Tropas moçambicanas deixam áreas de conflito com a RENAMO
Lusa | tms
25 de junho de 2017
Retirada deve ocorrer até o final desta segunda-feira (26.06), segundo anunciou o Governo este domingo. Nove posições ocupadas nos dois últimos anos serão liberadas.
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Até o final desta segunda-feira (26.06), as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique desocuparão nove posições onde permaneciam por causa dos confrontos com o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) nos dois últimos anos.
O anúncio foi feito este domingo pelo Presidente Filipe Nyusi, em Maputo, que discursou durante as comemorações do dia da independência nacional.
"Como forma de continuar a manter um ambiente de confiança mútua entre as duas partes [Governo e Renamo], iremos, mais uma vez, instruir a retirada das Forças de Defesa e Segurança de mais posições até ao final do dia de amanhã [segunda-feira", declarou.
Diálogo para a paz
Nyusi assinalou que as comissões do Governo e da RENAMO encarregues de negociar as condições para um acordo de paz definitivo no país estão empenhadas na busca de soluções compatíveis com a realidade moçambicana e favoráveis ao investimento estrangeiro.
"O diálogo com a RENAMO continua através das comissões de descentralização e dos assuntos militares", sublinhou o chefe de Estado moçambicano.
Filipe Nyusi adiantou que as duas partes estão a preparar propostas dos instrumentos legais relativos à descentralização administrativa, depois de ter sido acordada a trégua e a agenda entre os grupos de trabalho que negociam a paz definitiva.
"A cultura de paz mantém-se como a premissa para a consolidação da nação moçambicana e garantia do seu desenvolvimento", salientou o chefe de Estado moçambicano.
Trégua
Moçambique assiste, desde o início de maio, a uma trégua por tempo indeterminado, na sequência de conversas entre o Presidente moçambicano e o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama.
Paralelamente à trégua em vigor, o Governo e a RENAMO estão em negociações em torno da descentralização do Estado, despartidarização das Forças de Defesa e Segurança e desarmamento do braço militar do principal partido da oposição.
Entre 2015 e dezembro do ano passado, o país voltou a ser palco de confrontos na sequência da recusa do principal partido da oposição em aceitar a derrota nas eleições gerais de 2014. A vaga de violência incluiu ataques a alvos civis que o Governo atribuiu à RENAMO e assassínios políticos de membros do principal partido da oposição e da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder.
O eterno segundo lugar: uma vida na oposição em África
Não são apenas os presidentes que não mudam durante décadas nalguns países africanos. Também os chefes da oposição ocupam o cargo toda a vida, vedando o caminho às novas gerações. Conheça alguns eternos oposicionistas.
Foto: Reuters
O guerrilheiro moçambicano
Afonso Dhlakama é um veterano entre os oposicionistas africanos de longa duração. Em 1979 assumiu a liderança do movimento de guerrilha Resistência Nacional Moçambicana, RENAMO. Este tornou-se num partido democrático. Mas Dhlakama é famoso pelo seu tom combativo. Por vezes ameaça pegar em armas contra os seus inimigos. E concorreu cinco vezes sem sucesso à presidência do país.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Catueira
Morgan Tsvangirai - o resistente
O ex-mineiro tornou-se num símbolo da resistência contra o Presidente vitalício do Zimbabué, Robert Mugabe. Foi detido, torturado, sofreu fraturas do crânio e uma vez tentaram, sem sucesso, atirá-lo do décimo andar de um edifício. Após as controversas eleições de 2008, o líder do Movimento pela Mudança Democrática chegou a acordo com Mugabe sobre uma partilha do poder.
Foto: Getty Images/AFP/J. Njikizana
O primeiro jurista doutorado na RDC
Étienne Tshisekedi foi nomeado ministro da Justiça antes de terminar o curso. Só mais tarde se tornou no primeiro jurista doutorado da República Democrática do Congo. Teve vários cargos na presidência de Mobuto, mas tornou-se crítico do regime. Foi preso e obrigado a abandonar o país. Liderou a oposição de 2001 até a sua morte em fevereiro de 2017. Perdeu as eleições de 2011 contra Joseph Kabila.
Foto: picture alliance/dpa/D. Kurokawa
Raila Odinga: a política fica em família
Filho do primeiro vice-presidente do Quénia, Raila Odinga nunca escondeu a ambição de um dia assumir a presidência. Foi deputado ao mesmo tempo que o pai e o irmão. Mas não se pode dizer que seja um militante fiel de algum partido: já mudou de cor política por quatro vezes. Após a terceira derrota nas presidenciais de 2013, apresentou queixa em tribunal contra o resultado e ... perdeu.
Foto: Till Muellenmeister/AFP/Getty Images
O Dr. Col. Kizza Besigye do Uganda
Besigye já foi um íntimo de Museveni, para além do seu médico privado. Quando começou a ter ambições de poder, transformou-se no inimigo número um do Presidente do Uganda. Foi repetidas vezes acusado de vários delitos, preso e brutalmente espancado em público. Voltou a candidatar-se nas presidenciais de maio de 2016, durante as quais ocorreram novamente distúrbios violentos.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kurokawa
Juntos por um novo Chade
Saleh Kebzabo (esq.) e Ngarlejy Yorongar são os dois rostos mais importantes da oposição no Chade. Embora sejam de partidos diferentes, há muitos anos que lutam juntos pela mudança política no país. Mas desavenças no ano de eleições 2016 enfraqueceram a aliança. A situação beneficiou o Presidente perene Idriss Déby, que somou nova vitória eleitoral.
Foto: Getty Images/AFP/G. Cogne
O Presidente autoproclamado
Desde o início da sua atividade política que Jean-Pierre Fabre se encontra na oposição do Togo. O líder da “Aliança Nacional para a Mudança” concorreu por duas vezes à presidência. Após a mais recente derrota, em abril de 2015, rejeitou os resultados do escrutínio e autoproclamou-se Presidente. Sem sucesso.
O pai foi Presidente do Gana na década de 70. Nana Akufo-Addo demorou muitos anos até seguir-lhe as pisadas. Muitos ganeses não levam muito a sério as tentativas desesperadas para chegar à presidência, tendo dificuldades em identificar-se com este membro das elites. Mas em novembro de 2016, Akufo-Addo candidatou-se pela terceira vez e venceu as eleições. Desde janeiro de 2017 é Presidente do Gana.