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FRELIMO deve "desarmar-se" do poder em Moçambique

Lusa
24 de junho de 2023

Palavras do Presidente do Nova Democracia, partido sem representação parlamentar, que organizou, este sábado, em Maputo, uma marcha pela liberdade. Protesto decorreu sem incidentes.

Salomão MuchangaFoto: DW/L.Matias

Uma marcha pela liberdade organizada pelo partido Nova Democracia percorreu, este sábado (24.06), o centro de Maputo sem incidentes, em contraste com a violência policial que reprimiu iniciativa semelhante há três meses causando vários feridos.

A ação de rua anunciada durante a semana, a pretexto das comemorações dos 48 anos de independência, que se assinalam domingo, foi a primeira a incluir palavras de contestação política e social após anos de sistemática repressão policial do direito à manifestação em Moçambique.

Questionado pelos jornalistas sobre o que houve de diferente para a ação não ser reprimida, Salomão Muchanga, líder do partido Nova Democracia, disse ter explicado ao Presidente da República, Filipe Nyusi, "que manifestar-se, marchar, não é um favor, é um direito".

Participantes entoaram o mesmo "Povo no Poder" do rapper Azagaia que não puderam homenagear a 18 de março [Foto de arquivo]Foto: Madalena Sampaio/DW

"Nunca mais Moçambique voltará a ter medo de se manifestar. O significado profundo deste dia é que estamos a conseguir marchar, manifestar, estamos a libertar os cidadãos do medo", referiu, colocando a iniciativa num nível suprapartidário, porque acolheu ativistas e participantes, independentemente das simpatias políticas.

Aplausos pela democracia

Num cruzamento da Avenida Eduardo Mondlane, houve aplausos "pela democracia" quando a marcha pela liberdade se cruzou com outra, em sentido contrário, da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).

No meio do trânsito de marchas, a polícia compareceu de forma ligeira, sem gás lacrimogéneo nem blindados e acompanhou os participantes que entoaram o mesmo "Povo no Poder" do rapper Azagaia que não puderam homenagear a 18 de março, dias depois de o músico ter morrido por doença.

FRELIMO tornou-se "fator de instabilidade para Moçambique"

04:02

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"Ladrões fora, corruptos fora, assassinos fora" foram outros versos com que Azagaia contestava o poder político e que hoje foram entoados a plenos pulmões livremente ao longo da Avenida Eduardo Mondlane por entre uma a duas centenas de pessoas.

FRELIMO deve desarmar-se

Na mesma ocasião, o Presidente do Nova Democracia disse que a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) deve "desarmar-se".

"Com este recenseamento que tivemos, há riscos gravosos de que o processo eleitoral que se avizinha seja problemático a todos os níveis. Moçambique precisa de se reencontrar e fazer uma paz positiva, não é apenas calar as armas, não é apenas recolher a última arma, porque também é a FRELIMO que precisa de se desarmar", referiu.

"Precisamos de construir um espaço positivo de compreensão dos moçambicanos para fazer com que a liberdade seja a onda de estabilidade do país, mas também para que os processos democráticos nacionais sejam razoáveis e aceites", sublinhou o dirigente.

Muchanga falava no dia seguinte à cerimónia oficial de desarmamento da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição.

"O recenseamento eleitoral foi uma lástima", disse ainda Salomão Muchanga, repetindo um alerta que também já foi feito por Ossufo Momade, líder da RENAMO, em relação ao registo de votantes para as autárquicas de 11 de outubro.

Beira: A luta dos cidadãos para garantir o direito ao voto

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"As eleições, que são o epicentro da democracia, não podem ser foco de instabilidade, tem de haver igualdade de oportunidades" entre partidos e movimentos, mas admite que isso não está garantido.

Moçambique entra este ano num novo ciclo eleitoral, com autárquicas marcadas para 11 de outubro e eleições gerais em 2024.

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