FRELIMO com 90% dos votos em Gaza? Oposição protesta
Carlos Matsinhe (Xai-Xai)
22 de outubro de 2019
Na província de Gaza, sul de Moçambique, a oposição não aceita os resultados publicados na segunda-feira. RENAMO e MDM contestam vitória da FRELIMO e do Presidente Filipe Nyusi com números acima dos 90%.
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Segundo os resultados do apuramento intermédio que a Comissão Provincial de Eleições de Gaza divulgou na segunda-feira (21.10), o candidato presidencial da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Filipe Nyusi, venceu o escrutínio com 674.494 votos, correspondentes a 94,7% dos votos.
O candidato da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Mamade, obteve 20.436 votos ou 2,8%, e Daviz Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) arrecadou 14.537 votos, equivalentes a 2%. Na eleição dos deputados para a Assembleia da República, a FRELIMO também venceu claramente, com 95,2% dos votos válidos. A RENAMO obteve 2,9% e o MDM 2,2%. A eleição para a Assembleia Provincial teve uma distribuição quase idêntica de votos.
Mas o mandatário provincial da RENAMO, Arnaldo Zacarias, contesta os dados: "Não são verdadeiros e não nos dizem nada", afirmou.
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RENAMO pede novas eleições
O partido pede "a anulação desse processo, porque foi muito fraudulento" e exige a realização de novas eleições.
"Temos dois casos, o primeiro foi na escola Coca Missava, na cidade de Xai-Xai, onde a presidente da mesa foi encontrada com boletins de voto. Chamada a polícia, não quis reagir. Mesmo o procurador esteve lá. Também numa das escolas do distrito do Limpopo, o presidente foi flagrado com alguém a assinalar nos boletins de voto", denunciou Zacarias.
MDM também rejeita resultados
O delegado provincial do MDM, Alberto Nhamuche, diz que o seu partido também não reconhece os resultados.
Nhamuche lembra os problemas desde o recenseamento e denuncia intimidações, falta da credenciação dos fiscais e exclusão de Membros da Mesa de Votação (MMVs) dos partidos da oposição.
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"Na cidade de Xai-Xai, não chegámos de ter um fiscal. A comissão distrital negou categoricamente dar credenciais e, quando o nosso partido tentou fazer alguma coisa, o mandatário provincial foi agredido fortemente com chambocos pela PRM. Em alguns distritos, como Chongoene, houve credenciação no próprio dia de votação. Muitos dos delegados só conseguiram chegar ao terreno a parir das 12h, e o enchimento já haviam feito de manhã", afirma o delegado provincial do MDM.
O mandatário da FRELIMO foi o único representante dos três partidos com parlamentar que esteve presente na divulgação oficial dos resultados, na segunda-feira. Momed Faruk Mujavar diz que os resultados espelham a vontade do eleitorado e o "o esforço e trabalho de educação do partido."
Em Gaza, a abstenção foi menor do que em outras províncias moçambicanas. Só 37% dos eleitores inscritos em Gaza não foram votar nas eleições deste ano.
Dia de eleições em Moçambique em imagens
De norte a sul de Moçambique, grande afluência de eleitores marcou primeiras horas de votação. 13,1 milhões de moçambicanos foram chamados a escolher Presidente da República, 250 deputados e 10 governadores provinciais.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Filipe Nyusi abre votação em Maputo
As primeiras assembleias de voto abriram às 07:00 para as sextas eleições gerais. Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique e candidato a um segundo mandato, abriu a votação em Maputo. Depois de votar na Secundária Josina Machel, em direto na televisão pública, pediu ao país para mostrar ao mundo que Moçambique "apoia a democracia". "Vamos acreditar e vamos confiar", sublinhou o candidato da FRELMO.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Ossufo Momade vota na Ilha de Moçambique
O candidato presidencial da RENAMO, Ossufo Momade, disse que "nunca" vai aceitar "resultados eleitorais manipulados", assinalando que a negação da vontade popular levou o país a hostilidades militares no passado. "Estamos determinados em fazer qualquer coisa que o povo nos indicar", declarou Momade. O candidato falava após votar na sua terra natal, na Ilha de Moçambique, província de Nampula.
Foto: Getty Images/A. Barbier
Daviz Simango apela ao voto de todos
Daviz Simango, candidato à presidência pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), votou no bairro de Macuti. "Aproveito esta oportunidade para lembrar a todos os moçambicanos que não votarem que vão ter a oportunidade de ser dirigidos por aqueles que não escolheram", advertiu. Pediu ainda às autoridades para "criarem condições para que estas eleições sejam transparentes livres e justas".
