Novos membros das FDS em distritos de várias províncias
Sitoi Lutxeque (Nampula)
2 de dezembro de 2021
As intimidações dos terroristas também já se estendem às províncias do Niassa, Zambézia e Inhambane, no centro e sul do país. O Governo criou uma força especial para evitar a ocupação total e travar os rebeldes.
Publicidade
Desde 2017 que os habitantes da província de Nampula, no norte de Moçambique, considerada um centro de recrutamento de insurgentes, sentem a segurança ameaçada. O Governo suspeita que os distritos de Memba e Moma são estäo infiltrados por terroristas.
Além de Nampula, o distrito de Mecula, que recentemente foi alvo de ataques terroristas, e Marrupa, na província do Niassa, associam-se à lista de localidades atingidas pela violência Gurue, Pebane (Zambézia) e Inhassoro, em Inhambane.
Criação de forças elite
O Governo moçambicano destacou companhias de forças especiais treinadas especificamente no combate ao terrorismo para os distritos em questão, de forma a evitar a sua ocupação e controlo pelos insurgentes.
O comandante-geral da Polícia da República de Moçambique, Bernardino Rafael, explicou que “este efetivo resulta das decisões que o Presidente da República nos deixou", aquando da realização do 21º Conselho da Polícia da República de Moçambique, no qual "orientava a Polícia para formar comandantes dos pelotões que devem constituir a força matriz para operações, bem como das forças da Polícia capazes de garantir a proteção das forças distritais”.
Nyusi exige alerta máximo
O Presidente de Moçambique e comandante em chefe das forças de defesa, Filipe Nyusi, reconheceu que ainda prevalece a insegurança em algumas regiões do país, e exigiu maior prontidão das forças de defesa e segurança no combate ao terrorismo, tráfico de drogas e outras práticas criminais nos distritos.
“As ameaças terroristas e demais desafios levam-nos à reinvenção estratégica, operacional e estrutural cada vez mais adaptada à realidade concreta. Ao criar estas companhias, o Estado pretende reforçar, numa fase piloto, a capacidade operativa policial de pessoas e seus bens, nas províncias indicadas e nos distritos concretos", disse.
O estadista moçambicano quer maior colaboração da população, através de denúncias de tentativas de recrutamento de jovens para as fileiras dos insurgentes, de violação aos recursos naturais, de tráfico de drogas e de outras práticas criminais.
Publicidade
"Matem a cobra pela cabeça, não pela cauda"
E às forças de defesa e segurança, Nyusi ordenou:
"Trabalhem de forma objetiva, atacando os inimigos de Moçambique pela raiz, a partir dos distritos. Prioridade é [matar] a cobra pela cabeça, não matem pela cauda”, apelou.
Uma ordem acatada e jurada a ser respeitada, assegurou Bernardino Rafael.
“Nós estamos prontos para cumprir esta missão, e desde já, renovamos a nossa fidelidade ao Presidente da República, comandante em chefe das Forças de Defesa. Mais uma vez, juramos perante si cumprir fielmente a nossa tarefa nesta missão”.
Além de Inhassoro, Pebane, Gurue, Moma, Memba, Mecula e Marrupa, a fase piloto do processo de afetação das companhias especiais da polícia cobre, também, os distritos de Meluco, Quissanga, Nangade, Muidumbe e Mocimboa da Praia, na província de Cabo-Delgado.
Terrorismo em Cabo Delgado: As marcas da destruição e a crise humanitária
Edifícios vandalizados, presença de militares nas ruas e promessas de soluções por parte de políticos contrastam com a tentativa das populações de levar a vida adiante.
Foto: Roberto Paquete/DW
Infraestruturas vandalizadas
O conflito armado em Cabo Delgado deixou um número de infraestruturas destruídas na província nortenha de Moçambique. Em Macomia, os insurgentes não pouparam nem a Direção Nacional de Identificação Civil. Os danos no prédio do órgão deixaram milhares de pessoas sem documentos. E carro da polícia incendiado.
Foto: Roberto Paquete/DW
Feridas abertas até na sede da Polícia
O edifício da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Macomia ainda carrega as marcas de um ataque em 2020. O tanzaniano Abu Yasir Hassan – também conhecido como Yasser Hassan e Abur Qasim - é reconhecido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e pelo Governo moçambicano como líder do Estado Islâmico em Cabo Delgado. Não está claro se o grupo é responsável pelos ataques na província.
Foto: Roberto Paquete/DW
"Eliminar todo o tipo de ameaça"
Joaquim Rivas Mangrasse (à esquerda) foi empossado chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas a 16 e março. "É missão das Forças Armadas eliminar todo o tipo de ameaça à nossa soberania, incluindo o terrorismo e os seus mentores, que não devem ter sossego e devem se arrepender de ter ousado atacar Moçambique", declarou o Presidente Filipe Nyusi (centro) na cerimónia de posse, em Maputo.
Foto: Roberto Paquete/DW
Missões constantes para conter os terroristas
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambique preparam-se para mais uma missão contra terroristas em Palma. A vila foi alvo de ataques, esta quarta-feira (24.03), segundo fontes ouvidas pela agência Lusa e segundo a imprensa moçambicana. Neste mesmo dia, as autoridades moçambicanas e a petrolífera Total anunciaram, para abril, o retorno das obras do projeto de gás, suspensas desde dezembro.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender o gás natural da península de Afungi
A península de Afungi, distrito de Palma, foi designada como área de segurança especial pelo Governo de Moçambique para proteger o projeto de exploração de gás da Total. O controlo é feito pelas forças de segurança designadas pelos ministérios da Defesa e do Interior. Esta quinta-feira (25.03), o Ministério da Defesa confirmou o ataque junto ao projeto de gás, na quarta-feira (24.03).
Foto: Roberto Paquete/DW
Proteger os deslocados
Soldados das FADM protegem um campo para os desolocados internos na vila de Palma. A violência armada está a provocar uma crise humanitária que já resultou em quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Foto: Roberto Paquete/DW
Apoiar os deslocados
De acordo com as agências humanitárias, mais de 90% dos deslocados estão hospedados "com familiares e amigos". Muitos refugiaram-se em Palma. Com as estradas bloqueadas pelos insurgentes em fevereiro e março deste ano, faltaram alimentos. A ajuda chegou de navio.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender a própria comunidade
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambqiue estão presentes também no distrito de Mueda. Entretanto, cansados de sofrer nas mãos dos teroristas, antigos militares decidiram proteger eles mesmos a sua comunidade e formaram uma milícia chamada "força local".
Foto: Roberto Paquete/DW
Levar a vida adiante
No mercado no centro da vida de Palma, a população tenta seguir com a vida normal quando a situação está calma. Apesar da ameaça constante imposta pela possibilidade de um novo ataque, quando "a poeira abaixa", a normalidade parece regressar pelo menos momentaneamente...
Foto: Roberto Paquete/DW
Aprender a ter esperança com as crianças
Apesar de todo o caos que se instalou um pouco por todo o lado em Cabo Delgado, a esperança por um vida normal continua entre as poulações. Na imagem, crianças de famílias deslocadas que deixaram as suas casas, fugindo dos terroristas, e foram para a cidade de Pemba. Vivem no bairro de Paquitequete e sonham com um futuro próspero, sem ter de depender da ajuda humanitária e longe da violência.