Forças somalis destroem campo de treino dos Al-Shabaab
AFP | gs
11 de junho de 2017
Com o apoio das tropas norte-americanas, as forças especiais somalis atacaram e destruíram, este domingo (11.06), um campo de treino da milícia, a cerca de 300 quilómetros a sudoeste de Mogadíscio.
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"Esta manhã, ordenei as nossas forças especiais, apoiadas pelos nossos parceiros internacionais, para lançarem um ataque contra um centro de treino dos militantes Al-Shabaab", afirmou, em comunicado, o Presidente somali Mohamed Abdullahi Mohamed.
O Pentágono, Departamento de Defesa norte-americano, assegurou que a operação foi lançada no âmbito do quadro legal, aprovado pelo Presidente Donald Trump, que permite às forças norte-americanas "levar a cabo legalmente ações contra os Al-Shabaab numa zona geográfica concreta de atividades hostis e em apoio" aos parceiros somalis. Nenhuma das partes avançou com dados sobe vítimas.
A milícia islâmica Al-Shabaab, com ligações à rede terrorista internacional Al-Qaeda, conduziu recentemente (08.06) um ataque contra uma base militar do norte do país, que terá causado a morte de 61 soldados e ferido mais de 70 pessoas.
Desde 2013, forças especiais norte-americanas encontram-se estacionadas na Somália, na região do Corno de África. O contingente permanente de 50 soldados, segundo o Pentágono, é responsável pela formação de um Exército Nacional Somali na luta contra os Al-Shabaab.
Os extremistas juraram destruir o frágil governo central somali, apoiado pela comunidade internacional e por 22 mil soldados da missão da União Africana na Somália (AMISOM).
Desde a chegada das tropas da AMISOM, em 2007, a milícia somali foi obrigada a retirar-se de Mogadíscio, em 2011. Perdeu alguns dos seus bastiões, mas a Al-Shabaab controla ainda vastas áreas rurais, onde ameaça com operações de guerrilha e atentados suicidas, muitas vezes na capital ou contra bases militares somalis e estrangeiras.
Somália - Entre o terror e o quotidiano
O país, marcado pela guerra civil e confrontos com a milícia islâmica Al-Shabab, oscila entre o retorno à normalidade e ataques terroristas.
Foto: STUART PRICE/AFP/Getty Images
O regresso à normalidade?
A Somália, um país do Corno de África devastado pela guerra. Depois da brutal guerra civil e a queda do regime de Mohamed Siad Barre, em 1991, o país, já atingido pela pobreza e pelas secas, tornou-se um paraíso para os piratas e radicais islâmicos. A milícia Al-Shabab baniu o futebol. Hoje, este rapaz pode jogar com os soldados da missão da União Africana na Somália, a AMISOM.
Foto: STUART PRICE/AFP/Getty Images
Um novo parlamento para a Somália
Em 2012, as forças da AMISOM, apoiadas por unidades etíopes e somalis, expulsaram os islamistas da Al-Shabab de Mogadíscio e outras grandes cidades. Em Agosto do mesmo ano, o novo parlamento da Somália é juramentado – o primeiro, depois de oito anos de um governo de transição. Por razões de segurança, o evento não tem lugar no Parlamento, mas no aeroporto, um local mais seguro.
Foto: Mohamed Abdiwahab/AFP/GettyImages
Uma vitória de esperança
Em Setembro de 2012, pela primeira vez em 20 anos, o Parlamento elege um novo presidente, Hassan Sheikh Mohamud. Apenas dois dias após a tomada de posse, o presidente escapa a um ataque suicida: diante do seu gabinete improvisado, num hotel, dois bombistas fazem-se explodir. O professor universitário, de 56 anos, muçulmano moderado, foi várias vezes alvo de ataques.
Foto: ABDURASHID ABDULLE ABIKAR/AFP/GettyImages
Libertação das cidades costeiras
Pescadores somalis em Marka, a cerca de 100 km de Mogadíscio, assistem à chegada das tropas da União Africana, em Setembro de 2012. A cidade, no oceano Índico, foi, durante muito tempo, um ponto estratégico da Al-Shabab. No final do mês, os rebeldes deixam a cidade, após combates com soldados quenianos da UA. A missão expulsa também as milícias do seu último bastião, a cidade costeira de Kismayo.
Foto: SIMON MAINA/AFP/GettyImages
Fome, desespero e medo
Receando os radicais islâmicos, muitos civis fogem das áreas controladas pela Al-Shabab. Esta família carregou um camião com os seus pertences. Há quem transporte os seus bens em carros puxados por burros. Por causa da seca e da guerra, muitos somalis sofrem de fome: entre 2010 e 2012, cerca de 260 mil pessoas morreram de fome, de acordo com dados da ONU.
Foto: Mohamed Abdiwahab/AFP/GettyImages
Proteger a população
A presença das tropas da União Africana (UA) na Somália já é normal. As primeiras chegaram em 2007, após uma decisão do Conselho de Segurança da UA no país. Apoiar o governo de transição também fazia parte da missão. A UA garante a segurança dos habitantes de Afgoye, cidade localizada a oeste de Mogadíscio, bem como de 400 mil deslocados.
Foto: STUART PRICE/AFP/GettyImages
Recuperar as áreas rurais
Dezembro de 2012: as tropas da UA avançam para os bastiões rebeldes a norte. 17 mil soldados, no total, participam na luta contra a Al-Qaeda e as milícias da Al-Shabab. Pouco a pouco, as áreas rurais são retomadas pelas tropas e, no geral, a situação de segurança melhorou na Somália. Mas os ataques e atentados ainda são frequentes em Mogadíscio.
Foto: STUART PRICE/AFP/Getty Images
Bombas e tiros em Mogadíscio
Numa altura em que a Somália voltava à normalidade, vários meses depois, uma série de atentados atinge novamente o país. Dois veículos armadilhados explodem em abril de 2013, diante do Palácio da Justiça de Mogadíscio, matando 16 pessoas. Duas semanas mais tarde, um funcionário da justiça e um jornalista são mortos a tiro na rua.
Foto: Mohamed Abdiwahab/AFP/Getty Images
Passo a passo, em direcção à paz
Apesar dos incidentes, a Somália está no caminho da normalidade: desde o início do ano, vários cidadãos somalis regressaram ao seu país. O Reino Unido reabriu uma embaixada em Mogadíscio, depois de 22 anos de encerramento. A ONU decidiu, no início de maio de 2013, enviar peritos para a Somália. Também os ataques piratas ao largo do Corno de África diminuíram significativamente.