Guiné-Bissau: livre concorrência na campanha de caju
Lusa | ar
11 de maio de 2017
Representante do FMI na Guiné-Bissau, Oscar Melhado, defendeu a livre concorrência na campanha de caju, salientando que o importante é garantir um bom preço aos produtores.
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Oscar Melhado falava esta quinta-feira (11.05.) aos jornalistas depois de um encontro com o Presidente guineense, José Mário Vaz, para apresentar o novo chefe do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a Guiné-Bissau, Tobias Rasmussem.
"Falamos sobre o setor do caju, em que o mais importante é garantir um preço alto aos produtores nas tabancas (aldeias). Para isso deve haver livre concorrência, não deve haver qualquer impedimento para qualquer pessoa que queira comprar caju nas tabancas", salientou Óscar Melhado.
Campanha de caju com muita polémica
A campanha de caju deste ano tem estado envolta em polémica, depois de, em abril, o Governo, sob proposta do ministro do Comércio, Victor Mandiga, ter aprovado uma lei que impede os comerciantes estrangeiros de comprar diretamente a castanha de caju ao produtor.A lei tinha que ser promulgada pelo Presidente guineense, que esta semana informou que não a promulgou porque é nociva para a economia do país.
Nas declarações aos jornalistas, Oscar Melhado destacou também o "bom trabalho" feito pela equipa do Ministério das Finanças "nos últimos meses", incluindo na continuação da estabilidade macroeconómica.
"Um trabalho rigoroso e de procura de recursos para o país, com disciplina nas despesas e a fazer os gastos sociais necessários", disse.
Apostar na agricultura e no turismo
O representante do FMI em Bissau disse que também pediu às autoridades guineenses para apostarem no desenvolvimento económico dos setores agrícola e do turismo.
O FMI retomou o programa de assistência técnica e financeira à Guiné-Bissau em dezembro de 2016, depois de o Governo guineense ter recuado na tomada de algumas medidas, das quais a organização financeira internacional discordava.O FMI não concordou com a compra da carteira de créditos malparados do setor privado à banca comercial e ainda com o destino que se estava a pensar dar a toros de madeira cortada nas florestas do país e que foram confiscados pelo Estado.
A instituição mundial exigiu a anulação da operação da compra da divida aos bancos e ainda instou o Governo a vender a totalidade da madeira confiscada com o dinheiro a reverter para o Tesouro Público.
Qualquer operador pode fazer campanha de caju
O ministro das Finanças da Guiné-Bissau, João Fadiá, afirmou esta quinta-feira (11.05.) que não há nenhum impedimento legal que impeça qualquer operador de fazer campanha de caju no país.
"Não há nenhum impedimento legal para qualquer operador fazer campanha. Os operadores têm apenas de cumprir as obrigações fiscais. Com as obrigações fiscais cumpridas, qualquer operador é livre de comprar e exportar castanha de caju", afirmou o ministro, no final de um encontro do representante do FMI com o Presidente guineense, José Mário Vaz.Em relação ao preço, o ministro das Finanças esclareceu que o Governo apenas fixou o valor mínimo que é de 500 francos cfa por quilograma (cerca de 0,76 cêntimos de euro), valor criticado pelo chefe de Estado do país, que o considerou muito baixo.
"O Estado apenas fixou o preço mínimo, o preço máximo depende do mercado", disse o ministro das Finanças.
Salientando ter informações que o preço hoje (11.05.) estava acima dos 500 francos cfa, o ministro disse que se continuar assim vai ser "muito positivo para os produtores e também para o Estado".
"Como sabem a exportação da castanha de caju é taxada e constitui uma fonte de receita muito importante para o Tesouro Público", afirmou João Fadiá.
Guiné-Bissau: O país onde nenhum Presidente terminou o mandato
Desde que se tornou independente, a Guiné-Bissau viu sentar na cadeira presidencial quase uma dúzia de Presidentes - incluindo interinos e governos de transição. Conheça todas as caras que passaram pelo comando do país.
Foto: DW/B. Darame
Luís de Almeida Cabral (1973-1980)
Luís de Almeida Cabral foi um dos fundadores do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e também o primeiro Presidente da Guiné-Bissau - em 1973/4. Luís Cabral ocupou o cargo até 1980, data em que foi deposto por um golpe de Estado militar. O antigo contabilista faleceu, em 2009, vítima de doença prolongada.
