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"Frente única" da oposição para as autarquias em Angola?

24 de julho de 2018

CASA-CE admite a possibilidade de criação de uma "frente única" para as eleições autárquicas de 2020. UNITA diz que o assunto "ainda não foi discutido no seio do partido". Analista prevê vantagens na coligação.

Angola Wahlen Stimmenauszählung
Foto: Getty Images/AFP/M. Longari

A Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), a segunda maior força política da oposição angolana, estuda a possibilidade de criar uma "frente única" para as eleições autárquicas de 2020. 

Lindo Bernardo Tito, deputado e vice-presidente da CASA-CE, diz que, nos próximos dias, o partido vai consultar potenciais parceiros. "Defendemos durante algum tempo a necessidade de a oposição concertar no âmbito de apresentar ou apoiar candidaturas únicas onde for necessário", afirmou, em entrevista à DW África.

"Desde a legislatura anterior que temos estado a defender essa nossa posição e vamos agora dialogar com outros partidos da oposição para definirmos os termos sobre os quais deve se fazer esta frente comum da oposição, que se estende também a personalidades da sociedade civil que queiram concorrer", acrescentou.

"Frente única" da oposição para as autarquias em Angola?

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A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição em Angola, também já tinha manifestado a intenção de se unir a outras forças para fazer frente ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o partido no poder, nas eleições de agosto do ano passado.

Contactado pela DW África, Alcides Sakala, porta-voz do "Galo Negro", não descarta essa possibilidade, mas adianta que "o assunto ainda não foi discutido pela direção do seu partido".

"Muito se tem falado sobre essa questão ao nível da opinião pública nacional, mas, enquanto partido, esta questão ainda não foi discutida, apreciada e abordada. Esta questão merecerá a seu tempo uma reflexão e a posição que a direção da UNITA vier a tomar será tornada pública", afirmou.

Agostinho Sikatu, politólogo e diretor do Centro de Debates e Estudos Académicos, vê vantagens numa eventual coligação. "Há muitos benefícios [na coligação]. E um dos benefícios é conseguir ganhar espaço e ganhar autarquias em determinadas localidades. Caso contrário, a oposição vai perder as autarquias", sublinha.

Papel da igreja católica

As eleições autárquicas começarão a ser implementadas em 2020, e o pacote legislativo está em consulta pública até ao final deste mês. Entretanto, ainda não há consenso entre a oposição e o partido no poder sobre o gradualismo deste processo autárquico.

Na semana passada, a igreja católica angolana defendeu eleições em todos os municípios do país. Lindo Bernardo Tito, da CASA-CE, congratula-se com a posição da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).

"A igreja católica apareceu no momento oportuno e, como sempre, assertiva. Ela acompanha a vida de Angola e dos angolanos na sua profundeza. A sua decisão resulta das constatações que foram fazendo ao longo destes anos todos", diz.

A UNITA, em comunicado da reunião do seu Comité Permanente, lido pelo porta-voz Alcides Sakala, também saúda a posição da igreja católica, que "oferece sugestões e aponta caminhos que podem orientar os poderes públicos na construção dos consensos necessários para se implementar as autarquias locais em todo país".

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