A seleção francesa, que venceu o Mundial de futebol com o contributo de descendentes de africanos, já está em casa. Campeões foram recebidos em Paris por multidão que pintou os Campos Elísios de azul, branco e vermelho.
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Entre o público que festeja a vitória da França, ninguém se esquece que foram jogadores, na sua maioria com raízes fora de França, com destaque para África, que conquistaram o troféu mundial na Rússia. Aliás, isso já tinha acontecido em 1998, quando a seleção francesa, liderada por Zinedine Zidane, foi campeã mundial no torneio disputado em casa, há precisamente 20 anos.
Hoje, as estrelas continuam a ter raízes fora de França. Os pais de Paul Pogba emigraram da Guiné Conacri para França. O pai de Kylian Mbappé é natural dos Camarões e a mãe da Argélia. Samuel Umtiti nasceu nos Camarões. E Blaise Matuidi é filho de mãe e pai angolanos.
Mas também há jogares franceses com raízes não africanas: Antoine Griezmann é filho de pai alemão e de mãe portuguesa.
França: Campeões da multiculturalidade
Imigrantes, filhos e netos de imigrantes formaram um conjunto unido e venceram o Mundial com a camisola da França, cuja seleção para muitos mais parece a uma "ONU em miniatura". Esta segunda-feira (16.07) celebrou-se a festa da diversidade.
Outras seleções têm há muitos anos um cunho multicultural, é certo. Portugal é talvez o exemplo mais antigo. A seleção de Eusébio, já nos anos 60, era uma seleção multiracial, o que na altura nem sempre era bem aceite pelas federações e pelos adeptos rivais de outros países europeus.
Mas esses tempos passaram e outras seleções europeias se seguiram, como a Grã Bretanha, a Holanda, a Bélgica e a própria Suíça, que abriram as portas a jogadores imigrantes e descendentes de imigrantes, refletindo assim a realidade das sociedades em que se inserem.
A "escolha difícil" de Blaise Matuidi
O franco-angolano Blaise Matuidi foi abordado há anos pela Federação Angolana de Futebol e poderia muito bem ter escolhido representar a terra natal dos seu país. O futebolista da Juventus, de Itália, conta que teve de fazer uma "escolha difícil" quando optou por defender as cores da equipa azul, em detrimento dos Palancas Negras.
"Na altura tive de fazer uma escolha difícil ao optar pela equipa francesa", justificou Matuidi. "No meu coração moram os dois países. Eu represento tanto a França, como Angola", diz. Matuidi é filho de angolanos: a mãe é natural da província do Uíge e o pai de Luanda.
O jogador deu os primeiro passos no futebol em França. Muito jovem começou a sua carreira ao serviço do US Créteil, seguindo depois para o Créteil-Lusitanos, dois clubes com fortes ligações a Portugal.
No entanto, o médio não domina a língua portuguesa, até porque o pai ainda hoje preserva a cultura bantu. A sua família e ele próprio são mais fluentes em lingala, uma das grandes línguas bantus, e também dominam o francês.
Além de Angola, Matuidi tem também especial afeto pela República Democrática do Congo (RDC), país para onde fugiu parte da sua família, no início da década de 80, durante a guerra civil angolana.
A França é campeã do Mundo!
Seleção gaulesa derrotou a Croácia por 4-2 e conquista o campeonato do mundo, vinte anos depois.
Foto: REUTERS
França 4-2 Croácia
A França venceu a Croácia por 4-2, numa das melhores finais de sempre de um Mundial! A França entrou melhor e viu Mario Mandžukić a marcar autogolo ao minuto 18. No entanto, a Croácia empatou dez minutos depois, por Perišić. Griezmann (foto), voltou a dar vantagem à França, através de um penálti. Na 2ª parte, Pogba e Mbappé alargaram para 4-1. Mandžukić ainda reduziu para 4-2.
Foto: Reuters/C. Recine
Grande final!
Depois dos últimos três mundiais (2006, 2010 e 2014), terem sido resolvidos em prololongamentos e desempate por grandes penalidades, tivémos uma final repleta de golos! França e Croácia protagonizaram uma das grandes finais do Mundial de futebol. Desde a final de 1966, em que a Inglaterra venceu a Alemanha (RFA), por 4-2, após o prolongamento, que não havia seis golos na decisão do titulo mundial.
Foto: picture-alliance/dpa/V. Pesnya
Vencedor - França
Antoine Griezmann voltou a estar em grande pela França. Depois de ter sido o melhor marcador e melhor jogador no Europeu 2016, final perdida para Portugal, o avançado de 27 anos brilhou no Mundial e foi o rosto da eficácia, sobriedade e qualidade francesa. Quatro golos e duas assistências fizeram dele o melhor jogador francês no Mundial, e provavelmente, o melhor da atualidade.
Foto: Reuters/K. Pfaffenbach
Futuro garantido
Kylian Mbappé teve uma época para recordar para sempre. Em 2017/18, o avançado francês protagonizou a segunda transferência mais cara do futebol mundial - quando trocou o Monaco pelo PSG, por 180 milhões de euros - foi bicampeão francês, venceu o prémio de "Golden Boy", da FIFA, e aos 19 anos, é campeão do Mundo pela França. Os astros alinham-se e o nome de Mbappé promete fazer história...
Foto: Reuters/D. Staples
Entrada para a história
Didier Deschamps entrou para uma elite muito restrita, do futebol mundial. O selecionador francês, foi campeão do mundo como treinador... e jogador. Há 20 anos, Deschamps capitaneou a seleção francesa ao primeiro mundial da sua história, num Mundial organizado pelos franceses. Didier Deschamps junta-se assim a Mário Zagallo (Brasil) e Franz Beckenbauer (Alemanha).
Foto: Reuters/K. Pfaffenbach
Surpresa - Croácia
Grande Mundial da Croácia! Surpresa? Sim, porque chegou pela primeira vez à final de uma competição internacional. Recordemos que a Croácia fazia parte da antiga Jugoslávia, e apenas atua como seleção independente desde 1994. Fantástico para um país com pouca expressão no futebol mundial, mas com muito talento espalhado pelas melhores equipas do Mundo. Um dos maiores ou mesmo o maior, Modrić.
Foto: picture-alliance/dpa/C. Charisius
Super-Modrić
Se há jogador que merecia um troféu só para ele, é Luka Modrić. O médio de 32 anos, fez um Mundial inesquecível, que só fugiu para a França, porque foi melhor. Modrić destruiu, construiu, marcou, assistiu... fez tudo! Levou o piano consigo e compôs a página mais bonita da história do futebol croata. Nem sempre as histórias tem um final feliz, mas Modrić será uma história para ais tarde recordar.
Foto: Reuters/D. Martinez
3º lugar - Bélgica
A Bélgica alcançou o terceiro e último lugar do pódio, deste Mundial 2018. É a melhor classificação de sempre, da seleção belga, na fase final de um campeonato do do mundo de futebol, e muito provavelmente, esta é a geração de ouro da Bélgica. A seleção comanda por Hazard deixa o Mundial da Rússia, com água na boca, no futebol praticado e na qualidade de talento. Daqui a dois anos, temos Europeu..