FRELIMO e RENAMO anunciam seus candidatos em Nampula
Sitoi Lutxeque (Nampula)
25 de novembro de 2017
Eleições intercalares estão marcadas para o dia 24 de janeiro. A FRELIMO concorrerá com Amisse Khololo, atualmente diretor na Assembleia Provincial. Já o partido da oposição terá o deputado Paulo Vahanle como candidato.
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Os partidos Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) apresentaram, neste sábado (25.11), os seus candidatos para as eleições intercalares na cidade de Nampula, capital da província homónima.
O partido no poder em Moçambique, FRELIMO, vai concorrer com Amisse Cololo, de 58 anos. Ele é militante desde a sua juventude. Já desempenhou várias funções no Governo e atualmente é diretor do secretário técnico da Assembleia Provincial de Nampula. Khololo, único candidato interno do partido, foi eleito por aclamação com 75 votos, que representa a totalidade dos participantes.
Amisse Khololo não fez muitas promessas. Entretanto, no seu discurso inaugural como candidato disse que, caso ganhe as eleições, vai criar um plano de contingência do seu Governo municipal face às calamidades naturais, durante o período chuvoso que vai coincidir com os oito meses da sua governação.
"Agora vamos entrar numa época chuvosa em Nampula e ai é preciso nos acautelar, tendo o plano de contingência para que, realmente, nós possamos singrar das dificuldades que poderão advir", sublinhou. Para Cololo, a sua candidatura é um desafio que lhe foi imposto pelos seus camaradas, e, por isso, promete satisfazer os anseios do partido.
Deputado da Assembleia da República vai representar a RENAMO
Já a RENAMO indicou, também por consenso e sem opositor interno, o deputado da Assembleia da República Paulo Vahanle, de 57 anos de idade. É a primeira vez que o partido vai concorrer às autárquicas depois de ter boicotado, alegadalemente devido à irregularidades, as eleições de 2013 – da qual Mahamudo Amurane, do MDM, foi vencendor.
Paulo Vahanle prometeu prover os cidadãos de Nampula de água potável, e apontou como desafios para o próximo Governo a abertura e melhoria de transitabilidade nas estradas e a remoção do lixo da cidade.
"Nunca contei com esta indicação a candidato do partido, foi uma surpresa, mas os membros da RENAMO da cidade de Nampula confiaram em mim, então tenho que desafiar a essa candidatura. Os munícipes devem esperar de mim um tratamento condigno, uma cidade melhor que esta", disse.
Primeiro partido a apresentar um candidato
Entretanto, Filomena Mutoropa, candidata do Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), que também concorreu em 2013, foi apresentada a 9 de novembro. Ela disse que se vai se inspirar na governação de Amurane para a melhoria continua das condições de vida dos cidadãos de Nampula.
"Vamos criar boas condições para os cidadãos de Nampula, através do fornecimento de água, corrente elétrica, estradas, remoção do lixo e tudo que for necessário para o bem dos cidadãos", ressaltou.
O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) ainda não apresentou o seu candidato ao escrutínio. Porém, o delegado daquele partido na cidade de Nampula, Luciano Tarieque, assegurou que para breve será conhecido, estando neste momento ainda a decorrer os trabalhos internos para a eleição do mesmo.
De acordo com o calendário eleitoral, emitido pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), a apresentação de todos os candidatos deve ocorrer até 7 de dezembro.
Moçambique: Assassinato de figuras incómodas é uma moda que veio para ficar
O preço de fazer valer a verdade, justiça, conhecimento ou até posições diferentes costuma ser a vida em Moçambique. A RENAMO é prova disso, no pico da tensão com o Governo da FRELIMO perdeu dezenas de membros.
Foto: BilderBox
Mahamudo Amurane: Silenciada uma voz contra corrupção e má governação
O edil da cidade de Nampula foi morto a tiros no dia 4 de outubro de 2017. Insurgia-se contra a má gestão da coisa pública e corrupção no seu Município. Foi eleito para o cargo de edil através do partido MDM. Embora mais de sessenta pessoas já estejam a ser ouvidas pela justiça não se conhecem os autores do crime.
