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FRELIMO pede afastamento do edil de Quelimane

26 de janeiro de 2023

A FRELIMO alega que Manuel de Araújo se ausenta demasiado de Quelimane. Em entrevista à DW África, o edil diz que o faz por um bom motivo e acusa a FRELIMO de ter deitado fogo à casa da sua mãe.

O edil de Quelimane, Manuel de Araújo
O edil de Quelimane, Manuel de Araújo, é acusado de vajar com demasiada frequência para o exteriorFoto: DW/N.Issufo

A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder em Maputo, mas na oposição em Quelimane, critica as ausências frequentes do presidente do conselho autárquico de Quelimane, Manuel de Araújo, cargo ao qual foi eleito pela lista da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).

A FRELIMO submeteu um ofício ao Ministério de Administração Estatal e Função Pública a pedir a destituição de Araújo do seu cargo.

O Ministério recusou-se a prestar declarações. Num comunicado, apela, no entanto, à bancada da FRELIMO e à assembleia autárquica que exijam do edil explicações sobre as suas ausências e faltas ao trabalho.

Quelimane desperta interesse no exterior

Manuel de Araújo justifica o motivo de tantas viagens apontando o número de municípios no exterior, mormente em Portugal, que pedem parcerias com Quelimane: "São municípios portugueses que veem Quelimane crescer e querem fazer parte deste processo", explica.

Há ainda outros motivos que levam o edil a viajar para fora do país. "Em abril vou ter de ir para os EUA, para a Universidade de Pensilvânia, para receber um prémio de liderança. Enquanto aqui nos partem as pernas, o mundo está a ver as coisas em Quelimane", remata.

O analista político Lourindo Verde, da Universidade Licungo, em Quelimane, compreende a posição dos membros da bancada da FRELIMO, afirmando que os munícipes se sentem abandonados. Mas acredita que as viagens se orientem pelos princípios da administração pública. "Precisaríamos de saber através do Conselho Autárquico de Quelimane se estas viagens são autorizadas ou não", disse o investigador à DW África.

Fogo posto pela FRELIMO?

"Não há justiça em Moçambique", diz AraújoFoto: Marcelino Mueia/DW

Por seu lado, Manuel de Araújo acusa a FRELIMO de ter mandado incendiar a casa da sua mãe em 2019. Para Araújo, o facto de a Procuradoria Provincial da Zambézia ter, há duas semanas, encerrado o caso sem identificar os criminosos, é "prova inequívoca e evidente" da culpa da FRELIMO, uma vez que, explica, em Moçambique os processos só não avançam quando está envolvido o partido.

Segundo a família de Araújo, a Procuradoria aconselhou a que recorressem da decisão ou que abrissem um novo processo.

"A nossa Justiça tem binóculos e escolhe. A nossa Justiça é forte para os fracos e é fraca para os fortes. Não há justiça neste país", disse o edil.

A DW África tentou obter uma reação às acusações junto do porta-voz do comité provincial da FRELIMO na Zambézia, Manuel Franco, sem sucesso até ao fecho da edição deste artigo.

A mãe de Manuel de Araújo, Inês Alcolete, conta que vive com medo desde que a sua casa foi incendiada, receio exacerbado pelo facto de este ser um ano das eleições autárquicas. "Eu pensei que neste período diriam alguma coisa, mas anunciaram que vão encerrar o caso. Estou assim mesmo, o meu guarda-fatos não tem recuperação, a roupa agora estou a pendurar em qualquer lugar. Queimaram o guarda-fatos, a cama, a mala, a pasta, a roupa que estava lá, foi tudo", contou à DW África.

Um dos guardas presentes no dia do incêndio disse, na altura, à DW África, que fora ameaçado com uma pistola por três assaltantes, que o amarraram, antes de despejar cerca de 40 litros de gasolina na casa.

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