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Fórum China-África: "PALOP podem potencializar-se"

Iancuba Dansó
4 de setembro de 2024

Fórum para a Cooperação China-África (FOCAC) arranca, esta quarta-feira, em Pequim, com presença de dezenas de líderes do continente africano. Encontro vai ser fundamental para os países lusófonos, dizem observadores.

Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, marca presença no FOCAC
Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, é um dos participantes do nono Fórum de Cooperação China - ÁfricaFoto: WANG Zhao/REUTERS

O nono Fórum de Cooperação China - África (FOCAC), que arranca esta quarta-feira (04.09), na capital chinesa, Pequim, tem na agenda vários temas importantes para os países de língua portuguesa potencializarem a sua economia, garantem os observadores ouvidos pela DW África.

O Presidente chinês, Xi Jinping, manteve, na véspera do encontro, várias reuniões bilaterais com líderes africanos, no âmbito do Fórum de Cooperação China-África, prometendo mais investimento e cooperação sem interferir nos assuntos internos dos países africanos. A China quer ainda reiterar a defesa e salvaguardar a paz e a segurança internacionais, garantiu em conferência de imprensa o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian.

Nyusi e Sissoco marcam presença

São mais de 50 os chefes de Estado e de Governo que marcam presença no Fórum de Cooperação China - África e que querem aproveitar a oportunidade para reforçar a cooperação com o gigante asiático.

Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, também já está em PequimFoto: Tingshu Wang/REUTERS

Além de Angola, que se faz representar pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe serão representados pelos respetivos primeiros-ministros, Ulisses Correia e Silva e Patrice Trovoada. Os chefes de Estado de Moçambique, Filipe Nyusi, e da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, participam pessoalmente no evento.

Neste Fórum, a economia vai ser um dos temas centrais. A China disponibiliza-se para incrementar as parcerias, aumentar as trocas comerciais e cooperação, e ainda aumentar o volume de importação dos produtos africanos para o mercado chinês, segundo o jornalista guineense Bacar Camará, que acompanha o evento para a agência Xihua.

"Vai-se falar da agricultura, da educação e da saúde. Portanto, são todos esses setores que vão estar em cima da mesa e os países africanos de língua portuguesa podem aproveitar para apresentar as suas visões e estratégias de governação", especificou.

Segundo o termo do Fórum, a China anuncia a disponibilização de fundos, uma parte em forma de donativo e outra com empréstimos concessionais.

"Cada país representa um desafio"

Mas para que os países africanos de língua portuguesa beneficiem do apoio chinês é preciso apresentarem propostas concretas e específicas. Segundo o jornalista guineense Bacar Camará, os países devem "apresentar projetos que visem assegurar o seu desenvolvimento. Cada país representa um desafio próprio e tem a sua visão de governação", nota.

"Aquilo que pode representar um desafio para Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde, pode não ser o desafio para a Guiné-Bissau", acrescenta.

Imagens do salão durante o FOCAC, em 2018.Foto: Li Tao/Photoshot/picture alliance

O nono Fórum de Cooperação China - África decorre num contexto geopolítico particular, principalmente entre as potências mundiais. Questionado pela DW África, se com a aproximação à China, os países africanos de expressão portuguesa não seriam mal vistos por outros parceiros que, no entanto, defendem posições diferentes das dos chineses, o professor angolano de relações internacionais Kinkinamo Tuasamba diz que não.

Segundo o académico, a legislação internacional garante proteção aos Estados para cooperarem entre si, "tendo em conta, sobretudo, a convenção das Nações Unidas de 1961 que dita que, de facto, os Estados devem estabelecer relações um com o outro, tendo em conta a sua reciprocidade e livre espontânea vontade", explicou.

Por isso, de acordo com Kinkinamo Tuasamba, não há aqui nenhum problema para que os PALOP cooperem com o país asiático, "tendo em conta àquilo que é a gama de oferta que a China pode oferecer neste momento".

O Fórum de Cooperação China - África terá uma cimeira empresarial e terminará com uma declaração e um plano de ação para guiar a cooperação entre China e África nos próximos anos.

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