Foto: Bundesarchiv/Bild183-T0111-320/Glaunsinger
João Bernardo Vieira (1980/1994/2005)
Mais conhecido por “Nino” Vieira, este é o político que mais anos soma no poder da Guiné-Bissau. Filiado no PAIGC desde os 21 anos, João Bernardo Vieira tornou-se primeiro-ministro em 1978, tendo sido com este cargo que derrubou, através de um golpe de Estado, em 1980, o governo de Cabral. "Nino" ganhou as eleições no país em 1994 e, posteriormente, em 2005. Foi assassinado quatro anos mais tarde.
Foto: picture-alliance/dpa/L. I. Relvas
Carmen Pereira (1984)
Em 1984, altura em que ocupava a presidência da Assembleia Nacional Popular, Carmen Pereira assumiu o "comando" da Guiné-Bissau, no entanto, apenas por três dias. Carmen Pereira, que foi a primeira e única mulher na presidência deste país, foi ainda ministra de Estado para os Assuntos Sociais (1990/1) e Vice-Primeira-Ministra da Guiné-Bissau até 1992. Faleceu em junho de 2016.
Foto: casacomum.org/Arquivo Amílcar Cabral
Ansumane Mané (1999)
Nascido na Gâmbia, Ansumane Mané foi quem iniciou o levantamento militar que viria a resultar, em maio de 1999, na demissão de João Bernardo Vieira como Presidente da República. Ansumane Mané foi assassinado um ano depois.
Foto: picture-alliance/dpa
Kumba Ialá (2000)
Kumba Ialá chega, em 2000, à presidência da Guiné-Bissau depois de nas eleições de 1994 ter sido derrotado por João Bernardo Vieira. O fundador do Partido para a Renovação Social (PRS) tomou posse a 17 de fevereiro, no entanto, também não conseguiu levar o seu mandato até ao fim, tendo sido levado a cabo no país, a 14 de setembro de 2003, mais um golpe militar. Faleceu em 2014.
Foto: AP
Veríssimo Seabra (2003)
O responsável pela queda do governo de Kumba Ialá foi o general Veríssimo Correia Seabra, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. Filiado no PAIGC desde os 16 anos, Correia Seabra acusou Ialá de abuso de poder, prisões arbitrárias e fraude eleitoral no período de recenseamento. O general Veríssimo Correia Seabra viria a ser assassinado em outubro de 2004.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Bordalo
Henrique Rosa (2003)
Seguiu-se o governo civil provisório comandado por Henrique Rosa que vigorou de 28 de setembro de 2003 até 1 de outubro de 2005. O empresário, nascido em 1946, conduziu o país até às eleições presidenciais de 2005 que deram, mais uma vez, a vitória a “Nino” Vieira. O guineense faleceu, em 2013, aos 66 anos, no Hospital de São João, no Porto.
Foto: AP
Raimundo Pereira (2009/2012)
A 2 de março de 2009, dia da morte de Nino Vieira, o exército declarou Raimundo Pereira como Presidente da Assembleia Nacional do Povo da Guiné-Bissau. Raimundo Pereira viria a assumir de novo a presidência interina da Guiné-Bissau, a 9 de janeiro de 2012, aquando da morte de Malam Bacai Sanhá.
Foto: AP
Malam Bacai Sanhá (1999/2009)
Em julho de 2009, Bacai Sanhá foi eleito presidente da Guiné Bissau pelo PAIGC. No entanto, a saúde viria a passar-lhe uma rasteira, tendo falecido, em Paris, no inicio do ano de 2012. Depois de dirigir a Assembleia Nacional de 1994 a 1998, Bacai Sanhá ocupou também o cargo de Presidente interino do seu país de maio de 1999 a fevereiro de 2000.
Foto: dapd
Manuel Serifo Nhamadjo (2012)
Militante do PAIGC desde 1975, Serifo Nhamadjo assumiu o cargo de Presidente de transição a 11 de maio de 2012, depois do golpe de Estado levado a cabo a 12 de abril de 2012. Este período de transição terminou com as eleições de 2014, que foram vencidas por José Mário Vaz. A posse de “Jomav” como Presidente marcou o regresso do país à ordem constitucional no dia 26 de junho de 2014.