Kiev foi abalada por várias explosões na madrugada desta terça-feira, com o exército russo a tentar cercar a capital ucraniana. As negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia deverão ser retomadas hoje.
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Pelo menos quatro fortes explosões foram ouvidas em Kiev esta terça-feira (15.03), de acordo com a agência de notícias ucraniana Ukrinform. Os ataques a zonas residenciais na capital ucraniana mataram pelo menos duas pessoas, disseram os serviços de emergência ucranianos.
O exército russo tenta cercar a capital ucraniana, de onde mais de metade dos três milhões de habitantes fugiram desde o início da ofensiva russa.
Os combates intensificaram-se nos últimos dias em redor de Kiev, que está quase completamente cercada pelas forças russas que invadiram a Ucrânia a 24 de fevereiro.
De acordo com o canal de televisão Ucrânia 24, as sirenes de ataques aéreos foram também ouvidas esta manhã em Odessa, no sul do país, e em Uman, no centro.
Negociações retomadas hoje
As negociações entre a Ucrânia e a Rússia são retomadas hoje, após uma "pausa técnica" na ronda de segunda-feira, a quarta entre as delegações dirigidas pelo ucraniano Mykhaïlo Podoliak e pelo russo Vladimir Medinsky.
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"Estamos a fazer uma pausa técnica nas negociações" para permitir "trabalho adicional dos subgrupos de trabalho e a clarificação" de alguns termos, declarou Podoliak, negociador e conselheiro do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Zelensky tinha classificado como difíceis as negociações daquela quarta ronda, que decorreu por videoconferência, acrescentando que procurará garantir uma "paz honesta, com garantias de segurança".
Antes do início da reunião, Kiev anunciou que iria exigir novamente um cessar-fogo a Moscovo e a retirada de todas as tropas russas do território ucraniano, invadido pela Rússia a 24 de fevereiro, numa ofensiva que já matou pelo menos 636 civis, incluindo 46 crianças, e obrigou 4,8 milhões de pessoas a fugirem, segundo a ONU.
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EUA alertam para apoio da China à Rússia
Segundo os Estados Unidos da América (EUA), a China demonstrou abertura para prestar assistência militar e financeira à Rússia na invasão da Ucrânia, revelou esta segunda-feira a CNN, que cita fontes diplomáticas e autoridades norte-americanas.
O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos alertou ontem o mais alto quadro da diplomacia chinesa para um eventual apoio de Pequim à Rússia, na invasão da Ucrânia, após informações sobre potencial apoio militar chinês a Moscovo.
Jake Sullivan e o chefe do gabinete do Partido Comunista da China para os Assuntos Externos, Yang Jiechi, estiveram reunidos em Roma, numa altura em que o governo de Joe Biden manifesta preocupação com a aproximação de Pequim a Moscovo.
A China tem sido um dos poucos países que evita críticas à Rússia. O Presidente Xi Jinping recebeu o seu homólogo russo, Vladimir Putin, na abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim, três semanas antes da invasão russa em 24 de fevereiro. Durante o encontro, os dois líderes emitiram um comunicado a declarar uma amizade sem limites.
O Presidente dos EUA tem trabalhado para isolar e punir a Rússia pela sua agressão à Ucrânia. Joe Biden está a ponderar uma viagem à Europa nas próximas semanas, iniciativa que seria uma demonstração de apoio à Ucrânia e aos aliados, avançam hoje vários meios de comunicação social.
Rússia - Ucrânia: Uma cronologia das relações que levaram a guerra à Europa
Ao invadir a Ucrânia, o Presidente Vladimir Putin foi acusado pelos países ocidentais de provocar uma guerra na Europa. Veja aqui a cronologia dos acontecimentos que levaram à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2004
O candidato pró-Rússia, Viktor Yanukovich (na foto), é declarado Presidente, mas alegações de fraude eleitoral provocam um movimento de protesto. Conhecida como a Revolução Laranja, a iniciativa força uma nova votação, que resulta na eleição do pró-ocidental Viktor Yushchenko.
Foto: Reuters/T. Makeyeva
2005
Um ano mais tarde, o novo Presidente, Viktor Yushchenko, promete retirar a Ucrânia da órbita de Moscovo e conduzi-la em direção à NATO e União Europeia. Durante a sua campanha em 2004, Yushchenko sofreu uma tentativa de assassinato por envenenamento que o deixou desfigurado. Desde então, fez uma recuperação física total.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/A. Vitvitsky
2008
Na cimeira de Bucareste, a NATO concorda em iniciar o processo de adesão da Ucrânia e da Geórgia. "Acordámos hoje que estes países se tornarão membros da NATO", lê-se na declaração da cimeira. Na mesma cimeira, o Presidente russo, Vladimir Putin (na foto), avisou que as relações com o Ocidente dependeriam do respeito pelos interesses do seu país.
