FRELIMO rejeita acusações de reativar "esquadrões da morte"
Lusa
12 de novembro de 2019
Depois da acusação da RENAMO, a resposta da FRELIMO: o partido no poder em Moçambique rejeita ter reativado "esquadrões da morte". Acusa ainda a RENAMO de querer perturbar a ordem e a tranquilidade no país.
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"Esta não é a primeira vez que a RENAMO [Resistência Nacional Moçambicana] fala de esquadrões da morte, mostra claramente que esta questão é uma linha da própria RENAMO", declarou o porta-voz da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Caifadine Manasse.
A reação surgiu horas depois de acusações feitas pelo porta-voz da RENAMO, José Manteigas, de que o partido no poder reativou alegados esquadrões para perseguir membros do principal partido da oposição, na sequência da contestação aos resultados das eleições gerais de 15 de outubro.
Manasse disse que as acusações à FRELIMO são uma tentativa de manipulação para instalar um clima de perturbação da ordem e tranquilidade pública.
"Nós vamos continuar a dirigir os destinos do povo e não vamos apoiar nem vamos admitir qualquer perturbação que retarde o desenvolvimento do país", defendeu o porta-voz da FRELIMO.
RENAMO: "Ficou claro que esquadrões da morte fazem parte dos órgãos de justiça"
01:52
"Problemas internos sérios" na RENAMO
A RENAMO, prosseguiu, está a passar por um clima de crise e divisão interna, com uma ala dirigida pelo líder do partido, Ossufo Momade, e uma outra chefiada pelo líder da autoproclamada Junta Militar.
"A RENAMO está com problemas internos sérios", frisou Caifadine Manasse.
O porta-voz da FRELIMO acusou a Renamo de estar por detrás dos ataques armados nalguns troços de estrada no centro de Moçambique, assinalando que o partido protagonizou esse tipo de ações no passado como parte da sua estratégia de contestação dos resultados eleitorais.
Na manhã desta terça-feira (12.11), um grupo armado atacou um autocarro no centro de Moçambique, ferindo três pessoas, disseram à Lusa testemunhas e autoridades, na sequência da violência armada que desde agosto já matou 10 pessoas na região.
O mesmo tipo de violência naquela região aconteceu em 2015, em período pós-eleitoral, quando Afonso Dhlakama (antigo líder da Renamo) rejeitou a vitória da FRELIMO, mas negando o envolvimento nos confrontos.
Desta vez, o cenário é ainda mais complexo depois de em junho um número incerto de guerrilheiros da RENAMO chefiados por Mariano Nhongo se terem revoltado contra o líder do partido, Ossufo Momade, ameaçando destabilizar a região.
No entanto, em contactos pontuais com a Lusa e outros órgãos de comunicação social, Nhongo tem negado serem os seus homens os autores destes ataques.
Acordo de Paz histórico em Moçambique
Em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, formalizaram na quinta-feira (01.08) o fim das hostilidades militares no país. O acordo, já considerado histórico, é o terceiro em 25 anos.
Foto: DW/A. Sebastião
Acordo histórico
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, erguem o acordo de paz e fim das hostilidades, que foi assinado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país. O local é conhecido como bastião da RENAMO. O acordo tem como objetivo acabar com os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
Foto: DW/A. Sebastião
Anos de hostilidade
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível", declarou Filipe Nyusi, referindo-se ao acordo assinado com a RENAMO. É o terceiro documento após anos de hostilidades. O primeiro foi assinado em 1992, em Itália - o chamado Acordo Geral de Paz de Roma.
Foto: DW/A. Sebastião
Virar a página
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças", afirmou o líder da RENAMO, Ossufo Momade, ressaltando que "a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos".
Foto: DW/A. Sebastião
Silenciar das armas
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
Foto: DW/A. Sebastião
Abraço da paz
Na cerimónia de assinatura do acordo, o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi mostrou-se otimista em relação aos próximos anos, dizendo que "a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor".
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"Paz vai ser testada nas eleições"
Este novo acordo é um passo muito importante para Moçambique e também para todos os partidos. Daviz Simango, líder do MDM, esteve na cerimónia e alertou: "Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha. Portanto, se o STAE nos proporcionar o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares".
Foto: DW/A. Sebastião
Unidos pelo acordo
Horas depois da assinatura do acordo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na Beira que o Governo e a RENAMO vão unir-se para debelar qualquer tentativa de prejudicar o acordo de cessação definitiva de hostilidades militares.