FMI e Moçambique debatem ajuda financeira em janeiro
21 de dezembro de 2021"As discussões sobre o apoio ao programa do Governo através de um Programa de Financiamento Ampliado vão começar em breve; um programa apoiado pelo Fundo pode ajudar a aliviar as pressões financeiras num contexto de recuperação económica, apoiar a agenda das autoridades na redução da pobreza e na restauração de um crescimento equitativo e sustentável", lê-se no comunicado difundido esta manhã em Washington.
Publicado no final da visita ao país, e assinado por Alvaro Piris, o comunicado salienta que um apoio financeiro do Fundo ajudaria também "a canalizar financiamento adicional" e aponta que "a equipa técnica [do Fundo] está pronta para começar as negociações no final de janeiro de 2002, em linha com o calendário preferido das autoridades".
O FMI estima que, depois da contração económica de 2020, Moçambique registe um crescimento de 2,2% este ano, com a inflação a ficar abaixo dos 10%, depois de registar um aumento de 6,8% em novembro face ao mesmo período do ano anterior.
No comunicado, o FMI diz que a perspetiva de evolução da economia moçambicana é dominada pela produção de gás natural liquefeito, antevendo que o crescimento da economia das restantes áreas além do gás fique nos 4% a longo prazo.
"O crescimento global vai subir fortemente quando começar a produção de gás natural liquefeito, atualmente esperada para 2023 e 2026", afirma-se no comunicado.
Endividamento inevitável
A pressão orçamental das várias crises que afetam o país, das alterações climáticas ao problema de insegurança no norte, faz com que o endividamento seja uma inevitabilidade.
"Com pouco financiamento concessional depois dos pacotes de apoio no seguimento da Covid-19, em 2020, Moçambique dependeu fortemente dos bancos nacionais para o financiamento, e com a procura por obrigações do tesouro a cair, as dívidas internas estão a emergir", diz Alvaro Piris, salientando que apesar das medidas de contenção orçamental no orçamento para o próximo ano e da utilização da alocação dos Direitos Especiais de Saque, "vai ser preciso financiamento adicional".
Será preciso, avisa, "uma ação decisiva para a dívida continuar numa trajetória sustentável, para reduzir vulnerabilidades e para libertar recursos para a despesa prioritária", apontando que "recursos orçamentais adicionais poderiam ser angariados através de reformas na política fiscal, nomeadamente isenções ao IVA, com cuidado para minimizar o impacto nos agregados familiares mais vulneráveis, e na gestão da receita fiscal".