França: Esquerda vence e extrema-direita fica em terceiro
8 de julho de 2024Enquanto a coligação de esquerda NFP assegurou o primeiro lugar, a aliança centrista do atual Presidente francês, Emmanuel Macron, ficou em segundo e tendo a extrema-direita União Nacional (RN), de Marine Le Pen, caiu da liderança obtida na primeira volta da eleições para o terceiro lugar.
Mas o que significam estes resultados? Três grandes blocos políticos saíram das eleições, mas nenhum deles obteve maioria absoluta na Assembleia Nacional. Ou seja, 289 de 577 lugares. O parlamento francês pode assim ser dividido em grupos políticos com posições muito diferentes.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, extremamente impopular, poderá ter de liderar o país ao lado de um primeiro-ministro que se opõe às suas políticas centristas.
Depois de encerradas as urnas e conhecidas as projeções neste domingo, Jean-Luc Mélenchon, líder do partido França Insubmissa, que integra a aliança de esquerda, vencedora, disse que os resultados representam um imenso "alívio para o país" e exigiu a Macron que nomeie um primeiro-ministro da aliança esquerdista:
"O Presidente tem de se curvar e aceitar esta derrota sem tentar contorná-la de forma alguma. O Primeiro-Ministro tem de sair. Nunca teve a confiança da Assembleia Nacional. Acabou de liderar a campanha perdida pelo seu partido e recebeu um voto maciço de desconfiança do povo".
Primeiro-ministro demite-se
Também na noite deste domingo (07.07), o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal já afirmou que tenciona demitir-se depois de a coligação de esquerda surgir nas projeções como vencedora na segunda volta das eleições legislativas.
"Esta noite, o grupo político que representei nesta campanha, apesar de ter alcançado um resultado três vezes superior ao previsto nas últimas semanas, não tem maioria. Por isso, de acordo com a tradição republicana e de acordo com os meus princípios, amanhã de manhã entregarei a minha demissão ao Presidente da República", anunciou.
Por sua vez, após o resultado obtido pela extrema-direita neste domingo, Jordan Bardella, o líder de 28 anos, que teve uma ascensão meteórica no partido União Nacional (RN), e que esperava ser a escolha clara para primeiro-ministro, disparou que "a França está a ser atirada para as mãos da extrema-esquerda" e condenou uma "aliança de desonra".
Bardella acusou Macron de "empurrar a França para a incerteza e a instabilidade". Marine Le Pen, outra notória figura da extrema-direita francesa, afirmou que "a vitória do seu partido só foi adiada".
O gabinete do Presidente Emmanuel Macron, entretanto, avançou que ele vai "esperar" antes de tomar medidas sobre um novo Governo.
Macron tinha convocado eleições legislativas antecipadas em França depois de a extrema-direita ter vencido as eleições parlamentares europeias em junho.