Foto: DW/Nelson Carvalho Miguel
Jeremias Pondeca: Uma voz forte nas negociações de paz que foi emudecida
Foi alvejado mortalmente a tiro por homens desconhecidos no dia 8 de setembro de 2016 em Maputo quando fazia os seus exercícios matinais. O assassinato aconteceu numa altura delicada das negociações de paz. Pondeca era membro da Comissão Mista do diálogo de paz, membro do Conselho de Estado, membro sénior da RENAMO e antigo parlamentar. Até hoje a polícia não encontrou os autores do crime.
Foto: DW/L. Matias
Manuel Bissopo: O homem da RENAMO que escapou por um triz
No dia 4 de janeiro de 2016 foi baleado depois de uma conferência de imprensa do seu partido na Beira. Bissopo tinha acabado de denunciar alegados raptos e assassinatos de membros do seu partido e preparava-se para se deslocar para uma reunião da força de oposição quando foi baleado. A polícia moçambicana até hoje não encontrou os atiradores.
Foto: Nelson Carvalho
José Manuel: Uma das caras da ala militar da RENAMO que se apagou
Em abril de 2016 este membro do Conselho Nacional de Defesa e Segurança em representação da RENAMO e membro da ala militar do principal partido da oposição foi morto a tiro por desconhecidos à saída do aeroporto internacional da Beira. A questão militar é um dos pontos sensíveis nas negociações de paz. Os assassinos continuam a monte.
Foto: DW/J. Beck
Marcelino Vilanculos: Assassinado quando investigava raptos
Era procurador foi baleado no dia 11 de abril de 2016 à entrada da sua casa, na Matola. Marcelino Vilanculos investigava casos de rapto de empresários que agitavam o país na altura. O julgamento deste assassinato começou em outubro de 2017.
Foto: picture-alliance/Ulrich Baumgarten
Gilles Cistac: A morte foi preço pelo conhecimento divulgado?
O especialista em assuntos constitucionais de Moçambique foi baleado por desconhecidos no dia 3 de março de 2015 na capital Maputo. O assassinato aconteceu após uma declaração que fortaleceu a posição da RENAMO de gestão autónoma na sua querela com o Governo da FRELIMO. Volvidos mais de dois anos a sua morte continua por esclarecer.
Foto: A Verdade
Dinis Silica: Assassinado em circunstâncias estranhas
O juiz Dinis Silica também foi morto a tiro por desconhecidos, em 2014, em plena luz do dia, quando conduzia o seu carro na capital moçambicana. Na altura transportava uma avultada quantia de dinheiro, cuja proveniência é desconhecida. O juiz da Secção Criminal do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo investigava igualmente casos de raptos. Os assassinos continuam a monte.
Foto: picture-alliance/dpa/U. Deck
Siba Siba Macuacua: Uma morte brutal em nome da verdade
O economista do Banco de Moçambique foi atirado de um dos andares do prédio sede do Banco Austral no dia 11 de agosto de 2001. Na altura investigava um caso de corrupção na gestão do Banco Austral. Siba Siba trabalhava na recuperação da dívida de milhões de meticais, resultante da má gestão do banco. Embora tenha sido aberta uma investigação sobre esta morte ainda não há esclarecimentos até hoje.
Foto: DW/M. Sampaio
Carlos Cardoso: O começo da onda de assassinatos
Considerado o símbolo do jornalismo investigativo em Moçambique, Carlos Cardoso foi assassinado a tiros a 22 de novembro de 2000. Na altura investigava a maior fraude bancária de Moçambique. O seu assassinato foi interpretado como um aviso claro aos jornalistas moçambicanos para que não interferissem nos interesses dos poderosos. Devido a pressões internacionais o caso chegou a justiça.