Foto: DW/A. Sebastião
Tentativas de fraude a favor da FRELIMO
Segundo o Centro de Integridade Pública (CIP), registaram-se já vários "casos de tentativas de enchimento de urnas" nos dois maiores círculos eleitorais do país. Os casos, a favor da FRELIMO, ocorreram nas assembleias de voto instaladas nas escolas primárias completas Eduardo Mondlane de Angoche, em Nampula, e 16 de Junho, em Mopeia, na Zambézia, precisou a ONG.
Foto: DW/L. da Conceição
UE: Observação eleitoral "em boas condições"
A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (UE) considera que a abertura das mesas de voto decorreu de modo ordeiro. "Havia muitas filas, mas os procedimentos foram seguidos em grande parte", disse Sànchez Amor. O chefe da missão da UE informou ainda que "a observação está a realizar-se em boas condições" e, por enquanto, "o processo desenrola-se conforme o previsto".
Foto: DW/L. Matias
Quelimane: Zambezianos em peso nas urnas
Assembleias de voto em Quelimane, província central da Zambézia, registam grande afluência de eleitores desde as primeiras horas. A DW encontrou vários cidadãos que não conseguiram votar por problemas com o cartão de eleitor. Luís Boavida, cabeça de lista do MDM, e Manuel de Araújo, da RENAMO, apelaram aos zambezianos para irem às urnas. Pio Matos, da FRELIMO, garantiu que está "tudo tranquilo".
Foto: DW/N. Issufo
Gaza: Ambiente calmo e ordeiro
A tranquilidade marcou a abertura das mesas de voto em Mandlakazi, na província de Gaza, no sul. Gaza foi notícia nos últimos meses porque foi aqui que os órgãos eleitorais moçambicanos recensearam cerca de 230 mil eleitores a mais do que o número da população em idade eleitoral anunciada pelo INE. Irregularidades muito contestadas por oposição e sociedade civil.
Foto: DW/C. Matsinhe
Nampula: Eleitores impedidos de votar
Em Mulila, no populoso bairro de Namicopo, na cidade de Nampula, pelo menos oito eleitores foram impedidos de votar, alegadamente porque os seus nomes não constavam dos cadernos eleitorais. O bairro de Namicopo é na sua maioria habitado por apoiantes da RENAMO. Já a Sala da Paz condenou a "falta de vontade dos órgãos eleitorais" em credenciar observadores na província de Nampula.
Foto: DW/S. Lutxeque
Tete: Balanço positivo da Sala da Paz
A Sala da Paz faz um balanço positivo das primeiras horas de votação em Tete, apesar de se verificaram longas filas de eleitores e de alguns membros desta plataforma eleitoral não terem sido credenciados pelos órgãos de administração eleitoral para a observação do pleito. Nestas eleições, Tete elege 21 deputados para a Assembleia da República e 82 membros para a Assembleia Provincial.
Foto: DW/A. Zacarias
Inhambane: Prioridade para eleitores idosos
Idosos em Inhambane estão a ter prioridade nas mesas das assembleias de voto. Nesta província, as mesas abriram à hora prevista, com milhares de eleitores nas filas para exercerem o seu direito cívico. A afluência às urnas diminuiu ao final da manhã. Os concorrentes ao cargo de governador votaram cedo e aguardam os resultados nas suas residências, sob fortes medidas de segurança.
Foto: DW/L. da Conceição
Pemba: Longa espera para votar
Ao contrário de Inhambane, em Pemba, província de Cabo Delgado, alguns idosos queixam-se da longa espera para votar e lamentam que não lhes seja concedida prioridade, como preconiza a lei. "Há lutas na fila e como nós somos mais velhas não conseguimos ficar paradas, por isso ficamos sentadas", disse à DW África a idosa Albertina Navaia, que vota na Escola Primária de Cariacó.
Foto: DW/D. A. Uatanle
Manica: Votação sem sobressaltos
Em Manica, a votação tem sido sobressaltos nem registo de ilícitos eleitorais. Apesar de, no geral, os partidos darem nota positiva ao arranque do processo na província, o delegado do MDM, Humberto Escova, lamentou a circulação de automóveis blindados, na zona de Pinanganga, no distrito de Gondola, e acusou o contingente policial de semear o medo entre os eleitores.