Com recondução ao cargo, presidente de Moçambique será o candidato do partido no poder nas eleições gerais de 2019. Filipe Nyusi diz que está pronto para servir o partido e que tem trabalho árduo pela frente.
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O presidente da Frelimo, Filipe Nyusi, foi reeleito esta sexta-feira (29.09) presidente da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), com 99,72% dos votos.
Um total de 2.115 delegados estiveram presentes no quarto dia do XI Congresso do partido no poder em Moçambique, que decorre desde terça-feira. Com a recondução à direção do partido, Filipe Nyusi será candidato da Frelimo à reeleição nas eleições presidenciais de 2019.
Filipe Nyusi foi empossado no cargo pelo presidente honorário da Frelimo e ex-chefe de Estado moçambicano, Joaquim Chissano, que exortou os militantes do partido a mobilizarem-se para vencer as próximas eleições.
Em discurso, o presidente de Moçambique manifestou a disponibilidade para servir o partido e o país e ressaltou que o trabalho que tem pela frente não será fácil. "O que vos asseguro é a minha disponibilidade e vontade de tudo fazer para o partido e para o povo moçambicano. Não há dúvidas de que o trabalho que me espera é árduo", afirmou.
Este sábado, a Frelimo elege um novo Comité Central, Comissão Política e secretariado, incluindo o secretário-geral. O XI Congresso do partido no poder, realizado na cidade da Matola, província de Maputo, encerra-se no domingo.
Além de novos órgãos, a reunião magna da Frelimo aprovou a revisão dos estatutos e o programa para o ciclo governativo que se iniciará após as eleições gerais de 2019, caso o partido vença o escrutínio.
No Congresso, os delegados também discutem o escândalo das dívidas ocultas. Esta sexta-feira, a Frelimo defendeu que os quadros condenados pela justiça por corrupção sejam ressocializados e não ostracizados.
"Há vasta legislação penal no país e têm sido aprovadas mais leis contra a corrupção. Nós defendemos que as pessoas condenadas devem ser ressocializadas e não ostracizadas", afirmou o porta-voz da Frelimo, António Niquice.
Moçambique: centenas de pessoas marcham contra a situação política e económica
Centenas de moçambicanos marcharam no dia 18 de junho de 2016 em Maputo contra a situação política e económica do país. A manifestação foi convocada pela sociedade civil para exigir esclarecimentos ao Governo.
Foto: picture alliance/dpa/A. Silva
Pela Avenida Eduardo Mondlane rumo à Praça da Independência
"Pelo direito à esperança" foi o mote da manifestação que reuniu centenas de pessoas no centro de Maputo, no sábado dia 18 de junho de 2016. Os manifestantes exigem o fim do conflito político-militar entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o esclarecimento da dívida pública e mais liberdade de expressão.
Foto: picture alliance/dpa/A. Silva
"A intolerância política mata a democracia"
Em entrevista à DW África, Nzira de Deus, do Fórum Mulher, uma das organizações envolvidas, afirma que a liberdade dos moçambicanos tem sido muito limitada nos últimos meses. "É preciso deixar de intimidar as pessoas, deixarem as pessoas se expressarem de maneira diferente, porque eu acho que é isso que constrói o país. Não pode haver ameaças, não pode haver atentados", diz Nzira.
Foto: DW/L. Matias
De preto ou branco, manifestantes pedem paz
Com camisolas pretas e brancas e cartazes com mensagens de protesto, centenas de moçambicanos mostram o seu repúdio à guerra entre o Governo e a RENAMO, às dívidas ocultas e às valas comuns descobertas no centro do país. Num percurso de mais de dois quilómetros, entoaram cânticos pela liberdade e pela transparência.
Foto: DW/L. Matias
"Valas comuns são vergonha nacional"
Recentemente, foram descobertas valas comuns na zona central de Moçambique. Uma comissão parlamentar enviada ao local para averiguações nega a sua existência. Alguns dos corpos encontrados foram sepultados sem ter sido feita uma autópsia, o que dificulta o conhecimento das causas das suas mortes.
Foto: DW/L. Matias
"É necessário haver um diálogo político honesto e sincero"
Nzira de Deus considera que a crise política que Moçambique enfrenta prejudica a situação do país e defende que “haja um diálogo político honesto e sincero e que se digam quais são as questões que estão em causa". Para além da questão da dívida e da crise política, os manifestantes estão preocupados com as liberdades de expressão e imprensa.
Foto: DW/L. Matias
Ameaças não vão amedrontar o povo
No manifesto distribuído ao público e lido na estátua de Samora Machel, na Praça da Independência, as organizações da sociedade civil exigiram à Procuradoria-Geral da República uma auditoria forense à dívida pública. "Nós queremos que o ex-Presidente [Armando Guebuza] e o seu Governo respondam por estas dívidas", declarou Alice Mabota, acrescentando que as ameaças não vão "amedrontar o povo".
Foto: DW/L. Matias
Sociedade Civil presente
A manifestação foi convocada por onze organizações da sociedade civil moçambicana. Entre as ONGs que organizaram a marcha encontram-se a Liga dos Direitos Humanos (LDH), o Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), o Observatório do Meio Rural, o Fórum Mulher e a Rede HOPEM.