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Cultura

“Watu Wote- All of us” é baseado numa história real

Zipporah Nyambura | Kristina Reymann-Schneider | rl
25 de janeiro de 2018

“Watu Wote”, da alemã Katja Benrath, está nomeado para Melhor Curta Metragem nos Óscares deste ano. O filme retrata a solidariedade vivida entre muçulmanos e cristãos durante um ataque do Al Shabaab a um autocarro.

Studenten-Oscar 2017: Watu Wote/All of Us
Foto: picture-alliance/dpa/Hamburg Media School

Um filme produzido no Quénia, inspirado no ataque terrorista a um autocarro em Mandera, em dezembro de 2015, foi nomeado para a nonagésima edição dos Óscares, que se realiza a 4 de março em Los Angeles.  "Watu Wote- All of us” está nomeado para melhor Curta-Metragem e é um projeto de três estudantes alemães, dirigido por Katja Benrath.

Inspirada numa história verídica, a ação de "Watu Wote” – que significa em suaíli "Todos nós” - desenrola-se, na véspera de Natal, numa área tomada pelos terroristas islâmicos, perto da fronteira com a Somália. Durante uma viagem de autocarro, os passageiros são surpreendidos pelos militantes do Al Shabaab que os forçam a deixar a viatura e a dividir-se em grupos: muçulmanos para um lado e cristãos para o outro. Já fora do autocarro, os passageiros recusam-se a fazer esta divisão, mesmo depois dos terroristas já terem morto a tiro algumas pessoas.

Nomeação surpresa

Com vinte e dois minutos, este é um filme dirigido pela alemã Katja Benrath e que já venceu prémios em mais de 40 festivais de cinema em todo o mundo. Ainda assim, Antony Ndungu, um dos atores que interpretou o papel de um dos homens do Al Shabaab, afirma que a equipa ficou surpresa com a nomeação para os Óscares. "Era um filme produzido por estudantes de Hamburgo, pensámos que seria um filme pequeno que iria passar em festivais e por isso ficámos surpresos”, conta o ator. Apesar de terem já vencido vários prémios internacionais, "ser nomeados para os Óscares superou as expetativas”, acrescenta.

Óscares: Filme que retrata ataque terrorista nomeado

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O ator, que interpretou também o papel principal numa das radionovelas do Learning by Ear -Aprender de Ouvido da DW, espera agora que a exposição que o filme terá com esta nomeação para os Óscares faça com que a mesma história possa ser contada, com mais detalhes, numa longa-metragem.

Antony Ndungu afirma ainda que para além de "comovente”, a história de "Watu Wote” é "muito relevante” pois retrata um dos grandes problemas atuais do Quénia, a segurança. Ainda mais, nesta parte do país, onde sucedem "explosões e ataques de granada”. "Esperamos que este filme sirva pelo menos para o Governo fazer algo. Depois dos ataques, nunca acontece nada. A segurança tornou-se um problema muito importante e tem-se estado a deteriorar no país”, afirma.

Filme "autêntico”

Katja Benrath dirigiu "Watu Wote"Foto: picture-alliance/dpa/M. Petit/AMPAS/Oscars.org

Nas palavras de Katja Benrath, "Watu Wote” é um filme "autêntico” e que pretende sensibilizar os espetadores. Durante a sua viagem de prospeção ao Quénia, Katja Benrath e sua equipa conversaram com testemunhas do ataque, jornalistas e artistas quenianos. Só depois surgiu o guião. No seu site, a diretora da curta-metragem explica que o seu objetivo é "contar histórias de maneiras diferentes”. O que mais desejo é poder ser uma ajuda levando esta história ao mundo junto com as pessoas que a viveram ou vivem todos os dias”, lê-se.

Juntamente com Felix Striegel, Julia Dragon, Tobias Rosen e uma equipa de cinema queniana, Benrath produziu "Watu Wote". Esta é já a sua sexta curta-metragem. As filmagens decorreram em 2016 em Nairobi, Mwingi e Magadi durante 11 dias.

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