde era plantado o algodão, matéria-prima da empresa têxtil. Neste local, vende-se produtos alimentares, roupas, cereais, tubérculos, frutas, etc. Este é hoje o maior mercado grossista da província, denominado Francisco Manyanga, também conhecido como "Mercado 38".
Foto: DW/J. Bernardo
Carpintaria na fábrica têxtil
Para evitar que as instalações fiquem totalmente abandonadas, a direção da extinta Textáfrica arrenda vários compartimentos da mesma. E, pela escassez de armazéns e empresas extrativas, empresários concorrem às instalações para desenvolverem suas atividades comerciais.
Foto: DW/J. Bernardo
Reativação em breve?
O governador provincial de Manica, Manuel Rodrigues, garantiu há dias que esforços estão sendo envidados, a nível provincial e central, para atrair investidores. O objetivo é colocar em funcionamento aquela que foi a maior fábrica têxtil do país. "Potenciais investidores chineses, indianos e sul-africanos já visitaram o local. Há uma luz no fundo do túnel", disse o governador.
Foto: DW/J. Bernardo
Petizes no antigo centro infantil da Textáfrica
Neste edifício degradado funcionava um centro infantil da antiga fábrica Textáfrica. No local, as crianças dos trabalhadores - e também as que viviam nos arredores – frequentavam as aulas. Hoje, crianças ainda visitam o local, mesmo nas atuais condições. Os petizes brincam, correm e passam tempo ali, de algum modo, a pressionar os dirigentes para a reativação do espaço.
Foto: DW/J. Bernardo
Clube de futebol sem fundos
O clube de futebol da empresa foi criado em 1958. Hoje, a bancada do campo do Grupo Desportivo e Recreativo Textáfrica está sem teto devido à intempérie de janeiro último. A direção está a buscar fundos para reposição, pois, a 31 de março, deverá começar a edição 2019 da maior prova futebolística de Moçambique: "Moçambola".
Foto: DW/J. Bernardo
Equipa fabril em pé e forte!
Estes são alguns dos jogadores do Grupo Desportivo e Recreativo Textáfrica, GDRT: eles mantém o bom nome da empresa! O governador, Manuel Rodrigues, ao centro, é ladeado por Miguel Júnior, técnico-adjunto, e Aleixo Fumo, técnico principal. A equipa arrasta massas em Manica e no país. Apesar da falência da empresa, os futebolistas continuam em pé e forte!
Foto: DW/J. Bernardo
Negócio sustentável
O clube Textáfrica possui alguns artigos timbrados, ou bordados, com o nome da própria fábrica. São chapéus, cascóis, camisetas e muitos outros artigos. É através da venda deste material que o clube GDRT sobrevive, para além do apoio de alguns empresários da praça. Há também uma loja em Chimoio, que vende material desportivo e promove a imagem desta empresa.
Foto: DW/J. Bernardo
Campeão de futebol
A equipa Textáfrica foi a primeira campeã de futebol em Moçambique, mas, de lá para cá, nunca mais ascendeu ao título nacional. O curioso é que, mesmo passando diversas situações difíceis no âmbito financeiro, ela nunca abandonou a competição futebolística.
Foto: DW/J. Bernardo
Futuro
O primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, visitou as instalações em fevereiro de 2018, anunciando interesse de empresários estrangeiros em breve. "Tivemos que vir cá para mantermos contacto e acompanharmos o nosso empreendimento. Nossa visita ao complexo fabril Textáfrica foi para demostrar interesse do Governo em revitalizar a fábrica da Textáfrica", disse.