Filipe Nyusi apresenta membros do Comité Central da Frelimo
Lusa
1 de outubro de 2017
Elenco principal do partido no poder para os próximos cinco anos é oficializado. Com 99% dos votos, Nyusi foi reeleito presidente da Frelimo e será candidato do partido em 2019.
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O presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, apresentou este domingo (01.10) o primeiro Comité Central da Frelimo, eleito sob a sua presidência, durante o 11.º congresso do partido que decorre na Matola, arredores de Maputo.
A equipa de cerca de 200 pessoas foi escolhida com os votos de 2.264 delegados de todo o país e organizações filiadas da Frelimo. A partir deste comité, são escolhidas as próximas figuras chave do partido, nomeadamente, o secretário-geral e a Comissão Política, o órgão mais importante no intervalo entre as sessões do comité central e dos congressos.
O elenco central para os próximos cinco anos foi oficializado este domingo com a proclamação dos resultados pelo presidente moçambicano, momento recebido de forma efusiva pelo congresso. Na última sexta-feira, Nyusi foi reeleito presidente do partido com 99% dos votos, tornando-se, assim, o candidato da Frelimo para as eleições gerais de 2019.
Filipe Nyusi apresenta membros do Comité Central da Frelimo
Conforme definido nos estatutos, 40% da composição do Comité Central é renovada a cada eleição. A Comissão Política é o órgão mais importante do partido e, em certa medida, do país, uma vez que os estatutos partidários lhe atribuem a competência de coordenar e orientar a ação do Governo da Frelimo, no poder, e da sua bancada parlamentar na Assembleia da República, além de se pronunciar sobre a composição do executivo.
O órgão é composto por um número ímpar, entre 15 e 21 membros, que vão orientar e dirigir o partido no intervalo das sessões do Comité Central e entre os congressos. A Comissão Política reúne, ordinariamente, uma vez por mês, convocada pelo presidente, ou a qualquer altura por requerimento de um terço dos membros ou sob proposta do secretário-geral.
O XI Congresso da Frelimo arrancou na terça-feira e foi prorrogado até este domingo para dar mais tempo à eleição dos principais nomes do Comité Central. "É um escrutínio de mais de três mil boletins de voto e pela sua natureza exige cuidado", declarou António Niquice, porta-voz da Frelimo.
Maxixe: Obras sem qualidade são adjudicadas por milhões
Em Maxixe, Moçambique, somam-se os casos de obras públicas sobrefaturadas. A DW África juntou exemplos de obras cujo processo de adjudicação não foi transparente e nas quais os orçamentos foram inflacionados.
Foto: DW/L. da Conceição
Favorecimento na seleção das empresas
Em Maxixe, parte das obras de construção civil têm sido adjudicadas à empresa SGI Construções Lda. que não se encontra registada no Boletim da República e que apenas tem escritórios em Maputo. A empresa, com laços fortes com o Presidente do município, Simão Rafael, faturou, nos últimos dois anos, mais de 30 milhões de meticais (cerca de 427 mil euros) em obras que até hoje ainda não terminaram.
Foto: DW/L. da Conceição
Falta de transparência
Como se vê na imagem, para além de não se saber a data do início desta obra, não se conhece o fiscal nem a distância exata para a colocação de pavés. Sabe-se apenas que tem um prazo de execução de 90 dias.
Foto: DW/L. da Conceição
Figuras ligadas à FRELIMO criam empresa
Esta obra, orçada em mais de sete milhões de meticais, foi adjudicada à MACROLHO Lda, uma empresa com sede em Inhambane e que tem, segundo a imprensa local, participações de sócios ligados ao partido FRELIMO, como o ex-governador de Inhambane, Agostinho Trinta. Faturou, nos últimos dois anos, mais de 40 milhões de meticais em obras que, até agora, ainda não foram entregues. O prazo já expirou.
Foto: DW/L. da Conceição
Obras faturadas e abandonadas
Esta via é a entrada do bairro Eduardo Mondlane. Desde 2016, o munícipio já gastou na reparação desta estrada - com cerca de 200 metros -, mais de quatro milhões de meticais. Até à data, apenas foram executados 150 metros. Ao que a DW África apurou, o empreiteiro apenas trabalha nos dias de fiscalização dos membros da assembleia municipal. O dinheiro faturado dava para pavimentar mais de 1 km.
Foto: DW/L. da Conceição
Obras sobrefaturadas
Este é o estado atual de várias obras na cidade de Maxixe. Na imagem, a via do prolongamento da padaria Chambone, foi faturada em mais de cinco milhões de meticais (cerca de 71 mil euros) no ano de 2016. No entanto, esta mesma obra voltou a ser faturada este ano, não tendo o valor sido tornado público.
Foto: DW/L. da Conceição
Obras sem qualidade
Desde o ano de 2015, o conselho municipal da cidade de Maxixe já gastou mais de 10 milhões de meticais (cerca de 142 mil euros) com as obras de reparação de buracos nas avenidas e ruas do centro da cidade. No entanto, o trabalho não tem qualidade e os buracos continuam a danificar carros ligeiros. O empreiteiro desta obra é também a SGI Construções Lda.
Foto: DW/L. da Conceição
MDM denuncia corrupção
A bancada do MDM na assembleia municipal de Maxixe denunciou que as viaturas adquiridas pela edilidade não estão a ser compradas em agências, mas no mercado negro em África do Sul. Diz a oposição que as últimas duas viaturas adquiridas custaram mais de sete milhões de meticais. Um preço quatro vezes superior, quando comparado ao valor das duas viaturas no mercado em Moçambique.
Foto: DW/L. da Conceição
“Não interessa qualidade, queremos faturar”
Jacinto Chaúque, ex-vereador do município de Maxixe, está a ser investigado pelo Gabinete de Combate à Corrupção de Moçambique. Da investigação consta, entre outros, uma gravação telefónica entre Chaúque e o empreiteiro desta obra, na avenida Ngungunhane, e em que o ex-vereador afirma que “não interessa a qualidade. Queremos faturar nestas obras”. Chaúque está a aguardar julgamento.
Foto: DW/L. da Conceição
Preços altos nas construções de edifícios
Em 2015, o conselho municipal de Maxixe construiu um posto policial no bairro de Mabil. Esta infraestrutura - com apenas dois quartos, uma sala comum e uma cela com capacidade para cinco pessoas – custou mais de 1,3 milhões de meticais, não contando com a aquisição de material como mesas ou cadeiras. Ao que a DW África apurou junto do mercado, esta obra não custaria mais de 300 mil meticais.
Foto: DW/L. da Conceição
Um milhão de meticais por cada sede do bairro
As sedes dos bairros são outro exemplo. Todas as sedes dos bairros construídas pelo conselho municipal contam com a mesma planta. Cada uma custou cerca de um milhão de meticais (cerca de 14 mil euros). O preço real de mercado para uma casa tipo dois, sem mobília de escritório, é de cerca de 300 meticais.
Foto: DW/L. da Conceição
Empreiteiro exige dinheiro de volta
O empreiteiro Ricardo António José reclamou, em 2015, a devolução do dinheiro que foi exigido pelo ex-chefe da Unidade Gestora Executora e Aquisições, Rodolfo Tambanjane. O montante pago por Ricardo José era referente ao valor da comissão de Tambanjane por ter selecionado esta empresa e não outra. Rodolfo Tambanjane foi preso, tendo saído depois de pagar caução. O caso continua em tribunal.