Foto: Vladimir Rodionov/dpa/picture-alliance
2010
Viktor Yanukovich derrota Yulia Tymoshenko nas presidenciais e torna-se chefe de Estado. As eleições foram consideradas justas por observadores internacionais. Uma semana antes da assinatura do acordo com a UE, Yanukovich suspende o processo e anuncia que a Ucrânia prefere juntar-se à Rússia na União Aduaneira Eurasiática.
Foto: Reuters
2013 e 2014
A decisão de Yanukovich gera uma onda de protestos de apoiantes da integração europeia. O movimento chamado "Euromaidan", por centrar as manifestações na Praça Maidan, em Kiev, tornam-se violentos. Dezenas de manifestantes são mortos, mas o Presidente acaba por ser retirado do Governo, exilando-se na Rússia.
Foto: Tomas Rafa
2014 - anexação da Crimeia
Em março, a Rússia anexa a península da Crimeia, no sudeste da Ucrânia.
Em abril, separatistas com apoio de Moscovo declaram a independência das "repúblicas" de Luhansk e de Donetsk, na região oriental ucraniana do Donbass, iniciando uma guerra que provoca 14 mil mortos em oito anos.
Foto: Imago Images
2019
O ex-ator e comediante Volodymyr Zelensky é eleito Presidente da República em 21 de abril e promete pôr fim ao conflito no leste da Ucrânia. Em 2021, apela ao novo Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, para apoiar a adesão da Ucrânia possa à NATO, colocando o país em novamente nos trilhos rumo à Europa.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Sivkov
2021 - Março até Novembro
O Governo russo estaciona tropas perto da fronteira da Ucrânia, alegando treinos miltares.
A Ucrânia acusa Putin de ter concentrado 100 mil tropas e armamento pesado nas suas fronteiras, o que motiva um pedido de explicação dos EUA ao Kremlin. Putin acusa o Ocidente de exacerbar tensões "entregando armas modernas a Kiev e conduzindo exercícios militares provocatórios" no Mar Negro.
Foto: Maxar Technologies via REUTERS
2021 - Dezembro
Biden adverte que a Rússia será alvo de sanções económicas duras se invadir a Ucrânia.
Moscovo divulga as suas exigências ao Ocidente: tratados a proibir a adesão da Ucrânia e da Geórgia à NATO, o estabelecimento de bases militares no leste e a retirada de tropas aliadas da Roménia e da Bulgária, num regresso à situação anterior a 1997.
Foto: Brendan Smialowski/AFP
2022 - 10 de Fevereiro
Tropas russas e bielorrussas iniciam dez dias de exercícios de combate próximo da fronteira da Bielorrússia com a Ucrânia. A presença destas tropas gera mais preocupação na comunidade internacional, que vê os exercícios como um posicionamento estratégico das tropas russas, dando-lhes mais um ponto de entrada na Ucrânia.
Foto: Alexander Zemlianichenko/AP Photo/picture alliance
2022 - 21 de Fevereiro
Os líderes das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk pedem a Putin para as reconhecer como Estados independentes. Putin assina os decretos em que a Rússia reconhece a independência das regiões e ordena ao exército russo que envie uma missão de "manutenção da paz" para os territórios no leste da Ucrânia.
A NATO acusa Moscovo de fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia.
Foto: Alexei Alexandrov/AP Photo/picture alliance
2022 - 22 de Fevereiro
Zelensky pede ao Ocidente "medidas de apoio claras e eficazes", assegura que os ucranianos "não vão ceder uma única parcela do país" e responsabiliza a Rússia por tudo o que acontecer.
Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, diz que tomou medidas para interromper a certificação do gasoduto Nord Stream 2, numa decisão saudada pela UE e pelos EUA.
Foto: Clemens Bilan/Getty Images
2022 - 24 de Fevereiro
Tropas russas entram na Ucrânia e muitos locais são atingidos por mísseis. Vladimir Putin pronuncia um discurso no qual afirma que apenas alvos militares serão atingidos. Mas relatos de civis feridos e vídeos de ataques em zonas urbanas enchem as redes sociais. Várias baixas são reportadas nas primeiras horas do conflito.
Foto: Ukrainian President s Office/Zuma/imago images
2022 - 24 de Fevereiro
Edifícios residenciais civis atingidos durante a operação militar do Kremlin contra a Ucrânia. Relatos, vídeos e pedidos de ajuda surgem nas redes sociais, expondo vários cenários em que zonas urbanas e civis foram apanhados na destruição dos ataques militares.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2022 - 24 de fevereiro
Muitas pessoas utilizaram as estações de metro em Kiev como abrigo durante a operação militar do Kremlin. As sirenes contra ataques aéreos soaram pela primeira vez desde a 2ª Guerra Mundial. As estações encheram-se de pessoas à procura de guarida.
Foto: Zoya Shu/AP/dpa/picture alliance
2022 - 24 de Fevereiro
Protestos contra a iniciativa militar do Kremlin surgem em vários países, incluindo na Rússia. Na foto, uma manifestante russa é detida pela polícia enquanto segura um cartaz que diz "Não à guerra!".